- Pesquisadores utilizam a tecnologia CRISPR para ativar genes em células facilmente acessíveis, como fibroblastos da pele, oferecendo um método inovador para o diagnóstico rápido e eficaz de doenças genéticas raras.
- A técnica de ativação CRISPR (CRISPRa), baseada em uma plataforma de mRNA de dCas9-VPR, foi aplicada com sucesso para estudar padrões de splicing em genes específicos, como MPZ e SPAST, facilitando análises avançadas como RT-PCR, NGS e sequenciamento de leitura longa.
- O estudo destaca o potencial da ativação CRISPR para simplificar o diagnóstico de distúrbios genéticos raros, reduzindo a incerteza para pacientes e famílias, e promete avanços significativos na medicina genética personalizada e de precisão.
Em um avanço promissor para o diagnóstico de doenças genéticas raras, pesquisadores dinamarqueses implementaram a tecnologia CRISPR para ativar genes em células facilmente acessíveis, como fibroblastos da pele, abrindo novas fronteiras no diagnóstico rápido e eficaz dessas condições. Publicado no The American Journal of Human Genetics, em 24 de janeiro de 2024, o estudo destaca o uso da ativação CRISPR (CRISPRa) através de uma plataforma inovadora baseada em mRNA de dCas9-VPR, permitindo a expressão induzida de genes específicos em indivíduos com suspeitas de distúrbios monogênicos.
Este método de vanguarda foi aplicado com sucesso na caracterização de padrões de splicing associados a variantes germinativas nos genes MPZ e SPAST, que são expressos de maneira restrita nas células de Schwann dos nervos periféricos e no sistema nervoso central, respectivamente. Através de uma incubação de uma noite, a CRISPRa possibilitou um aumento substancial na transcrição desses genes em fibroblastos da pele, o que, por sua vez, facilitou a análise de variantes de splicing empregando técnicas avançadas como reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR), sequenciamento de próxima geração (NGS) e sequenciamento de leitura longa.
Este procedimento demonstrou ser não apenas viável mas também facilmente implementável em laboratórios diagnósticos, utilizando equipamentos e reagentes amplamente disponíveis. Essa abordagem ex vivo para o ensaio de splicing representa um salto significativo na precisão diagnóstica para doenças genéticas, especialmente aquelas cujos genes relevantes não são expressos em tecidos comumente acessíveis.
Além de fornecer uma prova de princípio para uma ferramenta diagnóstica genética inovadora, o estudo sublinha a importância da ativação CRISPR para superar as limitações anteriores na análise funcional de variantes genéticas. Com a capacidade de ativar a expressão gênica em um ambiente natural sem a necessidade de modificações genéticas em modelos celulares, esta técnica abre caminho para um diagnóstico mais rápido, preciso e acessível de doenças genéticas raras.
A pesquisa também traz informações sobre a complexidade de diagnosticar distúrbios genéticos raros, marcados por uma vasta gama de variantes genéticas que frequentemente são únicas para o paciente. A ativação CRISPR em células acessíveis promete simplificar significativamente o processo diagnóstico, reduzindo a incerteza para pacientes e famílias e facilitando o início do tratamento apropriado em um estágio mais precoce.
Este desenvolvimento notável na genética médica não só promete avanços no diagnóstico e compreensão de doenças genéticas raras mas também na personalização e eficácia dos tratamentos futuros. A técnica de ativação CRISPR está definindo novos padrões para o futuro da medicina diagnóstica e terapêutica, reforçando o potencial da genética personalizada e da medicina de precisão.
Referência:
- Aarhus University. "Study could pave the way for better diagnosis of rare genetic diseases." ScienceDaily. ScienceDaily, 25 January 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/01/240125150038.htm>.
- Thorkild Terkelsen, Nanna Steengaard Mikkelsen, Ebbe Norskov Bak, Johan Vad-Nielsen, Jenny Blechingberg, Simone Weiss, Simon Opstrup Drue, Henning Andersen, Brage Storstein Andresen, Rasmus O. Bak, Uffe Birk Jensen. CRISPR activation to characterize splice-altering variants in easily accessible cells. The American Journal of Human Genetics, 2024; DOI: 10.1016/j.ajhg.2023.12.024