A evolução das tecnologias de monitoramento e tratamento da diabetes tem sido um campo de crescente interesse e desenvolvimento, trazendo novas perspectivas e esperanças para pacientes e profissionais de saúde. Uma pesquisa publicada na JAMA Network Open, em 06 de março de 2024 intitulada Use of Diabetes Technologies and Retinopathy in Adults With Type 1 Diabetes, traz informações sobre os impactos do uso de Monitores Contínuos de Glicose (CGMs) e bombas de insulina na prevenção e progressão da retinopatia diabética (RD) em adultos com diabetes tipo 1.
A retinopatia diabética, uma complicação debilitante da diabetes, lidera as causas de cegueira irreversível na população em idade produtiva ao redor do mundo. Sabe-se que fatores como níveis elevados de hemoglobina A1c (HbA1c) e uma longa duração da diabetes aumentam significativamente o risco de desenvolvimento e progressão da RD tanto em pacientes com diabetes tipo 1 quanto em pacientes com diabetes tipo 2. Contudo, pacientes com o tipo 1 apresentam um risco particularmente elevado de complicações relacionadas à RD, devido ao início precoce da doença e à variabilidade glicêmica inerente à este tipo de diabetes.
A pesquisa analisou se o uso de CGM, bomba de insulina, ou uma combinação de ambos, está associado a um menor risco de RD, incluindo sua forma grave, a retinopatia diabética proliferativa, em pacientes com diabetes tipo 1 . Os resultados revelaram que o uso de CGM está associado a menores chances de desenvolvimento de RD e diabética proliferativa, mesmo após o ajuste para níveis de HbA1c. Este é um dos primeiros e maiores relatos que destacam que o uso de CGM está associado a menores chances de RD em adultos com diabetes tipo 1. Essa observação é particularmente importante, reforçando a recomendação da Associação Americana de Diabetes de que o uso de CGM deve ser considerado padrão de cuidado para o monitoramento da glicose em indivíduos com diabetes tipo 1.
O estudo também explorou a associação entre a duração da diabetes, níveis de HbA1c e o desenvolvimento de RD e retinopatia diabética proliferativa, confirmando que uma maior duração da doença e níveis mais altos de HbA1c estão associados a um risco aumentado dessas complicações. Curiosamente, o uso isolado de bomba de insulina não mostrou associação com RD, contrapondo estudos anteriores que indicavam uma redução no risco de RD em populações pediátricas e grávidas que utilizavam a bomba de insulina.
Este estudo ressalta a importância de tecnologias de diabetes, especialmente o CGM, na gestão do diabetes tipo 1 para mitigar o desenvolvimento e progressão da RD e perda de visão relacionada à diabetes. A pesquisa sugere a necessidade de futuros estudos longitudinais para elucidar melhor a associação temporal entre o uso precoce de tecnologias de diabetes e a progressão da RD, além de investigar parâmetros específicos do CGM, como tempo na faixa e variabilidade glicêmica, e seu impacto nas complicações da diabetes.
Publicações como esta são cruciais para o avanço do conhecimento médico e para orientar a prática clínica no tratamento de condições crônicas complexas como a diabetes. A adoção de tecnologias inovadoras na gestão da diabetes promete não apenas melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também reduzir o ônus das complicações relacionadas à doença, um objetivo fundamental para pacientes, médicos e pesquisadores na área da saúde.
Para acesso ao estudo na íntegra, disponibilizamos aqui o link de acesso.
Referência:
Liu TYA, Shpigel J, Khan F, et al. Use of Diabetes Technologies and Retinopathy in Adults With Type 1 Diabetes. JAMA Netw Open. 2024;7(3):e240728. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.0728