Telemedicina, também chamada de telessaúde ou saúde virtual, é um conceito antigo (uso clínico inicial datado em 1960 nos Estados Unidos) e que hoje faz parte do vocabulário de todos os profissionais envolvidos em saúde. A sua aplicação tem apresentado um crescimento global importante nos últimos anos. No Brasil, a telemedicina está sendo rapidamente introduzida desde o início da pandemia por COVID-19 e por meio da lei nº 13.989, de 15 de abril de 2020.
No entanto como qualquer novo serviço pode ocorrer confusão em torno de (1) o que é telemedicina (2) quem é a população beneficiada, (3) quais são as reais vantagens e (4) como os prestadores de serviços podem se beneficiar.
A telemedicina engloba a consulta de diagnóstico, tratamento e monitoramento remoto de pacientes utilizando tecnologia de telecomunicações. A telemedicina é uma forma de atendimento que não requer presença física e pode ser realizada por meio das mais diversas plataformas virtuais (desde que respeitando os preceitos éticos, e de responsabilidade e segurança digital em saúde). O monitoramento remoto do paciente é uma ferramenta chave da telessaúde, em que os médicos monitoram pacientes saudáveis ou com condições crônicas por meio de testes remotos ou consultas virtuais.
A trajetória típica de uma consulta por telemedicina envolve: demanda clínica; suporte de agendamento; serviços de áudio ou videoconferência; consulta médica (anamnese e exames físicos guiados - telepropedêutica); plano de cuidados; prescrição digital; e plano de monitoramento. Essa jornada permite que pacientes e médicos se comuniquem, mesmo estando em locais diferentes, eficientemente e com alta qualidade.
O uso da telemedicina é benéfico tanto para os gestores, como convênios, empresas, médicos e demais profissionais de saúde, quanto para os pacientes. De acordo com uma pesquisa da HIMSS Analytics de 2017, 71% dos provedores de saúde da América do Norte usam telemedicina para se comunicar com seus pacientes. No Canadá:
- 7 de 10 Canadenses dizem se beneficiar de visitas médicas virtuais
- 7 de 10 Canadenses acreditam que a incorporação da tecnologia ajudará na prevenção e no tratamento de doenças
- 6 de 10 acreditam que inteligência artificial e telemedicina têm o potencial de revolucionar a saúde, especialmente na prevenção de doenças
- A maior parte dos Canadenses vê a telemedicina como uma ferramenta para acesso à saúde mais ágil, conveniente e de alta qualidade
Somado a isso, a telemedicina pode impactar em melhor e mais acesso à saúde em áreas rurais e/ou remotas, além de promover um acesso mais personalizado.
Mas se você ainda não está convencido do porquê devemos usar a telemedicina, aqui descrevo mais alguns motivos:
- Promover maior comprometimento com cuidados à saúde
- Promover um melhor manejo de doença crônicas
- Diminuir tempo de viagem e espera em consultórios médicos e prontos-socorros.
- Melhorar a experiência do paciente (conhecimento e satisfação) e do médico (acesso e desfechos)
- Reduzir custos com exames e hospitalizações
- Reduzir o número de visitas aos prontos-socorros
Para os provedores de saúde, a telemedicina aumenta seu campo de atuação, promove melhor acesso aos diversos especialistas, diminui custos e promove tratamentos multidisciplinares e eficientes. Além disso, a telemedicina promove uma experiência para o usuário mais rápida e conveniente. No Canadá, o uso da telemedicina associado a inovação e pesquisa revela que 86% das organizações de saúde já adotaram métodos de inteligência artificial para diminuir custos e escalar acesso a saúde (comunicação pessoal). A seguir listo algumas oportunidades no mundo da telessaúde:
- Chatbot ativado por inteligência artificial
- Algoritmos de inteligência artificial na tomada de decisão baseada em evidência
- Inteligência artificial para reconhecimento de padrões e reconhecimento personalizado de paciente (padrão facial)
- Aprendizado profundo (deep learning) para análise de padrões e facilitação de recomendações personalizadas
Apesar de hoje termos uma tecnologia pronta e que possibilita a transição das consultas convencionais para consultas virtuais, ainda temos diversos desafios a serem enfrentados no futuro próximo e esses podem ser resumidos em:
- Restruturação do modelo de pagamento
- Estabelecimento de regras e fundamentos
- Credenciamento de hospitais e convênios
- Disseminação da segurança e efetividade do método
Finalmente, a telemedicina é uma ferramenta que proporciona acesso e humanização na saúde. Conhecer como usar e beneficiar-se dessa forma de consulta médica é essencial. Neste contexto, a educação médica é peça chave para o futuro da telemedicina no Brasil e é por isso que estamos aqui.