Um bate-papo sobre Game of Thrones e sobre as noticias mais recentes do Covid-19 como: Londres consegue zerar mortes por COVID-19, comunicado da ANS sobre suspensão de procedimentos eletivos, predisposição genética a casos graves de COVID-19, cura de um linfoma após infecção por COVID-19. Também debatemos sobre Real Word Evidence, vieses dos estudos epidemiológicos, tratamento com imunobiológicos e integração de mulheres trans nas competições de elite.
O Troca de Plantão acontece de Segunda a Sexta às 06h30 da manhã no Clubhouse e é transformado em Podcast para você que não pode participar conosco ao vivo. Dê o play aqui e curta conosco.
Comandado por Fernando Carbonieri, médico e fundador da Academia Médica, o Troca de Plantão nº24 contou com os colegas Filipe Prohaska, Marilea Assis, Ana Panigassi, Ana Carolina, Jamil Cade, Ana Paula Simões, Thiago Rodrigues, Newton Nunes, entre outros que também compartilharam conhecimento com a comunidade. Com audiência crescente, o Troca de Plantão da Academia Médica traz as principais publicações científicas do cenário mundial, discutidas por profissionais de ponta.
Nossos heróis aqui do Troca de Plantão trouxeram as suas fofocas e a gente traz a sedimentação teórica para elas. Confira abaixo as referências que embasaram a discussão de hoje!
Websérie “O Paciente Crítico: Conhecimentos e Competências que Salvam Vidas - 29 à 31 de março
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No primeiro episódio, que ocorreu ontem, Fernando e Roberta Fittipaldi falaram sobre as principais técnicas e indicações da Intubação Orotraqueal. No segundo episódio, vamos entender a Gasometria de uma forma simples e prática; você irá descobrir que essa análise não é tão assustadora quanto parece! Vamos decifrar e descomplicar esse exame tão importante para você, profissional intensivista. No terceiro e último episódio, você vai conhecer os 7 erros da Ventilação Mecânica e o que fazer para evitá-los.
Game of Thrones: George R.R. Martin assina contrato de cinco anos com a HBO
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O escritor de livros de fantasia George R.R. Martin assinou um contrato de cinco anos com a HBO, anunciou o estúdio nesta segunda-feira (29), aumentando as esperanças entre os fãs de "Game of Thrones" por novas aventuras ambientadas entre os dragões e famílias guerreiras de Westeros.
Londres consegue zerar as mortes por Covid-19
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Com o lockdown desde o início do ano e avanço da vacinação no Reino Unido, Londres teve, pela segunda vez neste ano, um dia em que nenhuma morte foi registrada. Isso aconteceu neste domingo, 28 de março, segundo as informações da agência de saúde pública do governo britânico, Public Health England (PHE). Os dados levam em conta pacientes que morreram até 28 dias após teste positivo de coronavírus.
Brasil registra quase 2 mil mortes por Covid-19 em 24 horas
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O Brasil registrou 1.969 mortes por Covid nas últimas 24 horas e totalizou nesta segunda (29) 314.268 óbitos. Com isso, a média móvel de mortes no país nos últimos 7 dias chegou a 2.655, um novo recorde desde o início da pandemia pelo 4º dia consecutivo. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +34%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.
É o que mostra novo levantamento do consórcio de veículos de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h de segunda. Já são 68 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de mil; pelo vigésimo segundo dia a marca aparece acima de 1,5 mil; e o país completa agora 13 dias com essa média acima dos 2 mil mortos por dia. É o terceiro dia com a média acima da marca de 2,5 mil.
Comunicado da ANS sobre suspensão de procedimentos eletivos
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Reguladora reitera que suspensão realizada de forma indiscriminada será passível de medidas administrativas. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reitera que a suspensão de cirurgias e procedimentos eletivos deve ser criteriosamente analisada pelo médico assistente e conversada com o paciente.
A ANS ressalta que a suspensão de procedimentos eletivos realizada de forma indiscriminada pelas operadoras de planos de saúde caracteriza anormalidade administrativa grave de natureza assistencial, por se tratar de prática associada à desassistência, de modo coletivo, recorrente e não pontual, em desacordo com a regulamentação vigente, que gera risco à qualidade e à continuidade do atendimento à saúde dos beneficiários, dificuldade ou impedimento de acesso ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde (art. 2º, RN 417/2016).
Dessa forma, se constatados indícios de risco assistencial aos beneficiários, as operadoras estarão sujeitas à aplicação das medidas administrativas previstas no artigo 2º da Instrução Normativa DIPRO nº 49/2016, de acordo com a gravidade do risco assistencial:
I – visita técnico-assistencial para identificação de anormalidades assistenciais;
II – suspensão da comercialização de parte ou de todos os produtos da operadora;
III – oferecimento de Plano de Recuperação Assistencial, definido em resolução específica; ou
IV – medidas previstas no art. 24 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1999.
Números da Covid-19 nos EUA param de cair; governo atribui a reabertura precoce e pede atenção a 4ª onda
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O número de novos casos de Covid-19 nos Estados Unidos parou de cair e passou a apresentar leve aumento, de 10%, em relação à semana passada. Por isso, autoridades americanas alertaram nesta segunda-feira (29) sobre o risco de uma quarta onda. Em algumas partes do país a média móvel de registros do coronavírus apresenta tendência de aumento ainda mais relevante. No estado Nova York, por exemplo, os novos casos diários estavam na casa dos 9 mil nesta segunda, contra menos de 7 mil há duas semanas.
Efeito do tempo de intubação nos resultados clínicos de pacientes criticamente enfermos com COVID-19: uma revisão sistemática e meta-análise de estudos de coorte não randomizados
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Embora várias diretrizes internacionais recomendem a intubação precoce sobre a tardia de pacientes com doença coronavírus grave 2019 (COVID-19), essa questão ainda é controversa. O objetivo foi investigar o efeito (se houver) do momento da intubação sobre os resultados clínicos de pacientes gravemente enfermos com COVID-19, realizando uma revisão sistemática e meta-análise.
A evidência sintetizada sugere que o momento da intubação pode não ter efeito na mortalidade e morbidade de pacientes criticamente enfermos com COVID-19. Esses resultados podem justificar uma abordagem de esperar para ver, o que pode levar a menos intubações. Portanto, as diretrizes relevantes podem precisar ser atualizadas.
Estudo revela predisposição genética a casos graves de Covid-19
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Uma equipe liderada por pesquisadores da Faculdade de Biologia e Biotecnologia da Higher School of Economics University, na Rússia, desenvolveu o primeiro estudo que revelou que casos graves de Covid-19 podem estar relacionados a uma herança genética na identificação do Sars-CoV-2 nas células.
Publicada no periódico Frontiers in Immunology, a pesquisa mostrou que a predisposição genética está associada ao sistema de imunidade das células T, um dos principais mecanismos de defesa do corpo contra o vírus. A apresentação do elemento estranho nas células (antígeno) é importante para a ativação dos linfócitos T, responsáveis por matar as células infectadas pelo vírus.
O estranho caso da cura de um linfoma após infecção por Covid-19
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O seguinte caso clínico acaba de ser publicado no British Journal of Haemathology: um homem de 61 anos com inflamação nos gânglios e perda de peso estava recebendo hemodiálise para insuficiência renal em estágio terminal após um transplante de rim malsucedido.
Ele foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin clássico em estágio III (o linfoma afeta áreas de glânglios localizadas em ambos os lados do diafragma ou por cima do diafragma e no baço). Logo após o diagnóstico, ele foi internado com falta de ar e diagnosticado com pneumonia por SARS-CoV-2, confirmado com exame PCR positivo. Após 11 dias, ele foi liberado para convalescer em casa. Corticosteroides e imunoquimioterapia não foram administrados.
Quatro meses depois, o inchaço dos nódulos havia diminuído e um PET scan revelou uma remissão generalizada do linfoma. Segundo os autores, a hipótese é que a infecção pelo SARS-CoV-2 desencadeou uma resposta imune antitumoral: as citocinas inflamatórias produzidas em resposta à infecção poderiam ter ativado células T específicas com antígenos tumorais e células naturalmente assassinas contra o tumor. O SARS-CoV-2 curou seu linfoma.
Real World Evidence como ferramenta de transformação em saúde
O real world evidence, conhecido como “evidência do mundo real”, é um termo usado para descrever descobertas de pesquisas com dados coletados fora dos ensaios clínicos padrões. Esta abordagem é desenvolvida a partir de dados que remetem à utilização por populações mais heterogêneas e amplas, como por exemplo, dados obtidos de registros de saúde eletrônicos, de pacientes ou de declarações de seguros de saúde. Dessa forma, o RWE promete avanços na medicina e a personalização de cuidados aos pacientes ao utilizar rápidas e novas fontes de dados disponíveis.
A conclusão da maioria dos especialistas envolvidos no estudo é que o RWE desempenha um papel cada vez mais importante para o desenvolvimento de novas práticas de saúde. Como exemplo disso, temos a rápida formação de comunidades on-line de pacientes com informações pessoais de saúde e dados clínicos que podem acelerar pesquisas, e que estão gerando resultados significativos com a possibilidade de se traduzirem em melhores atendimentos aos pacientes, com mais rapidez do que no passado.
Essa técnica pode ainda apontar o caminho para o estabelecimento do melhor e maior uso de novos produtos, além de intervenções de cuidados em saúde. Mesmo assim, vale ressaltar que durante a pesquisa, nenhum especialista garantiu que o uso do RWE pode substituir o papel dos ensaios clínicos randomizados em investigações biomédicas e afins.
Estudo do "mundo real" do CDC mostra que as vacinas Pfizer e Moderna foram 90% eficazes
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Um novo estudo sugere que as vacinas de RNA mensageiro produzidas pela Moderna e a parceria Pfizer-BioNTech pareceram ser 90% eficazes na prevenção da infecção por Covid-19 em um ambiente real. O estudo foi divulgado na segunda-feira no Morbidity and Mortality Weekly Report, um jornal online publicado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
O estudo acompanhou cerca de 4.000 profissionais de saúde, socorristas e outros profissionais essenciais em oito locais dos EUA quando as primeiras vacinas contra a Covid-19 foram lançadas a partir de dezembro. Os participantes foram testados semanalmente para procurar todos os casos de infecção por Covid-19, mesmo os assintomáticos.
Vieses em Estudos Epidemiológicos
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As investigações epidemiológicas têm como objetivo fornecer medidas precisas da ocorrência de desfechos, porém, há muitas possibilidades de erro nessas medidas. Os epidemiologistas têm tentado minimizar esses erros e estimar o impacto daqueles que não podem ser eliminados. Os erros podem ser aleatórios ou sistemáticos. O erro aleatório pode ser caracterizado pela variação na medida de efeito, devido ao erro de amostragem. O erro aleatório reflete a precisão do estudo. Por outro lado, o erro sistemático expressa a diferença entre a medida real de efeito e aquela obtida no estudo. Pode ser devido à existência de vieses e de fatores de confusão. Os dois grandes tipos de vieses incluem o viés de seleção e o viés de informação. O erro aleatório nunca pode ser completamente eliminado porque quase sempre o estudo é conduzido em uma pequena amostra da população. O erro de amostragem decorre, geralmente, da falta de representatividade da amostra, que não contempla toda a variabilidade da população.
Vieses de seleção
Existem diversos tipos de vieses de seleção. Dentre eles, pode-se citar: o viés de amostragem, o viés de não-respondentes e o viés de perdas de acompanhamento. Neste sentido, o viés de amostragem ocorre quando certos indivíduos têm mais chance de serem selecionados em uma amostra aparentemente equiprobabilística. Por exemplo, em um estudo transversal sobre a prevalência da desnutrição em áreas rurais, os entrevistadores evitam as moradias isoladas e examinam somente crianças que moram próximo às estradas principais. O viés de não-respondentes pode ser encontrado em estudos transversais, onde os indivíduos não localizados apresentam, tipicamente, maiores prevalências da maioria de doenças do que os que são entrevistados. Em estudos de casos e controles, poderá haver viés se a taxa de não resposta for diferente entre casos e controles, e se a não-resposta estiver associada com a exposição. O viés de perdas de acompanhamento pode ocorrer em estudos de coorte ou de intervenção. Por exemplo, os indivíduos que deixam de ser acompanhados podem diferir daqueles que são efetivamente estudados. Isto pode distorcer as medidas de incidência e de efeito, caso as perdas estiverem associadas com a exposição.
Viés de informação
O viés de informação pode ocorrer quando a informação obtida sobre a exposição ou a doença pode distorcer os resultados do estudo. Alguns tipos específicos de vieses de informação são: viés de memória, viés do entrevistador e viés do instrumento. Em estudos transversais ou de caso-controle, pessoas afetadas por uma doença ou problema podem recordar melhor das exposições no passado do que pessoas não afetadas, sendo este caracterizado como um viés de memória. Por exemplo, pacientes com câncer de estômago podem se lembrar melhor de certas características da dieta no passado do que indivíduos sadios. No caso do viés do entrevistador, este poderá coletar as informações diferentemente para doentes e sadios, ou para expostos e não expostos. Um retrato disso pode ser que o entrevistador saiba que assistir televisão poderá aumentar o consumo de alimentos gordurosos e isso poderá ocasionar aumento da obesidade. Ao encontrar uma criança obesa, se esta não relata assistir televisão, o entrevistador insiste, tentando obter uma resposta positiva. Por último, o viés de instrumento pode ser caracterizado por um instrumento de medida que fornece resultados inadequados para um subgrupo de pacientes. Medir a pressão arterial com um aparelho comum em pessoas obesas leva a uma superestimava dos níveis pressóricos.
Fator de confusão
Um fator de confusão distorce uma associação real entre uma exposição e um desfecho. Em outras palavras, o efeito real de uma exposição sobre um desfecho pode estar aumentado ou diminuído devido à ação de outras variáveis (as chamadas confundidoras). Por exemplo, um estudo transversal mostrou que a presença de forno de micro-ondas no domicílio estava associada com maiores prevalências de obesidade infantil. Porém, famílias com alta renda têm maior probabilidade de possuir forno de micro-ondas, além de possuírem maior frequência de crianças obesas. De forma que a alta renda familiar não fazia parte da cadeia causal que ligaria forno de micro-ondas à obesidade. Portanto, a alta renda familiar pode confundir a associação entre forno de micro-ondas e obesidade infantil.
Métodos de controle
Vários métodos estão disponíveis para controlar os fatores de confusão. Esses métodos podem ser utilizados tanto no delineamento do estudo quanto na análise dos resultados. O método mais comumente empregado para controlar os fatores de confusão no delineamento de um estudo é a randomização. Durante a análise dos resultados, os fatores de confusão podem ser controlados pela estratificação e modelagem estatística. A randomização, aplicável somente nos estudos experimentais, é o método ideal para assegurar que potenciais variáveis de confusão sejam igualmente distribuídos entre os grupos que estão sendo comparados. O tamanho da amostra tem de ser suficientemente grande para evitar a distribuição randômica inadequada dessas variáveis. A randomização evita que ocorra associação entre os potenciais variáveis de confusão e as exposições que estão sendo consideradas.
A epidemiologia clínica não é um jogo de encontrar erros. Tendo isso em mente, não é suficiente reconhecer que um viés poderia estar presente em um estudo. É preciso prosseguir, para determinar se o viés está, de fato, presente ou não em um estudo específico. Além disso, é preciso decidir se as consequências do viés são suficientemente grandes para alterar as conclusões de forma clinicamente e, consequentemente a sua validade, tema este que será tratado na dica do próximo mês.
Tratamento com imunobiológicos
O tratamento com imunobiológicos é uma maneira muito eficiente e altamente avançada para tratar as doenças autoimunes. Isso se dá porque os medicamentos imunobiológicos são capazes de melhorar as manifestações crônicas das doenças em que o sistema imunológico encontra-se desorientado. De acordo com um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças autoimunes atingem cerca de 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos em todo o mundo. Só no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas apresentam algum tipo de manifestação autoimune, sendo que 80% têm origem genética, conforme dados do Ministério da Saúde.
Para a Federação Médica Brasileira (FMB), as doenças autoimunes afetam entre 5% e 7% da população, sendo mais de 80 tipos e tendo as doenças reumatológicas como o maior grupo. Ainda segundo os dados da FMB, depois das doenças cardíacas e do câncer, as doenças autoimunes correspondem a terceira principal causa de mortalidade e morbidade. No entanto, muitas doenças autoimunes são diagnosticadas tardiamente, o que pode comprometer o tratamento. De maneira significativa, a progressão natural dessas doenças pode ser alterada substancialmente.
O tratamento com imunobiológicos é um verdadeiro avanço nos cuidados das doenças autoimunes. Desenvolvidos a partir da biologia molecular, os imunobiológicos são capazes de atuar nos sítios específicos das vias imunológicas e inflamatórias de diversas doenças, principalmente as de caráter autoimune. Assim, esses medicamentos podem substituir as altas doses de corticoides presentes em algumas terapias para doenças imunobiológicas, o que melhora consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes.
Integração de mulheres trans e atletas femininas com diferenças de desenvolvimento sexual (DSD) na competição de elite: a declaração de consenso FIMS 2021
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Em última análise, mesmo as políticas mais baseadas em evidências não eliminarão as diferenças no desempenho esportivo entre os atletas da categoria de elite dos esportes femininos. No entanto, qualquer vantagem detida por uma pessoa pertencente a um atleta desta categoria pode ser considerada parte da individualidade única do atleta. Seja qual for a solução, há uma necessidade urgente de um programa de pesquisa internacional multidisciplinar bem coordenado, apoiado por verbas de pesquisa adequadas e participação de atletas, para gerar evidências para informar futuras decisões políticas objetivas.
Tais decisões devem ser baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis das melhores práticas científicas disponíveis e as decisões tomadas também exigirão uma firme resolução política para integrar de forma justa as mulheres trans e as atletas DDS no esporte feminino de elite. Embora as concentrações de testosterona sérica constituam um indicador da produção e disponibilidade de andrógenos, ainda falta um índice biológico confiável de ação do andrógeno. Novos desenvolvimentos promissores na ciência do esporte e do exercício destinam-se a contribuir para a inclusão justa de mulheres e mulheres trans do DDS.
Uma abordagem de pesquisa internacional multidisciplinar bem coordenada deve incluir estudos bem planejados e controlados sobre o efeito da testosterona no treinamento e no desempenho esportivo. Fornecer evidências científicas para usar um sistema de biologia multimídia de forma adequada e ética (ou seja, genômica, transcriptômica, metabolômica e proteômica) para gerar os dados necessários e biomarcadores a jusante serão necessários para abordar todas as questões em aberto. Deve haver um roteiro transparente para a comunidade científica se concentrar no melhor resultado possível dessas novas pesquisas. Os autores, portanto, propõem as seguintes declarações de consenso FIMS e roteiro para facilitar a integração de mulheres DDS e atletas trans no esporte feminino de elite:
A inclusão de uma terceira categoria no esporte de elite não é plausível atualmente, uma vez que o número de mulheres DDS de elite e atletas transmulheres é relativamente pequeno.
A prevalência de atletas transmulheres em competições de elite provavelmente aumentará no futuro, devido à maior visibilidade de indivíduos transgêneros na sociedade, o que, por sua vez, pode levar mais pessoas a considerarem a expressão de sua identidade de gênero escolhida. A pesquisa sobre o desempenho esportivo de mulheres trans é altamente relevante para os principais cientistas, médicos renomados, órgãos dirigentes do esporte e a Agência Mundial Antidopagem e já é uma prioridade para o COI.
As mulheres trans têm o direito de competir em esportes. No entanto, as mulheres cisgênero têm o direito de competir em uma categoria protegida.
Qualquer política de inclusão ou exclusão de mulheres e / ou atletas trans mulheres DSD deve estar livre de qualquer preconceito, preconceito ou discriminação social e / ou religioso e deve ser baseada exclusivamente na governança de uma competição justa.
Como cada esporte pode variar muito em termos de demandas fisiológicas, apoiamos a visão defendida também por outros, afirmando que os órgãos reguladores de cada esporte devem desenvolver suas próprias políticas individuais com base em diretrizes mais amplas desenvolvidas nas melhores evidências científicas disponíveis, determinadas experimentalmente a partir de uma variedade de fontes com uma preferência particular para estudos sobre mulheres trans e atletas DDS.
Com dados mostrando reduções na hemoglobina após a supressão da testosterona, a obtenção de dados sobre o desempenho cardiovascular de mulheres com DDS e atletas trans, como o consumo máximo de oxigênio, deve ser uma prioridade para os pesquisadores devido à importância do sistema cardiovascular em vários contextos de desempenho esportivo .
O uso de concentrações séricas de testosterona como biomarcador primário para regular a inclusão de atletas nas categorias masculina e feminina é atualmente a solução mais justificada, pois é suportado pela literatura científica disponível e deve ser implementado no nível de elite, onde há uma ênfase no aprimoramento do desempenho.
Mulheres DDS ou atletas trans devem ser totalmente informadas pela equipe médica sobre os riscos e consequências do tratamento de supressão de testosterona e nunca devem ser coagidas ou forçadas a supressão de testosterona. Os atletas devem estar livres para tomar a decisão que for melhor para eles.
Nenhum órgão que rege o esporte deve fornecer recomendações sobre o tratamento; isso deve ser feito por pessoal médico.
Se mulheres com DDS e atletas trans escolherem não suprimir a testosterona, como é seu direito, elas não podem competir na categoria feminina restrita com altas concentrações de testosterona acima do limite da política. Em vez disso, eles deveriam ter a chance de competir na categoria masculina.
Um limite de concentração de testosterona de 5 nmol / L em mulheres DDS e atletas transexuais deve ser usado como uma recomendação global para os órgãos reguladores do esporte no momento e pode ser modificado conforme surgem novas evidências para um evento ou concentrações específicas do esporte.
A declaração sobre o limite de concentração de testosterona para mulheres trans e atletas DDS foi o único ponto de discórdia para o Painel FIMS. Todos os 70 autores votaram, dos quais 87% eram a favor do limite de 5 nmol / L, 2% dos autores eram a favor de um limite de 8 nmol / L, 2% eram a favor de um limite em torno da concentração superior de testosterona de mulheres saudáveis normais de 0,2-1,7 nmol / L, e 8% dos autores eram a favor de nenhuma mudança no limite até que novas evidências fossem adquiridas. Este consenso grande, mas não unânime da maioria, destaca a área que mais precisa de pesquisa, ou seja, a biodisponibilidade alterada da testosterona e os índices de desempenho em mulheres com DDS e atletas trans.
Novos caminhos inovadores devem ser explorados para orientar políticas aprimoradas e atualizadas, por exemplo, quantificar a testosterona bioativa e a sensibilidade individual à testosterona, o papel dos cromossomos sexuais no desempenho atlético, o papel dos receptores de androgênio e a extensão para qual memória muscular é retida após a alta exposição à testosterona. Além disso, é necessária a identificação de outros biomarcadores (por exemplo, metabolômica, proteômica) que podem diferenciar melhor a sensibilidade individual à testosterona. A cromatografia líquida-espectrometria de massa é bem aceita como a técnica preferida para a análise da testosterona.
Os melhores métodos científicos disponíveis, tais como estudos bem planejados e controlados, devem ser utilizados para adquirir novas evidências científicas sobre medidas de desempenho esportivo para derivar políticas sobre a participação esportiva de mulheres e / ou transmulheres. Isso deve ser feito em uma base esporte a esporte quando surgirem as evidências, ao invés da abordagem universal aos regulamentos esportivos no momento devido à falta de dados esportivos individuais.
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