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Lições dos Primeiros Casos De Transplantes de Órgãos Suínos em Humanos

 Lições dos Primeiros Casos De Transplantes de Órgãos Suínos em Humanos
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mai. 17 - 4 min de leitura
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A xenotransplantação, a prática de transplantar órgãos de uma espécie para outra, tem atraído a atenção da comunidade médica como uma possível solução para a escassez de órgãos humanos disponíveis para transplantes. Apesar dos avanços promissores, os resultados iniciais revelam tanto esperança quanto desafios significativos, particularmente em relação à sobrevivência dos pacientes e à rejeição de órgãos. É o que discute um artigo da Nature de 17 de maio de 2024. 

Recentemente, o mundo médico observou a perda do primeiro receptor vivo de um rim de porco, cuja morte ocorreu menos de dois meses após o transplante, um resultado mais rápido do que o esperado pelos médicos. Esse e outros dois casos envolvendo transplantes de coração de porco demonstraram tempos de sobrevivência curtos, semelhantes aos observados nos primeiros receptores de corações de porco, que também faleceram cerca de dois meses após os procedimentos. Esses resultados desafiaram as expectativas baseadas em estudos anteriores com primatas, onde os animais sobreviveram por mais de um ano após receberem rins de porco.

Principais Descobertas e Aprendizados

1. Complicações Imunológicas e Infecciosas: Os casos estudados revelaram desafios significativos com respostas imunes e infecções. No caso de David Bennett, o primeiro receptor de um coração de porco, uma terapia imunológica composta por anticorpos polivalentes, administrada para tratar uma infecção, acabou reagindo ao órgão transplantado, exacerbando sua condição. Além disso, um patógeno chamado porcine cytomegalovirus, que estava latente no coração transplantado, foi ativado e prejudicou o órgão. Esses incidentes destacam a necessidade de desenvolver testes mais sensíveis para detectar potenciais patógenos em órgãos transplantados.

2. Modificações Genéticas e Prevenção de Rejeição: A questão das modificações genéticas nos porcos doadores é central para o sucesso dos transplantes. Empresas como a eGenesis e a Revivicor estão na vanguarda dessa pesquisa, com a primeira alcançando um recorde de 69 modificações genéticas para minimizar a rejeição e reduzir riscos de infecção. Essas modificações são fundamentais para a compatibilidade entre as espécies e a segurança dos receptores humanos.

3. Novas Abordagens Imunológicas: Uma abordagem experimental recente envolveu o uso do timo, o órgão relacionado à imunidade, do porco doador. O objetivo é ensinar o sistema imunológico do receptor humano a reconhecer e aceitar o órgão transplantado como próprio. Esse método foi aplicado no quarto e mais recente transplante xenogênico, demonstrando uma inovação promissora no manejo da rejeição imunológica.

Perspectivas Futuras

Os pesquisadores estão cautelosamente otimistas de que a xenotransplantação pode eventualmente se tornar uma prática viável, dada a continuidade dos avanços técnicos e uma melhor compreensão dos mecanismos de rejeição.

A análise detalhada das amostras de tecido dos receptores, incluindo estudos recentes, como o atual publicado em Nature Medicine, fornece importantes insights. Neste estudo, Montgomery e seus colegas examinaram amostras de tecido de dois indivíduos que foram declarados legalmente mortos antes de receberem um coração de porco. Eles descobriram que, no nível celular, a rejeição de órgãos xenotransplantados é "muito diferente" da rejeição observada em transplantes de órgãos humanos.

Esses achados são fundamentais para que os pesquisadores possam antecipar a rejeição e desenvolver regimes de imunossupressão personalizados para futuras cirurgias.Embora o caminho à frente seja complexo e cheio de desafios técnicos e éticos, o progresso contínuo e os aprendizados dos casos recentes trazem uma nova luz sobre as possibilidades futuras de aliviar a crise de escassez de órgãos através da xenotransplantação. 



Referência:

Kozlov, M. (2024, May 17). Pig-organ transplants: what three human recipients have taught scientists. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-024-01453-2#ref-CR3


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