A trombose venosa é caracterizada pela existência de trombo em uma veia e a resposta inflamatória que se desenvolve na parede deste mesmo vaso. É a solidificação do sangue no leito vascular, podendo ocorrer também no interior das câmaras cardíacas em um indivíduo vivo.
Fisiopatologia
É frequente que os três mecanismos da Tríade de Virchow sejam os causadores da trombose, sendo eles:
Lesão endotelial - ocorre a exposição da membrana basal, sobre a qual as plaquetas se aderem e são ativadas, iniciando a formação do trombo.
Alteração do fluxo sanguíneo - modificações na velocidade do sangue e na turbulência são fatores importantes na gênese do trombo.
Aumento da coagulabilidade do sangue - resulta de aumento do número de plaquetas, maior disponibilidade de fatores pró-coagulantes e redução de inibidores da coagulação.
Principais fatores de risco
Imobilização acima de três dias
Trombofilia
Politrauma
Uso de anticoncepcionais
Idade avançada
Episódios anteriores de Tromboembolismo Pulmonar ou Trombose Venosa
Viagens longas (duração maior que quatro horas)
Câncer
Cirurgia longa nas últimas quatro semanas
Gestação e puerpério
Obesidade
Desidratação
Uso de substâncias esclerosantes
Permanência de cateter venoso periférico por longos períodos
Uso de substâncias esclerosantes
Presença de veias varicosas
Quadro clínico e diagnóstico
Trombose venosa superficial
Consiste em um evento que acomete a circulação superficial a partir da formação de um trombo. Paciente apresenta inflamação, com a visualização de uma veia superficial palpável e nitidamente endurecida, acompanhada de dor, edema e rubor.O diagnóstico é eminentemente clínico, feito a partir da história clínica somada ao exame físico adequado. Em casos de dúvidas ao diagnóstico, o paciente deve ser submetido ao USG Doppler Venoso.
Trombose venosa profunda (TVP)
Consiste na formação de trombo em veias profundas, principalmente nos membros inferiores e na pelve. Pode ser assintomática porém o paciente normalmente apresenta dor e edema assimétrico e aumento da temperatura do membro acometido, podendo possuir paresia ipsilateral ao membro acometido.
Diagnóstico para TVP: Realizado por dados clínicos somados a exames de imagem. Durante a anamnese são avaliados os Critérios de Wells (imagem 1) e somados a sua pontuação, em seguida, se necessário, são realizados o teste D-dímero e USG Doppler assim como demonstrado no esquema (imagem 2).
Imagem 1 - Critérios de Wells. Resultados: 2TVP provável ou <2TVP improvável
Imagem 2 - Esquema para realização de exames e possível diagnóstico de TVP
Exames utilizados:
- USG Doppler - Consiste no atual teste de escolha para diagnóstico de TVP, o exame se baseia no impedimento do sinal de fluxo sanguíneo.
- Teste D-dímero - Exame capaz de indicar a presença de níveis anormais de produtos da degradação da fibrina
Sinais clínicos durante o exame físico
Sinal de Homans - Dor na perna, com a dorsiflexão do pé
Sinal de Olov - Dor à palpação da musculatura da panturrilha
Sinal da Bandeira - Empastamento da panturrilha (menor mobilidade quando comparada à panturrilha do outro membro)
Sinal de Bancroft - Dor à palpação da panturrilha contra a estrutura óssea
Sinal de Denecke Payer - Dor na panturrilha ao empurrar o hálux contra o paciente
Prevenção e tratamento não medicamentoso
Uso de compressas quentes;
Compressão elástica da extremidade (meias de compressão);
Posição de Trendelenburg = facilita o retorno do sangue para o coração por meio da ajuda da gravidade
Evitar imobilidade prolongada;
Praticar exercícios com regularidade;
Movimentações dos membros inferiores no repouso prolongado
Compressão mecânica intermitente nos membros inferiores;
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