Recentemente, o jogador Ederson, do Flamengo, foi notícia na mídia nacional e internacional por ter sido diagnosticado com tumor de testículo. O problema já acometeu outros atletas conhecidos (Nenê Hilário, jogador de basquetebol; Lance Armstrong, ex-cliclista americano; Arjen Robben, jogador de futebol da seleção holandesa; Magrão, jogador de futebol brasileiro, entre outros vários) e obviamente cria uma sensação de consternação bastante grande, principalmente porque acomete indivíduos jovens e saudáveis, sem qualquer doença prévia ou hábitos de vida ruins. O diagnóstico certeiro e o tratamento rápido atinge altos índices de cura, possibilitando o retorno do paciente às suas atividades prévias com mínimo impacto no desempenho das atividades laborais.
O tumor de testículo é um câncer cujo tratamento tem altos índices de cura, pois tem um padrão de comportamento bastante conhecido e acomete pessoas comumente sem outras doenças (jovens) e que toleram bem o tratamento. É exemplo de doença em que o tratamento multidisciplinar – cirurgia, quimioterapia e radioterapia – tem papel importante para a resolução do problema.
O tumor de testículo:
Representa em torno de 5% dos tumores do sexo masculino.
Acomete indivíduos entre 15-35 anos aproximadamente.
Acomete apenas um testículo em mais de 95% dos casos.
O fato de, na infância, não haver a descida dos testículos à bolsa escrotal aumenta a chance do desenvolvimento do tumor.
O sintoma mais comum na maioria dos casos é o AUMENTO TESTICULAR INDOLOR – o testículo aumenta de tamanho e fica endurecido, mas não dói. Este aumento é relativamente rápido, podendo ser percebido em semanas.
O aumento do volume pode incomodar nas atividades cotidianas e até doer, mas por trauma secundário e não pela doença em si.
Outras causas de aumento da bolsa escrotal: hidrocele, inflamações do testículo ou epidídimo (orquites virais – como na caxumba, epididimites bacterianas, etc), torção testicular, hérnias inguino-escrotais.
Um exame físico realizado com o UROLOGISTA é capaz de confirmar a suspeita e eventualmente acertar o diagnóstico.
A ecografia de bolsa escrotal normalmente confirma o diagnóstico.
A tomografia ou ressonância de tórax e abdome permite a identificação de qualquer acometimento dos gânglios linfáticos, local de disseminação comum do tumor de testículo.
Em alguns casos, produzem hormônios como o beta-hCG e a alfa-fetoproteína. No caso do jogador Ederson, a dosagem do hCG no momento do exame anti-doping ajudou o diagnóstico do problema com bastante antecedência (o hCG é usado como doping para aumento de desempenho). Na verdade, apenas a fração beta (beta-hCG) apresentava-se elevada.
Aparentemente certeira, a dosagem rotineira não deve ser solicitada como exame de triagem.
O TRATAMENTO CIRÚRGICO é a primeira etapa do tratamento multidisciplinar.
É realizada a retirada completa do testículo acometido, das suas camadas que o protegem e do cordão espermático.
A bolsa escrotal fica intacta e somente é abordada em caso de infiltração tumoral local, o que acontece em poucos casos bastante avançados.
O lado onde o testículo foi retirado fica “vazio”. É possível o implante de uma prótese testicular no mesmo momento da cirurgia ou posteriormente, dependendo de cada caso.
A cirurgia é feita com um corte na região da virilha, próximo aos pelos pubianos, e não na bolsa escrotal. Trata-se de uma intervenção rápida e bastante objetiva.
A depender do tipo de células presentes no tumor e também da presença ou não de suspeita de acometimento de gânglios linfáticos, o tratamento subsequente pode envolver medicações (QUIMIOTERAPIA), RADIOTERAPIA ou mesmo a retirada dos nódulos possivelmente acometidos (LINFADENECTOMIA RETROPERITONEAL).
É importante que seja oferecido ao paciente a possibilidade de preservar espermatozóides, pois tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia podem diminuir a fertilidade.
Se você gostaria de alguma informação adicional sobre câncer de testículo ou tem dúvidas sobre tumores gênito-urinários, entre em contato pelo www.paulojaworski.com.br