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Vacinação de idosos contra a COVID-19 reduziu a mortalidade desta população

Vacinação de idosos contra a COVID-19  reduziu a mortalidade desta população
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mai. 14 - 7 min de leitura
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Por Diego Arthur Castro Cabral(@arthurcastro)- Colaborador da Academia Médica

A imunização contra a COVID-19 foi iniciada no final de janeiro de 2021 no Brasil, com dois tipos de vacinas sendo oferecidas: Coronavac (Sinovac, China) e AZD1222 (Oxford-AstraZeneca, Reino Unido). A vacinação foi inicialmente direcionada a quatro grupos prioritários:

  1. trabalhadores de saúde
  2. idosos (começando com os de 85 anos ou mais e vacinando gradualmente os grupos de idade mais jovem)
  3. populações indígenas
  4. indivíduos institucionalizados

Em 22 de abril, 17,4% da população havia recebido a primeira dose e 7,1% a segunda dose das vacinas, a Coronavac respondia até o momento por 77,3% e a da AstraZeneca por 15,9% de todas as doses administradas. Sendo assim, um grupo de pesquisadores brasileiros em parceria com pesquisadores estadunidenses avaliaram a eficácia da campanha de vacinação na vida real no Brasil, analisando as tendências temporais da mortalidade por COVID-19 usando um banco de dados com mais de 370.000 óbitos registrados. A hipótese deles é que a mortalidade cairia mais rapidamente entre os idosos, que eram o grupo-alvo inicial da campanha de vacinação, do que entre os brasileiros mais jovens.

Metodologia utilizada na pesquisa

Os pesquisadores utilizaram dados sobre óbitos da COVID-19 obtidos do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, incluindo óbitos notificados até 22 de abril de 2021. Os dados sobre a cobertura vacinal da COVID-19 foram obtidos de um conjunto de dados disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Esses dados são atualizados diariamente e consistem em um conjunto de dados de nível individual, incluindo informações pessoais (data de nascimento, sexo, cor da pele, cidade de residência) e informações sobre a vacinação (local, tipo de instalação, fabricante da vacina e número do lote) como se é a primeira ou segunda dose recebida e o grupo de prioridade para a pessoa vacinada. Os dados usados ​​na pesquisa foram até 19 de abril de 2021.

As estimativas da população para 01 de julho por idade e sexo foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Devido ao excesso de mortalidade observado em 2020 e à maior mortalidade de COVID-19 entre os idosos, os números populacionais do IBGE para 2020 estão superestimados, principalmente nas idades mais avançadas.

Os resultados de mortalidade foram analisados ​​de duas maneiras. Primeiro, foi calculada a mortalidade proporcional dividindo o número de mortes por COVID-19 em uma determinada faixa etária pelo número de mortes por COVID-19 em todas as idades durante períodos de duas semanas em 2020. Os pesquisadores optaram por usar duas semanas para reduzir a variabilidade. Em segundo lugar, foram calculadas as taxas de mortalidade da COVID-19 por idade (em décadas) e sexo usando dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade e a população ajustada por faixa etária descrita acima. As taxas de mortalidade nas idades de 80+ e 90+ anos foram então divididas por taxas para a faixa etária de 0-79 anos, resultando em taxas de mortalidade.

A vacinação realmente reduziu a mortalidade dos idosos no Brasil?

À medida que a variante P.1 se espalhou por todo o Brasil, o número total de mortes aumentou ao longo do tempo, começando na semana epidemiológica 9 de 2021.

A proporção de todas as mortes ocorridas nas idades de 80+ anos foi superior a 25% nas semanas 1-6 e diminuiu rapidamente para 13,1% nas semanas 13-14.

As taxas de mortalidade foram 13 vezes mais altas no grupo de 80+ anos em comparação com as de 0-79 anos até a semana 6, e diminuíram para 6,9 vezes nas semanas 13-14. A Coronavac foi responsável por 77,3% e AstraZeneca por 15,9% de todas as doses administradas. A cobertura vacinal (primeira dose) aumentou rapidamente entre os indivíduos com mais de 80 anos, atingindo 49,1% nas semanas 5-6 e mais de 90% após a 9ª semana.

A figura abaixo mostra que ao longo do primeiro ano da pandemia, a mortalidade proporcional nas idades de 80+ permaneceu entre 25% e 30%, com uma redução acentuada a partir de meados de fevereiro de 2021.

Os autores descobriram que embora a disseminação da variante P.1 tenha levado a aumentos nas mortes por COVID-19 relatadas em todas as idades, a proporção de mortes entre os idosos começou a cair rapidamente a partir da segunda metade de fevereiro de 2021. Essa proporção havia se mantido estável em cerca de 25% -30% desde o início da epidemia no início de 2020, mas ficou abaixo de 15% em abril de 2021.

O sexo masculino continua apresentando maior mortalidade pela COVID-19

O declínio da mortalidade foi observado para ambos os sexos. A mortalidade proporcional nas idades mais avançadas foi maior entre as mulheres do que entre os homens, o que é compatível com maior letalidade em adultos mais jovens do sexo masculino, possivelmente relacionada a comorbidades.

14.000 vidas foram salvas pela vacinação

Ainda nesse estudo os autores fizeram uma estimativa aproximada de quantas vidas foram poupadas pela vacinação:

Tentamos fornecer uma estimativa aproximada de vidas salvas entre idosos brasileiros no período de oito semanas desde que a vacinação foi acelerada em todo o país. A cifra de cerca de 14 mil mortes evitadas provavelmente está subestimada, pois não leva em consideração as vidas salvas entre outros grupos prioritários para imunização, como trabalhadores da saúde e populações indígenas.

Além disso, ao usar a mortalidade nas idades de 0-79 anos para prever as mortes esperadas entre aqueles com mais de 80 anos, os autores não contabilizaram as vidas salvas pela vacina entre os grupos de idade mais jovens para os quais a cobertura também aumentou, embora em uma taxa mais lenta. Embora não seja possível fazer fortes argumentos causais com base nos dados disponíveis para as análises, os achados são consistentes com os resultados dos ensaios de eficácia para ambas as vacinas, e com estudos observacionais em grupos de trabalhadores de saúde de alto risco.

No final de abril, dados sobre internações hospitalares em vários estados brasileiros sugerem que a segunda onda da pandemia está começando a diminuir, embora os serviços de saúde ainda estejam muito sobrecarregados em muitas partes do país.

Como a adesão a intervenções não farmacêuticas, como distanciamento social e uso de máscara, é limitada na maior parte do país, o rápido aumento da vacinação continua sendo a abordagem mais promissora para controlar a pandemia em um país onde mais de 400.000 vidas já foram perdidas para COVID -19.

 


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Referência:

  1. Estimating the early impact of immunization against COVID-19 on deaths among elderly people in Brazil: analyses of secondary data on vaccine coverage and mortality Cesar Victora, Marcia C Castro, Susie Gurzenda, Aluisio J D Barros medRxiv 2021.04.27.21256187; doi: https://doi.org/10.1101/2021.04.27.21256187

Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral. Nota: O artigo base para elaboração desse texto é um pre-print e ainda não foi revisado por pares como é realizado nos principais jornais científicos.


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