Um recente estudo publicado em JAMA Network Open em 19 de setembro de 2024, destaca um risco aumentado de melanoma e outros tipos de câncer de pele não queratinócito em pacientes que receberam tratamento para câncer de tireoide com iodo radioativo. Este importante achado sugere a necessidade de vigilância dermatológica reforçada nestes pacientes.
O câncer de tireoide é um dos tipos de câncer mais comuns nos Estados Unidos, com tratamentos que frequentemente incluem o uso de iodo radioativo. Apesar de sua eficácia, estudos anteriores sugeriram uma possível associação entre o tratamento com iodo radioativo e um risco aumentado de desenvolver outros tipos de cânceres sólidos e hematológicos, mas pouco se sabia sobre a relação com o câncer de pele até agora.
A pesquisa utilizou dados populacionais dos EUA, abrangendo o período de 2000 a 2019, com informações provenientes de 17 registros de câncer do programa SEER (Surveillance, Epidemiology, and End Results) do Instituto Nacional do Câncer. O estudo focou na avaliação dos riscos de desenvolver melanoma e outros cânceres de pele não queratinócitos em pacientes que foram inicialmente diagnosticados com câncer de tireoide, comparando aqueles que receberam tratamento com radiação aos que não receberam.
Os pesquisadores encontraram um aumento significativo no risco de desenvolver câncer de pele no local da cabeça e pescoço em pacientes tratados com iodo radioativo. Os resultados mostraram que, especificamente para melanoma e outros cânceres de pele não queratinócitos, as Razões de Incidência Padronizadas (SIR) foram maiores do que o esperado. A análise revelou que o risco era mais pronunciado para o subtipo papilífero de câncer de tireoide, mas não foi observado um aumento significativo para outros subtipos de câncer de tireoide, provavelmente devido a tamanhos de amostra insuficientes.
Este estudo ressalta a importância do monitoramento contínuo para o câncer de pele em pacientes que receberam tratamento com iodo radioativo para câncer de tireoide, especialmente aqueles com câncer de tipo papilífero. Embora os benefícios do tratamento com iodo radioativo para a redução da mortalidade por todas as causas e específica por câncer sejam bem documentados, os resultados deste estudo sugerem que esses pacientes podem se beneficiar significativamente de um rastreamento dermatológico regular.
Apesar das limitações, como tamanhos de amostra menores para cânceres de tireoide não papilíferos e para pacientes de raça e etnia não brancas, este estudo contribui para nossa compreensão dos riscos associados ao tratamento de câncer de tireoide. Futuras pesquisas são necessárias para explorar os mecanismos através dos quais o tratamento de câncer de tireoide está associado a um risco aumentado de câncer de pele, para melhor informar as práticas de monitoramento e tratamento para esses pacientes.
Referência:
Rezaei SJ, Chen ML, Kim J, John EM, Sunwoo JB, Linos E. Development of Melanoma and Other Nonkeratinocyte Skin Cancers After Thyroid Cancer Radiation. JAMA Netw Open. 2024;7(9):e2434841. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.34841