A Vitamina B6 tem um papel crucial no metabolismo cerebral, sendo associada, quando em níveis baixos, a problemas como memória prejudicada, depressão e até demência, especialmente em idosos. Ainda que essas observações não sejam novas, o papel exato da vitamina B6 em doenças mentais ainda não é completamente entendido. Até agora, aumentar a ingestão de vitamina B6 por meio de suplementos mostrou-se insuficiente para prevenir ou tratar distúrbios de função cerebral.
Uma publicação feita na revista eLife em 10 de junho de 2024, traz novidades. Um time de pesquisadores da Universidade de Würzburg, liderado por Antje Gohla, Professora de Farmacologia Bioquímica no Departamento de Farmacologia e Toxicologia, descobriu uma forma mais eficaz de elevar os níveis de vitamina B6 nas células: inibindo sua degradação intracelular.
O Caminho para a Descoberta
O estudo envolveu também colaboradores do Centro Rudolf Virchow para Bioimagem Integrativa e Translacional e do Instituto Leibniz de Farmacologia Molecular em Berlim, além do Instituto para Neurobiologia Clínica do Hospital Universitário de Würzburg. A equipe de pesquisa focou em uma enzima específica responsável pela degradação da vitamina B6, a piridoxal fosfatase. Em estudos anteriores com animais, já havia sido demonstrado que a inativação genética dessa enzima melhorava a capacidade de aprendizado espacial e memória.
Descoberta de um Inibidor Natural
Agora, através de uma abordagem farmacológica, os cientistas buscaram e encontraram substâncias capazes de se ligar e inibir a piridoxal fosfatase. O sucesso veio com a identificação do 7,8-Dihidroxiflavona, um composto natural que consegue atrasar a degradação da vitamina B6, aumentando assim sua disponibilidade nas células nervosas envolvidas em aprendizado e memória.
Implicações e Futuro do Tratamento
Esta descoberta aumenta a compreensão dos processos bioquímicos envolvidos em distúrbios mentais e abre caminho para novas abordagens no desenvolvimento de medicamentos para tratar tais condições. A identificação do 7,8-Dihidroxiflavona como inibidor desta enzima é considerada um avanço, dado que essa classe de enzimas é notoriamente difícil de ser visada por desenvolvimentos farmacológicos.
A equipe ainda ressalta que, embora seja cedo para prever quando os resultados dessa pesquisa poderão ser aplicados em tratamentos clínicos, as perspectivas para uso combinado de vitamina B6 e inibidores de sua degradação são promissoras para o tratamento de várias doenças mentais e neurodegenerativas. Agora, o próximo passo será desenvolver substâncias que inibam essa enzima de forma mais precisa e eficaz, o que poderá consolidar o uso de aumentos nos níveis celulares de vitamina B6 como uma estratégia terapêutica viável.
👉🏻 Para mais detalhes sobre essa pesquisa, disponibilizamos aqui o link de acesso ao estudo na íntegra.
Referências:
University of Würzburg. "Vitamin B6: New compound delays degradation." ScienceDaily. ScienceDaily, 14 June 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/06/240614141910.htm>.