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Neurociência em "O poder do Hábito"

Neurociência em "O poder do Hábito"
Gabriel Couto
jan. 17 - 5 min de leitura
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Meus caros amigos e amigas, fui honrado em ser convidado pela Academia para escrever sobre uma obra bastante interessante que aborda a questão neurológica dos nossos hábitos. Hoje, então, mudando um pouco da temática das minhas publicações, vamos ver sobre a obra "O poder do hábito".

O livro foi escrito por Charles Duhigg, então jornalista do mundialmente conhecido até hoje "The New York Times" e publicado no ano de 2012. É um livro que fundamenta toda sua escrita com base em artigos publicados na literatura, livros pesquisados, notas, fatos históricos, dentre outros. Tanto que, no final da obra, existem simplesmente 79 páginas trazendo todas as referências utilizadas.

 

Basicamente, o foco da obra é demonstrar o quão poderoso (e muitas vezes destrutivo) pode ser um hábito. Além disso, o livro expõe o quanto fazemos coisas na nossa vida simplesmente sem pensar, por hábito, e que muitas vezes não percebemos o quanto tal hábito pode ser danoso para nós.

 

  • ESTUDO COM RATOS DO MIT

Algo que chamou bastante a atenção, já nas páginas iniciais, foi um estudo¹ feito no Massachusetts Institute of Technology, o MIT, uma das mais prestigiadas universidades do mundo. 

Ratos eram colocados em uma canaleta em forma de "T". Eles eram colocados na base desse "T" e, em um dos lados da parte de cima, era colocado um pouco de chocolate. Os cientistas liberavam esses ratos para procurar o alimento. No início, os ratos primeiramente cheiravam, pensavam, olhavam para onde ir, arranhavam as paredes, chegavam no cruzamento, às vezes iam para o lado errado e, depois de um tempo, acertavam onde estava o alimento.

Só que esse estudo foi repetido algumas vezes, em todas sempre medindo a atividade cerebral dos animais. Notava-se que, à medida que o rato sabia em qual lado estava o alimento, logo após abrir a porta que o segurava e à medida que o rato sabia melhor onde estava sua recompensa, sua atividade cerebral diminuía cada vez mais, indicando que, após cada abertura de porta, o pequeno roedor pensava cada vez menos, ou seja, agia por hábito em busca do seu açucarado prêmio.

O autor também cita um estudo² que relaciona esse comportamento com os gânglios basais do cérebro, prováveis responsáveis pelo comportamento automático que desempenhamos. 

Esses estudos foram o pontapé inicial para o autor começar a explicar o quanto um hábito pode criar raízes firmemente em nossas vidas. Depois que uma simples rotina vira uma hábito estabelecido, aquilo começa a ser executado sem ao menos percebermos. 

Você nunca se deparou em uma situação em que fez algo por impulso simplesmente por que aquilo era hábito antigo em sua vida? Por exemplo, nos primeiros dias da academia comprou aquela comida calórica que era uma doce lembrança da sua "antiga vida"?

 

Pois é, o autor usa a questão do poder que um hábito tem em nós para explicar como funcionam, por exemplo, os vícios em jogos, tabaco, entre outros. Pessoas que jogam uma enorme quantidade de tempo os jogos eletrônicos, por exemplo, podem passar horas sem se alimentar ou sair da frente da tela simplesmente por uma atividade que se tornou um forte hábito em suas vidas.

Jogadores de cassino muitas vezes nem sabem quanto estão apostando simplesmente porque o jogo se tornou a sua vida e ele precisa alimentar a continuidade desse hábito. Fumantes não fazem ideia do que o hábito do uso de tabaco pode acarretar em sua saúde, tal hábito faz com que até percam a conta de quantos maços foram fumados apenas em um dia (imagine em uma vida inteira).

 

Portanto, o livro foca em demonstrar como um hábito pode ter impacto na nossa vida. O autor cita gravíssimos acidentes (Metrô de Londres, 1987) que ocorreram por conta de um hábito errado de segurança, empresas transformadas pela mudança de hábito, casos de pessoas que tiveram sua vida mudada positivamente por conta de que conseguiram mudar o foco dos hábitos em suas vidas.

O autor usa de uma linguagem fundamentada, como foi dito, em estudos científicos e outras bibliografias para explicar a "fisiopatologia" do hábito e demonstrar como reconhecer hábitos ruins e mudar o foco deles para não sermos suas vítimas, mas grandes beneficiários de tais.

 

E aí, ficou com vontade de ler? Já leu? O que achou?

Comenta aí, compartilha e, como sempre...

Até breve! 

BIBLIOGRAFIA

Livro

Duhigg, Charles. O poder do Hábito: por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 1ª Edição, 2012.

Artigos citados no livro e que foram base para essa publicação

1. Graybiel AM. Habits, rituals, and the evaluative brain. Annu Rev Neurosci. 2008;31:359-87. https://doi.org/10.1146/annurev.neuro.29.051605.112851

2. Bendriem B, Dewey SL, Schlyer DJ, Wolf AP, Volkow ND. Quantitation of the human basal ganglia with positron emission tomography: a phantom study of the effect of contrast and axial positioning. IEEE Trans Med Imaging. 1991;10(2):216-22. https://doi.org/10.1109/42.79480

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