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Médico no primeiro mundo - Itália

Médico no primeiro mundo - Itália
Fernando Carbonieri
jan. 7 - 4 min de leitura
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Continuando nossa busca por países sérios para praticar medicina, encontramos na revista Ser Médico do CREMESP o depoimento de alguns brasileiros que resolveram mudar de vida, e de país. A reportagem de Aureliano Biancarelli para a revista traz algumas informações necessárias para exercer a medicina no exterior.

A bola da vez é a Itália

Itália

No final de 2004, a radiologista paulistana Elisabete Turrini obteve a inscrição na Ordine dei Medici di Bologna, na Itália, órgão equivalente aos Conselhos Regionais de Medicina no Brasil. No ano seguinte, foi contratada no Serviço de Radiodiagnostica Del Nuovo Ospedale Civile S. Agostino-Estense di Modena, região da Emilia Romagna. Todos os dias, ela percorre 28 km de sua casa, em Bazzano (província de Bologna), uma cidade de 6,8 mil habitantes, até o hospital Santo Agostinho, onde trabalha.

elisabete turrini revista

Elisabete Turrini: mesmo com dupla cidadania e inúmeros títulos como médica, no Brasil, teve que fazer, na Itália, vários exames

Para ser autorizada a exercer a Medicina na Itália, e chegar ao posto que ocupa, Elisabete começou a reunir e traduzir os documentos quando ainda morava em São Paulo. Em 2003, na capital italiana, Roma, passou por uma primeira fase de exames e, no ano seguinte, foi aprovada nos testes para a especialidade.

Elisabete nem precisaria dos exames para provar suas habilidades. No currículo que levou do Brasil, é médica graduada pela Unesp, tem residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp – 1990) e doutorado em Radiologia Clínica concluído ali mesmo, em 2003. É também radiologista concursada na mesma Unifesp e trabalhava em dois hospitais privados. Filha de italianos, nascida no bairro do Ipiranga, em São Paulo, Elisabete tinha ainda dupla cidadania, já falava a língua e levava atestado de proficiência em italiano. Não faltavam bagagem e experiência para chegar e começar a trabalhar, mas não foi assim. Como todo médico diplomado fora da União Europeia, ela precisou trilhar o caminho da revalidação.

Elisabete decidiu deixar o Brasil depois que se casou com um italiano. “Em 2002, quando decidimos que eu iria me mudar, o Consulado Italiano apresentou uma lista de documentos que começava pelo histórico escolar do ginásio, passando por todos os diplomas e certificados de cursos e trabalhos, com as respectivas cargas horárias – até o atestado do Cremesp de que atuava como médica e que nada constava contra mim”, relata. Traduzidos e reconhecidos, os papéis deveriam ser encaminhados por meio de uma universidade italiana ou do Ministério da Saúde, em Roma. “Em dezembro daquele ano fui pessoalmente ao Ministério da Saúde em Roma e, em maio do ano seguinte, saiu a convocação para as provas”, lembra.

Em junho de 2003, a Gazzetta Ufficiale della Repubblica Italiana – o diário oficial da Itália – publicou o reconhecimento de seu título, habilitando-a a trabalhar como médica no país. “Foram provas orais em três disciplinas, clínica médica, cirurgia e medicina legal”, lembra. Inscrita na Ordine dei Medici, o passo seguinte foi a especialidade. “Apresentei os atestados de Residência em Radiologia pela Unifesp e o título de radiologista pelo Colégio Brasileiro de Radiologia”, detalha. Desta vez, foram provas escritas, com perguntas dissertativas, e exames práticos.  Em agosto de 2004, a Gazzetta Ufficiale publicou o reconhecimento como medico specialista in radiodiagnostica.

O Hospital Santo Agostinho, onde trabalha, tem 455 leitos e é centro de referência de traumatologia e emergência, que atende toda a região de Módena. “Não fosse a gentileza dos colegas, talvez eu não tivesse ficado”, conta. “Nunca fui discriminada por ser de fora, por ter dúvidas na grafia de uma palavra. Eles me respeitam pelo meu currículo e minha trajetória. Sabem que passei pelas várias etapas e que sou reconhecida pelo Ministério da Saúde e pela Ordem dos Médicos”, relata. “Fiz muitos amigos, sou respeitada, gosto do que faço”, assegura.

FONTE: Revista Ser Médico/ CREMESP


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