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Empatia como base da educação médica

Empatia como base da educação médica
Fernando Carbonieri
jul. 19 - 5 min de leitura
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*Texto originalmente publicado em 11 de maio de 2018

 “Curar ocasionalmente, aliviar frequentemente, consolar sempre” – apud Barros Filho

Ao lidar com pacientes e familiares que estão sofrendo de uma doença que ameaça o bem-estar e a vida, uma das melhores intervenções do médico pode ser a empatia. A empatia é definida simploriamente como uma reação ao estado emocional de outro. Seria entender a experiência do outro. Na língua inglesa é definida pela expressão "in your shoes", que seria o "se colocar no lugar do outro". É um processo que requere esforço e vontade. Ela é, portanto, uma importante parte para uma relação médico-paciente integral.

O estudo com o título de "Empatia, relação médico-paciente e formação em medicina: um olhar qualitativo", publicado em 2010 na Revista da Associação Brasileira de Educação Médica, traz algumas definições e ponderações sobre a empatia e fatores relevantes ao desenvolvimento desse conhecimento:

  • A empatia envolve um sentimento de sensibilização pelas mudanças sentidas e refletidas, momento a momento, pela outra pessoa. Empatia é um processo psicológico conduzido por mecanismos afetivos, cognitivos e comportamentais frente à observação da experiência do outro.
  • A empatia entre médico e paciente é importante porque deixa o último mais seguro e disposto a informar com mais desenvoltura seus problemas, sintomas e dúvidas. A familiaridade, a confiança e a colaboração do paciente têm importância fundamental para a efetividade dos processos diagnósticos e terapêuticos, indispensáveis ao resultado da arte médica.

A possibilidade de ensinar a ser empático aparece como uma alternativa para amplificar a perspectiva médica. A empatia seria uma ferramenta útil para transformar o paciente propriamente dito” em um ser autônomo.

Muitos estudos feitos com estudantes de medicina indicam que a empatia é deficiente. Um estudo publicado no Academic Medicine em 2009 indica que a empatia, de fato, diminui durante o terceiro ano de medicina (quando começa o acesso do acadêmico ao hospital). Nesse estudo, 456 estudantes foram acompanhados e responderam a escala de Jefferson, que avalia a Empatia médica, em diferentes épocas de sua formação médica. Durante os dois primeiros anos os scores se mantiveram homogêneos, porém a partir do terceiro ano um declínio significativo foi observado. Esse declínio persistiu até a formatura. Não houve diferenças de gênero ou de especialidades de escolha. Que paradoxo, não? Depois de 2 anos em aulas essencialmente teóricas como a anatomia, fisiologia e a farmacologia, a empatia diminuiu após o início do contato com o paciente pela primeira vez.

Empatia deveria ser a base para o atendimento de todos os pacientes e pedra fundamental da relação médico paciente. Temos que achar uma maneira de cultivar a empatia na educação médica. Na faculdade de medicina, deveria haver um ensino para que o médico realmente se importe com o doente. Na escola, professores e demais médicos do hospital devem implantar a boa relação médico paciente como base do currículo. Há a necessidade de preparar o estudante para um mundo cheio de desafios e mudanças constantes. Os pacientes enfrentam inúmeros stresses como perda do emprego, falência financeira,, adição para drogas e álcool e crise familiar. Esses pacientes apostam sua confiança em seus médicos. Nós, como médicos,  devemos fornecer algo além do diagnóstico correto. Devemos fornecer humanidade também

Há várias desculpas para o não ensino da empatia na educação médica - todas muito boas:

  • Falta de modelos empáticos
  • Experiencias negativas nas enfermarias
  • Grade curricular que proporcionam falta de tempo para o acadêmico para desenvolver outras atividades
  • Confiança excessiva em testes laboratoriais e exames de imagem (vale lembrar que 80% dos diagnósticos são feitos com uma boa anamnese e um bom exame físico)

A competição por melhores notas dentro da escola entre os próprios estudantes também pode ser um fator. E sabemos que as seleções na faculdade e nas vagas de residência médica são feitas por esse parâmetro. Infelizmente não há maneira praticável de correlacionar empatia e conhecimento entre os candidatos a residência. Hoje a seleção é feita com notas cada vez menores para a entrevista e currículo. Infelizmente

Apesar disso devemos sempre lembrar que um médico melhor é um médico que se importa. Deve-se portanto, dar mais ênfase no contato com o paciente e com os familiares do doente. Na próxima vez que você for passar visita atente-se para conversar com o paciente e familiares para perguntar verdadeiramente e se colocar no lugar do paciente para entender a questão: "Como você está se sentindo hoje?"

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fontes: http://medxforum.com , Fabrício Donizete da Costa e Renata Cruz Soares de Azevedo


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