Recentemente presenciei um episódio que me deixou revoltado e pensativo ao mesmo tempo. Estava em um um hospital da região e infelizmente o cenário era desolador… inúmeros pacientes nos corredores por falta de leitos.
É “comum” chegar naquele estabelecimento de saúde e ter que pedir uma lista dos medicamentos que tem na farmácia… infelizmente muitas vezes não temos antibióticos básicos para fazer a profilaxia de pequenas cirurgias ou limpezas cirúrgicas. Dramin? muito raramente. Além de tudo isso se soma a falta de infraestrutura e condições de trabalho para a equipe de saúde.
No entanto o que mais me surpreendeu não foi tal situação caótica (que infelizmente vemos se repetir por todo o Brasil), mas sim um episódio onde um “gestor” estava realizando uma “supervisão”.
Lembro nitidamente do tal supervisor entrando na sala a olhar todos os cantos em busca de algo… quando ele finalmente encontrou, parou e nos indagou:
“Quem colocou essa folha de papel A4 cobrindo o vidro da porta? Isso daqui é um absurdo, não pode. Temos que tirar imediatamente. Se vocês (médicos e estagiários) não querem que olhem o consultório tem que pedir para trocar a porta inteira e não pregar folhas nas portas.”
O que me chamou mais atenção nesse episódio todo é o motivo da revolta do tal gestor… aparentemente a falta de medicação, condições de trabalho e infraestrutura é mais aceitável do que a “absurda” colocação de uma folha A4 para proteger a privacidade dos pacientes.
Tudo isso me levou a pensar em como a indicação por mera politicagem (muito comum no país) torna toda a classe da saúde e os pacientes reféns de uma gestão irresponsável e que não tem a mínima noção de como fazer uma gestão em saúde adequada.
Até quando os favores e a politicagem serão maiores que as nomeações com caráter técnico-científico? Penso eu que isso se manterá até nós começarmos a votar com mais responsabilidade e realmente deixar os políticos de estimação de lado visando um projeto de reconstrução da nação.
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