A Estratégia de Saúde Digital 2020-2028 (ESD28) inclui a descrição dos mecanismos contributivos para a incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no processo do cuidar. Como o processo de cuidar é central a vários sistemas de informação dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), faz-se necessário que os termos e conceitos sobre este processo sejam definidos e unívocos de modo que os diversos sistemas possam "conversar entre si". Esta capacidade de conversação entre os sistemas é o que denominamos de interoperabilidade.
Para que tecnologias como a Inteligência Artificial, por exemplo, possam produzir protocolos que qualifiquem cada vez mais o processo do cuidar da pessoa/população são necessárias informações de elevada qualidade. Inclusive, cabe ressaltar, isentas de vieses implícitos. Mais do que nunca, a coleta de dados precisos e confiáveis pelo(a) enfermeiro(a), competente no que se refere à entrevista clínica, exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução do(a) paciente, pode gerar informações clínicas que contribuam para as decisões sobre o atendimento interprofissional, melhorando os resultados da pessoa atendida (família e população), bem como para a redução dos custos do cuidado. Enfim, é preciso incluir a taxonomia de enfermagem na Rede Nacional de Dados em Saúde/RNDS.
O fato é que os dados compartilháveis do(a) paciente são a chave para a verdadeira transformação em saúde digital no SUS.
E é esta a interoperabilidade que realmente importa, no meu entender. Neste sentido, a taxonomia de enfermagem (CIPE®, por ex.) deve estar incluída tanto na base de dados do Prontuário Eletrônico do(a) Paciente (PEP) ou do Cidadão (PEC) quanto na base de dados mínimos da RNDS.
A taxonomia de enfermagem, mesmo que por mapeamento cruzado com a Systematized Nomenclature of Medicine - Clinical Terms (SNOMED CT), é a terminologia que descreve o processo de trabalho da (o) enfermeira(o) no encontro clínico, em síntese, descreve o Sistema de Enfermagem.
Pesquisadoras(es) de enfermagem estão trabalhando diuturnamente com profissionais de TI pela interoperabilidade da taxonomia no SUS. O impacto da visibilidade do cuidado da(o) enfermeira(o) revelado pelas emergentes tecnologias digitais será, seguramente, uma disrupção na atenção à saúde. Quem viver, verá!
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