As tecnologias contemporâneas alteraram a ótica moral dos profissionais da Medicina a partir do momento em que oferecem um caminho mais direto para se chegar a um diagnóstico. Partindo dessa premissa, mesmo com as facilidades oferecidas pelos novos avanços tecnológicos, a necessidade de o médico dialogar e ouvir o paciente torna-se imprescindível para o pleno cumprimento de sua missão humana por meio do diagnóstico preciso.
No entanto, a falsa impressão de tais profissionais como "seres transparentes" causada pelas tecnologias diversas dificultam tal processo. A conclusão, portanto, é imediata: a imperícia para com sentimentos intrínsecos aos pacientes que não "aparecem em raios-x".
O físico teórico Alberto Einstein afirma que é espantosamente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade. A modernização suscitada pela recente revolução técnico-científica-informacional originou diversos meios de tecnologia, que para a Medicina, se manifestou como distintas formas de diagnosticar uma enfermidade, mas muitas vezes tal facilidade se sobrepõe à missão única do médico: salvar vidas.
Um exemplo são os inúmeros profissionais da Medicina que utilizam os exames de rotina apenas para identificar as doenças que atingem o físico, esquecendo-se de que as doenças da alma são diagnosticadas com o diálogo e a escuta. Talvez não tenha sido nossa tecnologia quem excedeu nossa humanidade, e sim nossa própria ignorância.
Ademais, é perceptível que apenas o conhecimento técnico se faz insuficiente no processo de cura, dependendo também do conhecimento ético. Muito embora os novos meios tecnológicos incutidos à Medicina tenham se apresentado como novos desafios ao discernimento necessário por parte do profissional médico durante a relação médico-paciente, a moral humana deve-se fazer superior ao domínio tecnológico da sociedade moderna.
O doutor deve manifestar sua própria, porém comum aos médicos, necessidade intrínseca de "escutar" além do que o paciente apresenta. Um exemplo são os novos tratamentos a fim de amenizar as dores durante o parto em mulheres, por meio de diálogos, métodos de tratamento rudimentares e até manifestações de dança.
Em suma, parafraseando o médico canadense Willian Osler, a Medicina é a arte da incerteza e a ciência da probabilidade. A partir do momento em que o bom médico deixa de avaliar somente a enfermidade para avaliar o paciente que possui a enfermidade, ele se torna um excelente médico destoante do contexto tecnológico facilitador.
É imprescindível, assim, que instituições públicas e privadas, devam investir em programas de conscientização e moralização de tais futuros médicos, visando não atuar como "pseudo-auxiliadores", mas sim mantendo relações saudáveis para com os pacientes.