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A necessidade de mudanças no ensino da ciência médica

A necessidade de mudanças no ensino da ciência médica
Fernando Antônio Ramos Schramm Neto
jan. 7 - 3 min de leitura
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O Juramento de Hipócrates prevê, sem reservas, o exercício da Medicina associado aos preceitos de honestidade e caridade. Partindo dessa premissa, com a revolução tecnológica, tal profissão torna-se bastante complexa, deixando o seu antigo papel razoavelmente inócuo para trás e exigindo a formação de médicos com um sólido embasamento ético-humanístico.

No entanto, a necessidade de mudanças no atual ensino arcaico da ciência médica demanda a criação de normas de conduta para os estudantes. A conclusão, portanto, é imediata: o profissional de saúde precisa assumir seu papel como um agente de transformação social.

O médico e pensador clássico Abel Salazar afirma que o médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe. O atual padrão de ensino da ciência médica para estudantes cursando faculdades, apenas se preocupa em preencher o tempo diário dos educandos com uma larga transmissão de conhecimentos teóricos e práticos, provas, aplicações, dentre outros, visando desenvolver, majoritariamente, o lado profissional do aluno, mas se esquece de sua cultura humanística.

Esse padrão resulta em profissionais tecnicamente competentes, mas sem o estímulo e o prazer que atribuem o verdadeiro conhecimento. Um exemplo foi um estudo publicado em 2016 pelo JAMA (Jornal da Associação Médica Americana) que concluiu que um quarto dos residentes estadunidenses de Medicina sofrem de depressão, estresse ou derivados.

No Brasil, isso se reflete não só na área médica, mas em todo o campo de ensino das principais profissões remuneráveis, ou não, denotando uma completa necessidade de reformulação da forma atual de docência. Essa modificação pode partir fundamentada na imprescindibilidade de se formar não humanos profissionais, e sim profissionais humanos, sobretudo os médicos, que necessitam desenvolver diariamente necessidades empáticas intrínsecas a cada profissional ao ter que tratar os enfermos, que entram nos hospitais não como clientes, e sim como humanos.

Um exemplo disto foi a pesquisa divulgada pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, que relatava que pacientes tratados por médicos empáticos tiveram o período de resfriado reduzido em alguns dias.

Parafraseando o doutor canadense William Osler, um bom médico trata a doença, já um excelente médico trata o paciente que possui a doença. Tal ética humanista é resultante, a partir do momento em que a formulação do profissional não se limita ao amplo conhecimento técnico, apenas, mas também ao raciocínio subjetivo e empático.

É imprescindível, para tanto, que a Secretaria de Saúde, em parceria com o Governo Estadual, invista na formação humanística dos jovens doutores através do estabelecimento de matérias nas faculdades, como relações sociais, pensamentos filosóficos ou bases da antropologia, visando conscientizar os estudantes a se tornarem profissionais que não sejam limitados pelo conhecimento técnico.

 


Qual a sua opinião sobre a atual modelo de educação médica?



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