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A necessidade de uma tomada de consciência para uma nova Ginecologia e Obstetrícia

A necessidade de uma tomada de consciência para uma nova Ginecologia e Obstetrícia
Eliezer Berenstein
jan. 4 - 6 min de leitura
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O mundo está atravessando um momento de rápidas transformações: excesso de informações, novos símbolos, novos significados, novos conceitos, novos paradigmas... Globalização, integração, inter-relação, novos canais de informação... Informática, realidade virtual, etc.

Estamos diante de megamudanças culturais. As transformações são muito rápidas. As certezas, abaladas. Como lidar com tudo isso? Como saber se estamos exercendo a medicina conscientemente? Como saber se nós também estamos mudando/evoluindo?

O que é organismo vivo visto como sistema e não como máquina? No que isto implica? Como lidar com a interação mente-corpo? Como ser criativo?  Como ser consciente nestes tempos de alienação virtual?

Nós, os agentes cuidadores da mulher, área tradicionalmente chamada de Ginecologia e Obstetrícia, que pouco levava em conta a feminilidade, estamos mais vulneráveis do que nunca. Piorar ou melhorar este atendimento depende de quê? 

Em minha opinião depende de nossa consciência desta vulnerabilidade. Ela existe e se fez por conta de uma série enorme de ameaças a nossa saúde profissional, social e mental da qual não se teve consciência.

Entre algumas dessas ameaças que minha memória consegue lembrar sem muita interferência do meu inconsciente, posso citar:

  • Assédio de indústrias farmacêuticas com os mais voluptuosos desejos de... lucro$, muito$ lucro$. Pesquisa-se o que a sociedade ira consumir e não o que seria bom para a humanidade. Os últimos jogos de retirar do mercado drogas que não foram suficientemente pesquisadas nas fases experimentais revelam a fragilidade do sistema. O pesquisador de área emocional e comportamental não é bem-vindo ao quadro de pesquisadores atuais. Somos por demais poetas e idealistas.
  • Autoestima coletiva dos GOs brasileiros em baixa, por recentemente terem que mendigar aumentos de remuneração por parte dos planos de $aúde. Honorários devidos por mérito, que a sociedade insiste em negar ao médico. Oferece a ele pagamentos aviltantes, para uma medicina intermediada por burocratas, que de forma lapidar (lápide lembra-me algo) e fria. Ambas, a honra devida e os honorários negados, estão em falta na mesma medida em toda esta sociedade globelezada.
  • A importação de modelos assistenciais médicos estrangeiros, que não levam em conta as características, nem da população brasileira, muito menos dos médicos nacionais. Somos ainda, e espero que por muito tempo, muito mais afetuosos com nossas clientes do que os MDs Ianquis ou Her Professors. Não estamos exercendo, ainda, com tanto espírito de medicina defensiva nem tão ameaçados pela indústria de processos por má prática. Mesmo assim, o modelo verde-amarelo de ser do médico brasileiro está ameaçado pelo temor que temos de já estar chegando lá.

 

O novo sempre vem depois

A visão holística, psicossomática, integral ou como se queira chamar uma melhoria de atitude em relação à assistência à mulher necessita de uma abordagem mais consciente. Mais consciente do que:

  • Não podemos nos esquecer do aforisma Hipocrático: médico, cura-te a ti mesmo.  Aplicá-lo verdadeiramente é ser o exemplo da saúde para a sociedade. Não se promove saúde com medicamentos!
  • É preciso ouvir mais, aconselhar mais, entender mais e medicar menos para fazer uma medicina feminina consciente. Ter a consciência de que a indústria farmacêutica já fez várias mães sofrerem por Talidomidas e seus bebês mutilados, muitas mulheres perderem seus seios por uso de hormônios de éguas e assim por diante.
  • O novo não é bom só por ser novo. Tem que ser bom porque se volta para o bem.

Para obter esta visão do todo, sem perder as ações específicas, clínicas ou cirúrgicas, é necessário vencer preconceitos e limites pessoais e da ciência médica,  para exercer  a arte de ajudar a saúde a vir lançando mão de todos os saberes da humanidade.

O ser humano nunca adoece exclusivamente em uma parte isolada de seu corpo. Qualquer doença é reflexo de um desequilíbrio de todo o organismo e que, por sua vez, desequilibra o sistema. Segundo Samuel Hahnemann , o pai da Homeopatia, o mais alto objetivo da cura é o rápido, suave e permanente restabelecimento da saúde, ou a remoção e total destruição da doença em toda sua extensão, pelo caminho mais curto, seguro e menos prejudicial, baseado em princípios facilmente compreensíveis.        

Agir localmente sobre as alterações e lesões físicas numa  atuação objetiva e física, principalmente ao lidar com a estrutura físico-química do ser humano, e energética e subjetiva ao lidar com valores existenciais dessa mesma pessoa.

“Não pergunte que doença a pessoa tem, mas, antes, que  pessoa a doença tem. É tão importante conhecer a pessoa que tem a doença quanto conhecer a doença  que a pessoa tem” -  Sir William Osler.

 

O que precisamos fazer:

  • Estudar e desenvolver os novos conceitos sistêmicos de vida, mente e consciência.
  • Atualizar conhecimentos e informações dentro de uma proposta interdisciplinar.
  • Dar ciência às pessoas dos processos e transformações que estão ocorrendo, e oferecer a oportunidade ao grupo, para participar consciente e criativamente deste  momento histórico.
  • Desenvolver recursos para libertar o potencial humano, aplicando-o à melhora da qualidade de vida e evolução das pessoas e do planeta.
  • Desenvolver estratégias para enfrentar o desafio ético e ecológico contemporâneos.

 

“O herói moderno é o que tem coragem de atender ao chamado e empreender a busca de si mesmo.”

“Não é a sociedade que deve salvar o herói, mas o contrário.”
- Joseph Camphel

 

“Age com se o tempo fosse chegado.” - Nietzsche

 


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