Difícil, primeiramente, é definir a mente. Antes fosse um órgão, um tecido localizado em um hemisfério, numa dobra do corpo, escondido em uma cavidade.
Aprendi com o psiquiatra Dr. Rodrigo Bressan que a mente se trata de um constructo filosófico. Digamos que ela é uma espécie de neblina que ronda o cérebro, todavia, não é o cérebro.
Antes invisível. Hoje estigmatizado. O adoecimento da mente, é cercado de mistérios e desconfianças. Fenômeno que não acontece com outras especialidades e áreas da saúde.
Ainda custarei a ver o dia em que o cardiopata será culpado por sua patologia e excluído de ciclos sociais e minimizado por pessoas em seu entorno. Da mesma forma que costuma ser feito com doentes crônicos mentais.
A mente por não ser um órgão, não é legitimada como objeto passível de adoecimento. Em verdade, até mesmo o cérebro como órgão não é, por muitas vezes, reconhecido como fruto de doenças.
Então, por que doenças cardíacas são validadas e as doenças mentais não?
Enquanto o moralismo acerca das doenças e transtornos mentais existirem piorado pelos estigmas ligados à fraqueza, preguiça e fragilidade, a saúde mental será tratada como uma falha de caráter, ao invés de uma patologia.