O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica que representa elevada morbimortalidade e necessita de médicos treinados para agir rapidamente e em ambientes equipados com os materiais necessários para o manejo desta doença. O diagnóstico é feito de maneira clínica, mas a tomada de decisão terapêutica é dependente da Tomografia Computadorizada de Crânio (TC) já que o tratamento do AVC isquêmico é diferente do AVC hemorrágico.
Um bordão muito utilizada na neurologia diz que:
Tempo é cérebro
Ou seja, quanto mais cedo começarmos o tratamento no AVCi, melhor o resultado final para o paciente, mas aqui esbarramos na primeira barreira ao tratamento adequado: o tempo de início dos sintomas até o acesso a uma TC de crânio! Pensando em soluções para reduzir esse tempo, um grupo de pesquisadores criaram e testaram as "Unidades de AVC Móveis (UAM)" que consistem em uma ambulância equipada com uma TC de crânio, drogas utilizadas no tratamento do AVCi e equipe treinada no diagnóstico e manejo dessa doença.
Metodologia utilizada na pesquisa
Este é um estudo observacional, prospectivo, multicêntrico, de semanas alternadas, em que foram avaliados os resultados do gerenciamento em UMAs ou serviço de emergência comum dentro de 4,5 horas após o início dos sintomas do AVC agudo. O resultado primário foi a pontuação na escala de Rankin modificada com ponderação de utilidade (intervalo de 0 a 1, com pontuações mais altas indicando melhores resultados de acordo com um sistema de valores do paciente, derivado de pontuações na escala de Rankin modificada de 0 a 6, com pontuações mais altas indicando mais deficiência). A análise principal envolveu pontuações dicotomizadas na escala de Rankin modificada com ponderação de utilidade (≥0,91 ou <0,91, pontuações aproximadas na escala de Rankin modificada de ≤1 ou> 1) em 90 dias em pacientes elegíveis para trombólise.
Os pacientes atendidos pelas UAMs tiveram melhor desfecho em 90 dias
Para analisar quantitativamente o desfecho nesses pacientes os pesquisadores utilizaram a escala de Rankin Modificada e a escala de AVC do NIH (NIHSS). A pontuação média na escala de Rankin modificada ponderada pela utilidade em 90 dias no subgrupo de pacientes elegíveis para trombólise foi de 0,72 ± 0,35 no grupo MSU e 0,66 ± 0,36 no grupo atendido por serviços de emergência sem a UAM. As pontuações na escala de Rankin modificada com ponderação de utilidade variam de 0 a 1, com pontuações mais altas indicando melhores resultados de acordo com um sistema de valores do paciente. Em relação à escala do NIHSS houve uma redução de 30% na pontuação da linha de base para 24 horas do início dos sintomas e ocorreu em 75,0% dos pacientes elegíveis para trombólise no grupo MSU e em 67,8% daqueles no grupo sem UMAs. Os resultados clínicos secundários geralmente favorecem as UMAs.
A mortalidade em 90 dias foi de 8,9% no grupo UMAs e 11,9% no grupo não UMA.
Neste ensaio, o tratamento do AVC isquêmico agudo nas UMA em pacientes que eram elegíveis para receber trombólise resultou em menos incapacidade em 90 dias e uma trombólise mais ágil do que em ambulâncias comuns.
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Referência
- Grotta JC, Yamal J-M, Parker SA, Rajan SS, Gonzales NR, Jones WJ, et al. Prospective, Multicenter, Controlled Trial of Mobile Stroke Units. New England Journal of Medicine [Internet]. 2021 Sep 9 [cited 2021 Sep 20];385(11):971–81. Available from: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2103879
Conteúdo elaborado e traduzido por Diego Arthur Castro Cabral.