Em junho de 2024, a Endocrine Society atualizou suas diretrizes clínicas para o teste e suplementação de vitamina D, visando a prevenção de doenças. Este ajuste, significativamente influenciado por pesquisas recentes, propõe limitar a suplementação de vitamina D, além da ingestão diária recomendada, a grupos de risco específicos e desaconselha testes rotineiros de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D] em indivíduos saudáveis.
Um artigo de revisão publicado no jornal Endocrine Practice pelo Dr. Michael Holick, professor de medicina, farmacologia, fisiologia e biofísica e medicina molecular na Escola de Medicina Chobanian & Avedisian da Universidade de Boston, traz comparações entre as novas diretrizes de 2024 e as de 2011, das quais ele foi coautor.
Diferenças Entre as Diretrizes de 2011 e 2024
Abordagem Clínica: As diretrizes de 2011 ofereciam orientações específicas sobre quando avaliar um paciente para deficiência de vitamina D. Já as diretrizes de 2024 não recomendam o rastreamento de vitamina D em crianças e adultos saudáveis, o que pode criar confusão entre os profissionais de saúde sobre como identificar pacientes em risco.
Suplementação e Prevenção: Enquanto as diretrizes de 2011 forneciam informações detalhadas sobre a quantidade de vitamina D necessária para tratar e prevenir a deficiência para todos os grupos etários, as diretrizes de 2024 seguem as recomendações de 2010 do Instituto de Medicina, limitando a orientação para indivíduos a partir de um ano, sem informações específicas para bebês abaixo dessa faixa etária.
Gestação e Resultados no Nascimento: As diretrizes de 2024 reconhecem que uma suplementação aumentada de vitamina D pode reduzir o risco de resultados adversos no nascimento, como pré-eclâmpsia, partos prematuros e morte neonatal. No entanto, não recomendam o monitoramento do status de vitamina D em gestantes nem propõem uma ingestão aumentada acima de 600 UI diárias, que é a ingestão de referência dietética para todos os adultos.
Dr. Holick critica as diretrizes de 2024 por ignorarem estudos associativos e outros tipos de estudos, confiando primordialmente em ensaios controlados randomizados. Ele ressalta que, como resultado, as diretrizes não abordam os diversos benefícios da vitamina D, que incluem redução da mortalidade por câncer em mais de 25%; diminuição da incidência de câncer metastático e fatal em 38%; redução de distúrbios autoimunes em 39%; progressão de pré-diabetes para diabetes tipo 2 em 76%; e diminuição do risco de doenças vasculares periféricas em 88%.
Além disso, Dr. Holick aponta que níveis adequados de vitamina D podem reduzir significativamente o risco de infecções do trato respiratório e impactar positivamente casos de COVID-19, reduzindo hospitalizações, mortalidade e acelerando a recuperação.
A atualização das diretrizes da Endocrine Society reflete uma abordagem mais cautelosa e específica no manejo da vitamina D, que provavelmente irá requerer uma adaptação nos protocolos clínicos. Os profissionais de saúde deverão estar atentos às nuances das novas recomendações, considerando tanto a prevenção quanto o tratamento da deficiência de vitamina D, especialmente em grupos de risco identificados. A clareza na comunicação das implicações dessas mudanças será essencial para evitar a confusão na interpretação e aplicação das diretrizes em ambientes clínicos.
Referência:
Boston University School of Medicine. "Revisiting vitamin D guidelines." ScienceDaily. ScienceDaily, 2 December 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/12/241202123534.htm>.