O paciente crítico está associado
à alta morbidade e mortalidade devido à alteração na homeostase, disfunção de
órgãos e necessidade de técnicas de suporte artificiais. A disfunção dos
órgãos, sepse, ventilação mecânica prolongada e imobilidade são fatores de
risco para perda muscular, levando à fraqueza adquirida na unidade de terapia
intensiva (ICUAW – intensive care unit acquired weakness). ICUAW é o termo
utilizado para descrever os transtornos neuromusculares que se desenvolvem no
paciente crítico, sendo suas principais características a resposta
inflamatória, disfunção bioenergética, alteração no balanço proteico,
degeneração do axônio neural, alterações histológicas musculares e perda de
massa muscular.
Durante a doença crítica, fatores
como imobilização e alterações em respostas neuroendócrinas causam perda
muscular ao acarretar balanço negativo de proteína. A disfunção muscular é
causada por múltiplos fatores, incluindo alterações microcirculatórias
reduzindo o suprimento de oxigênio, redução da produção de ATP e interrupções
de canais iônicos de membrana. Essas condições, somadas à imobilização e má
nutrição do paciente torna a perda muscular um fenótipo dominante em pacientes
criticamente doentes.
No estudo de análise sistemática
intitulado “The rate and assessment of
muscle wasting during critical illness: a systematic review and meta-analysis”,
foram incluídos 3251 pacientes criticamente doentes de 53 estudos. Dentre os
principais resultados, foi constatado que durante a primeira semana da doença
crítica pacientes perdem 2% de massa muscular por dia, sendo que a perda
muscular está diretamente ligada ao tempo de permanência na UTI, além de que
metade dos pacientes críticos desenvolveram ICUAW segundo os estudos
analisados. Os pacientes que apresentam disfunção e falência múltipla de órgãos
perdem mais massa muscular do que outros pacientes.
Não existe um consenso sobre como
quantificar a perda de massa muscular nos pacientes críticos, porém a
utilização de ultrassom foi a técnica mais utilizada nesses estudos,
provavelmente por que os dispositivos são portáveis e podem ser levados até o
paciente. Foi notado que o exame eletrofisiológico resulta em uma detecção de
mais indivíduos com ICUAW.
Referência:
Fazzini, B., Märkl, T., Costas, C. et al. The rate and assessment of
muscle wasting during critical illness: a systematic review and meta-analysis.
Crit Care 27, 2 (2023). https://doi.org/10.1186/s13054-022-04253-0
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