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BlockChain na Saúde

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mai. 3 - 6 min de leitura
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BlockChain na Saúde

por Dr. Thiago Julio, publicado primeiro em seu Blog Pessoal

Você já deve ter ouvido falar no blockchain, a tecnologia por trás da principal cripto-moeda existente atualmente, o Bitcoin. Essa tecnologia permite a validação, certificação e registro de todas as transações efetuadas, de maneira imutável e inviolável, durante toda a existência do protocolo. No caso do Bitcoin, todas as trocas de moedas entre os usuários, ou seja, pagamentos e recebimentos, são registrados eternamente no bloco.

O blockchain funciona como um livro de registro, análogo ao Livro Razão contábil, onde são registradas todas as transações de uma empresa. Só que ao invés de registrar em um livro, essas transações são salvas em uma rede P2P (peer-to-peer) distribuída (descentralizada), onde cada participante é um nó da rede. Cada membro da rede armazena uma cópia exata do blockchain (contendo todos os registros já realizados. Cada transação é um “bloco” dentro de uma “corrente” de blocos. Cada vez que uma nova transação é registrada, o novo bloco é salvo no blockchain e todos os nós se atualizam. Cada novo bloco é criptografado usando a chave do bloco anterior, o que torna os registros invioláveis.

Perceba que a tecnologia do blockchain não é específica para transações financeiras, como no caso do Bitcoin. Trata-se apenas do primeiro e mais bem sucedido caso de uso e implantação do protocolo. Desde seu início em 2009  muito já se idealizava sobre seu uso para registro de outros tipos de transações, como por exemplo em processos jurídicos, cartórios, processos de certificação e autenticação, e até mesmo na saúde. Porém somente nos últimos meses começamos a ver os primeiros pilotos reais da aplicação do blockchain na saúde, graças a esforços como competições, desafios e hackathons. O governo americano, através da Coordenação Nacional de Saúde, tem sido um dos principais impulsionadores da tecnologia: desde o ano passado publicou uma proposta de um modelo de blockchain público para a saúde, lançou um desafio onde premiou as 15 melhores ideias de utilização da tecnologia e mês passado promoveu uma “Code-a-thon” onde os participantes tiveram 24h para desenvolver um piloto de solução para transações de saúde usando o blockchain e APIs open source.

Cris Hafey, criador do Cornerstone, importante framework utilizado em visualizadores DICOM, que assim como o Blockchain é totalmente baseado em Open Source, foi o segundo colocado com o time da Nucleus Health. A equipe propôs uma plataforma para troca de radiografias entre hospitais e serviços periféricos de imagem em áreas rurais. Hafey já havia publicado no seu GitHub um projeto para a criação de um log para auditoria HIPAA baseado num blockchain privado Ethereum.

Mais de dez empresas e startups já lançaram produtos usando o blockchain. A SimplyVital Health tem uma plataforma online que, quando acoplada a um prontuário eletrônico, permite a auditoria e consulta de todas as interações realizadas para um paciente. A Healthcoin usa o bloco para remunerar pacientes diabéticos que cumpram com metas terapêuticas, como uso de insulina e mudanças nos hábitos de vida. Gem Health, BRON.TECH, Guardtime, PokitDok, HealthCombix, PointNurese e Blockchain in Health Co. também estão implementando soluções usando o blockchain


Para muitos, o blockchain é a ferramenta perfeita para resolver o problema da interoperabilidade dos sistemas de saúde. Além disso, pode se tornar o padrão para troca de informações entre pacientes, provedores, entidades e pesquisadores. Esta é a opinião oficial do governo americano através do ONC. E também a do Dr. John Halamka, CIO do Beth Israel Deaconess, que esteve à frente do ONC por dez anos, e é uma importante voz na comunidade de Health IT. Em seu artigo recente na Harvard Business Review, Halamka advoga em favor da criação de um “Blockchain da Saúde”, um registro único e universal de todas as transações médicas de um indivíduo, que poderia ser acessado e consultado por diferentes sistemas clínicos. Esse é o modelo idealizado no MIT batizado de MedRec, em que o paciente passa a ser o controlador do acesso a todos os seus dados clínicos, inclusive os proveniente de celulares e wearables.

Assim o blockchain estaria nos ajudando a resolver três dos grandes problemas atuais da informática em saúde: a fragmentação das informações clínicas em diferentes sistemas e bases de dados; a interoperabilidade entre esses diferentes sistemas e formatos de arquivos; e por fim o empoderamento do paciente, uma vez que o controle sobre os dados de saúde passam dos prestadores ao paciente.

Temos que ressaltar que apesar de robusta e confiável, a tecnologia por trás do blockchain ainda está em fase inicial de maturação para uso em sistemas de saúde. Porém as vantagens de um registro de informações de saúde em uma rede distribuída, descentralizada e criptografada certamente fazem do blockchain uma das principais tecnologias a serem exploradas pela indústria de Health IT nos próximos anos.


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