A hipertensão pulmonar, uma condição grave caracterizada pelo endurecimento progressivo dos vasos sanguíneos dos pulmões, tem desafiado a comunidade médica devido à sua complexidade e gravidade. Tradicionalmente, o tratamento depende de medicações específicas e, em casos extremos, de transplante pulmonar. No entanto, uma descoberta realizada por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, liderados por Stephen Chan, pode abrir caminho para abordagens terapêuticas menos invasivas e mais acessíveis através de mudanças dietéticas.
O estudo, realizado em colaboração com a equipe de Thomas Bertero da Université Côte d'Azur, na França, divulgado em Science Daily em 02 de maio de 2024, revelou que as células dos vasos sanguíneos pulmonares em pacientes com hipertensão pulmonar possuem uma demanda elevada por dois aminoácidos específicos: glutamina e serina. Este apetite excessivo leva à superprodução de proline e glicina, aminoácidos que são precursores do colágeno, contribuindo para o endurecimento dos vasos.
Curiosamente, ao utilizar modelos em roedores, os cientistas observaram que a restrição na absorção celular de glutamina e serina impede a produção exagerada desses aminoácidos e, consequentemente, a formação excessiva de colágeno. Além disso, a equipe descobriu que a redução da ingestão desses aminoácidos através da dieta também contribui significativamente para a redução da produção de colágeno.
"Esta é a primeira vez que uma manobra dietética demonstra ser uma terapia eficaz para a doença", explica Chan, que também dirige o Instituto de Medicina Vascular e o Centro de Biologia e Medicina Vascular Pulmonar da Universidade de Pittsburgh School of Medicine e UPMC. Essas descobertas sugerem que evitar alimentos ricos em serina e glutamina, ou consumir alimentos com baixo teor desses aminoácidos, pode reforçar a eficácia dos medicamentos atuais.
Além das implicações terapêuticas, a pesquisa de Chan e sua equipe também levou ao desenvolvimento de um novo teste diagnóstico para a hipertensão pulmonar. Utilizando a tecnologia de tomografia por emissão de pósitrons (PET) e um marcador de imagem baseado em glutamina, é possível identificar as células que mais consomem este aminoácido. Esse avanço permite um diagnóstico precoce da doença e a avaliação mais eficaz das intervenções farmacológicas e de estilo de vida.
Essa pesquisa não apenas abre novos caminhos para o tratamento da hipertensão pulmonar, mas também enfatiza a importância de intervenções dietéticas como uma abordagem potencialmente eficaz e acessível no manejo de doenças crônicas. A esperança é que, no futuro, essas descobertas possam ser traduzidas em diretrizes nutricionais específicas que ajudem os pacientes a gerenciar sua condição de forma mais eficaz, reduzindo a dependência de soluções farmacológicas e cirúrgicas.
Referência:
University of Pittsburgh. "Dietary changes may treat pulmonary hypertension." ScienceDaily. ScienceDaily, 2 May 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/05/240502141221.htm>.