Como é o REVALIDA em outros países
por Fernando Carbonieri
Na iminência de um amplamente anunciado Decreto Presidencial que visa acabar com o REVALIDA, resolvemos publicar quais são as exigências de outros países para a validação do diploma em outros países.
A pesquisa reuniu sites, blogs e portais norte-americanos, australianos, espanhóis, portugueses, brasileiros, paraguaios, cubano, costa-riquenhos. Fartos de exemplos, podemos dizer que todos os países soberanos exigem pelo menos a adequação e proficiência na língua nativa. Quando não há adequação do currículo, em todos os países pesquisados verificamos a existência de um exame que aprova ou nega o pedido do exercício da profissão. Uma constante nos jornais latino-americanos pesquisados foi a altíssima taxa de reprovação dos médicos cubanos e bolivianos em todos os países, incluindo Paraguai e costa rica. Outro fator muito relatado em jornais do Chile, Costa Rica e Paraguay foi de que o currículo boliviano e cubano não é adequado, exigindo quase sempre um exame para revalidação e adequação dos conhecimentos às necessidades do país.
que acabaria com a validação da formação em medicina e adequação do médico às peculiaridades legislativas e epidemiológicas
Primeiramente, o que é o REVALIDA?
O REVALIDA é um exame que o brasileiro ou qualquer ser humano de qualquer nacionalidade, que fez medicina em outros países, necessita realizar para poder validar sua formação e, assim obter o Registro Profissional em algum dos Conselhos Regionais de Medicina. Ele é organizado pelo INEP ( Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira ) em parceria com a Secretaria de Educação Superior (SESu/MEC), com o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério de Relações Exteriores (MRE), desde 2010.
Segundo o site do REVALIDA 2013:
Trata-se de um exame que, elaborado por especialistas renomados, permite tanto às Instituições de Educação Superior quanto aos médicos cujo diploma de Medicina foi expedido no exterior obter maior agilidade, confiabilidade e eficácia nos processos de validação de diplomas médicos no país.
O exame, assim como uma prova de residencia médica, é composto de duas fases:
A primeira, ao custo de 100 reais, é composta de 110 questões de múltipla escolha e discursivas (é preciso saber escrever um português correto para passar no exame) os agravos em saúde mais prevalentes no Brasil. As matérias, cada uma com peso de 20% são Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia/Obstetrícia e Saúde Coletiva.
A segunda, ao custo de 300 reais é uma Prova de Habilidades Clínicas – afere conhecimentos quanto à prática de atendimento médico e exige do requisitante conhecimentos relativos à prática médica.
Você pode baixar a prova de 2011 clicando nos Links a seguir (Primeira fase; Gabarito Primeira fase - Segunda Fase; Gabarito Segunda Fase)
Como é a validação do Diploma nos EUA
O USMLE é dividido em 3 etapas, e é o seu desempenho no conjunto delas que provará às autoridades norte-americanas que está preparado para ser um médico, capaz de colocar em prática todo o conhecimento e os conceitos básicos da profissão de maneira ética.
A primeira etapa consiste em uma prova teórica de 322 questões, com 8 horas de duração, que é realizada pela internet. A maioria dos estudantes americanos a prestam ao final no segundo ano de faculdade, pois ela testa se o médico conhece os princípios da ciência básicos para a prática da medicina e é capaz de executá-los em teoria.
A segunda etapa é dividida em dois passos: o primeiro passo é chamado de 2CK e consiste em outra prova teórica, desta vez composta por 352 questões de múltipla escolha que devem ser realizadas em uma duração de até 9 horas. É um desafio maior do que a primeira etapa, pois determina se o médico tem o conhecimento essencial para prestar assistência aos pacientes, e apresenta questões complexas, com assuntos distintos apresentados aleatoriamente. Ou seja, você tem que ser capaz de mudar ‘dá água para o vinho’ sem perder a linha de raciocínio nem gastar tempo demais. Para piorar, a prova é cheia de ‘pegadinhas, pois algumas questões apresentam mais de uma alternativa correta, só que apenas uma das respostas é considerada a ideal.
O segundo passo, chamado 2 CS, consiste em 8 horas de teste ao vivo que simula um dia típico em uma clínica ou um hospital norte-americano. Ou seja, você atenderá pacientes fictícios (atores treinados) e precisará provar que é capaz de se comunicar com eles com clareza e de maneira profissional, além de analisar os casos que lhe forem apresentados, requisitar os exames corretos, informá-los sobre qualquer diagnóstico, responder suas perguntas...
Por fim, a terceira etapa é um teste de 500 questões realizado em até dois dias de duração, que mistura todos os conhecimentos que um médico deve ter em uma complexidade ainda maior do que as provas anteriores.
Na União Européia
Segundo um site espanhol, para praticar medicina na UE você deve pelo menos ser especialista em alguma Grande área médica. Ou seja, você já deve ter cursado residência ou ter título de especialista em Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia, Medicina de Família, Pediatria, Ortopedia...
Outra forma seria uma PROVA equivalente a dos concursos de residencia médica brasileira para realizar um programa que o especializaria na requerida área.
Na Austrália
- Etapa 1: Aprovação no teste de proficiência em inglês*( IELTS).
- Etapa 2: Apresentação do programa de ensino sobre o sistema de saúde australiano.
- Etapa 3: Aprovação nos exames da Australian Medical Council.
- Etapa 4: Obtenção do Registro Temporário.
- Etapa 5: Trabalho supervisionado.
- Etapa 6: Obtenção do Registro Geral
No Canadá
- MCCEE: obrigatório somente para médicos formados no exterior. Médicos canadenses não precisam passar nesse exame.
- MCCQE part 1: obrigatório para todos os médicos, tanto para os formados no Canadá quanto no exterior.
- MCCQE part 2: obrigatório para todos os médicos, tantos para os formados no Canadá quanto no exterior.
Em Ontário existem 2 outras exigências a serem completadas antes que se possa conseguir o registro profissional:
- Residência médica em uma Universidade Americana ou Canadense;
- Titulo de especialista na área de especialização, no meu caso titulo de especialista em Family Medicine obtido após prova escrita e oral junto ao College of Family Physicians of Canada.
No Chile
Há um acordo na Universidad do Chile, que permite a validação do diploma dos países latino americanos sem uma prova.É necessário enviar os documentos requisitados que incluem toda a carga horária para cada matéria, assim como os conteúdos abordados. Da mesma forma é pedido a mesma carga horária do internato. Caso não haja adequação do currículo do requisitante com as exigências da faculdade, será realizada uma prova semelhante à brasileira uma prova comprovar a aptidão daquele que quer exercer medicina naquele país. A taxa de reprovação foi de 79% no ano passado.
Na Costa Rica
Necessário a homologação da Univercidad de Costa Rica. O exame que a universidade requisita é composto de 100 questões gerais,provas práticas, e proficiência na língua. Há uma alta taxa de reprovação.
Em Cuba
Mesmo os médicos que se formaram em cuba devem cumprir 1 ano de serviço rural para poderem exercer a profissão no país. Durante a vida inteira esses médicos ganharão menos de 1 dólar por dia de trabalho
No Paraguai
Também exige adequação curricular. Caso não haja uma prova nos padrões do REVALIDA é aplicada pela UNA (Universidade Nacional de Assuncion)é aplicada. Caso o requerente passe, assim como em todos os outros países, ele terá a autorização para trabalhar no país.
infelizmente não obtive fontes de como é a validação do diploma para exercer medicina na Bolívia ou na Argentina. Se alguém tiver essa informação colabore conosco.
Fernando Carbonieri é aluno do 12ºperíodo do Curso de Medicina da FEPAR e criador do Portal Academia Médica