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Como identificar e diminuir o estresse da mudança de lar em crianças

Como identificar e diminuir o estresse da mudança de lar em crianças
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jun. 21 - 9 min de leitura
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É sempre um desafio novo para nós, desde que nascemos passamos a ser desafiados de diversas formas, e a tendência natural da vida é que cada vez mais os desafios vão se tornando maiores e mais complexos, vivendo jornadas de heróis dia após dia.

E o tema do artigo de hoje aborda isso. De uma maneira mais focada, isso é, vamos falar sobre o estresse que é para as crianças a mudança de casa e quais são os recursos que podem reduzi-lo. Auxiliando ao mesmo tempo os pais e as crianças.

Como surgiu a temática?

Uma pessoa nos Estados Unidos se muda aproximadamente 12 vezes de casa durante a sua vida, e elas relataram que essa experiência foi uma das mais difíceis da vida delas, o cenário aqui no Brasil é um pouco diferente em relação à frequência, diminuindo para 6 vezes, no entanto é difícil quem diga que goste de fazer mudanças.

As mudanças geralmente surgem pela necessidade dos pais e não das crianças, e muitas vezes elas não entendem o motivo daquilo, portanto é importante saber como garantir o mínimo de estresse durante a mudança para as crianças.

Portanto, é uma ótima leitura para você, principalmente para quem trabalha com crianças, pois durante esse artigo serão expostas técnicas para que as crianças sejam menos afetadas quando expostas à mudança de lar.

Como as crianças são afetadas pela mudança?

Um estudo publicado no jornal de epidemiologia e saúde da comunidade mostrou correlação entre a mudança de endereço em idades mais jovens e uma saúde mental ruim mais tarde. Com isso, os autores(as) concluíram que a mobilidade residencial pode ser um marcador muito útil para o risco de declínio da saúde mental de adolescentes e pessoas mais velhas.

Um outro estudo da Universidade de Virgínia fez a correlação entre a mobilidade residencial e o bem-estar em uma amostra de mais de 7 mil Estadunidenses adultos que foram acompanhados por 10 anos. Nesse estudo, ele concluiu que quanto mais mudanças ocorreram na infância, menores foram os níveis de bem-estar na vida adulta.

De acordo com Dr. Brent Potter, conselheiro licenciado para saúde mental disse que a escala de Holmes-Rahe para estresse classifica a mudança como um dos eventos mais estressantes da vida. Tal escala permite analisar a quantidade de estresse que foi vivenciada num período específico de tempo.

Brent ainda conclui: (tradução livre)

“A mudança pode causar impactos em longo prazo em crianças”

E o que pode ser feito?

A partir dos dois estudos expostos conclui-se que a mudança pode ter vários efeitos negativos, no entanto é difícil que uma pessoa vá viver para sempre na mesma cidade e que nunca vá necessitar se mudar.

A partir disso, um dos estudos traz um resultado interessante, os efeitos negativos da mudança apenas aparecem em pessoas introvertidas, mostrando que a interação social e o desenvolvimento de relações podem ajudar e muito no gerenciamento do estresse decorrente de uma mudança.

Quais são as causas do estresse da mudança nas crianças?

Quando ocorrem as mudanças, a criança é submetida a uma nova rotina, nova vizinhança, um novo layout de casa/vida. Nessa mudança muitos amigos podem ser deixados para trás, ocorrem mudanças de escola, os professores que elas estavam acostumados já não são os mesmos que dão aulas agora, e essas mudanças geram ansiedade e estresse.

Uma psicóloga expert em infância, membro da Sociedade de pesquisas clínicas, Lauren DiMaria relata:

“uma mudança combinada com uma mudança de família pode ser traumática para uma criança e trazer sentimentos de insegurança, isolamento ou raiva, os mesmos sentimentos que são vistos na depressão.”

E isso nos mostra que se uma mudança foi motivada por uma desestrutura familiar ou por causa de um divórcio, mais atenção é necessária em prol de cuidar da saúde mental dos baixinhos.

Já entendemos a problemática, agora quando saber que as crianças estão mal?

Existem alguns sinais importantes que podem levantar suspeitas.

Segundo a U.S National Library of Medicine’s MedlinePlus.gov os sinais físicos do estresse são:

  • Dor de cabeça

  • mudanças nos hábitos alimentares ou apetite diminuído

  • Enurese noturna nova ou recorrente

  • Pesadelos

  • Distúrbios de sono

  • Dor estomacal

  • Outros sintomas psíquicos que não resultam em dor física

 

Além disso existem também os sinais de níveis elevados de estresse (Medline.gov)

  • Ansiedade, preocupação

  • Incapacidade de relaxar

  • Medos novos ou recorrentes, incluindo medo de ficar sozinha, do escuro ou então de estranhos

  • Extremo apego, se recusando a ficar fora de vista 

  • Raiva, choros ou choramingos

  • Incapacidade de controlar as emoções 

  • Comportamento agressivo ou teimosia

  • Volta a comportamentos típicos de uma idade anterior

  • Recusa a participar de atividades familiares ou escolares

 

Agora vamos ver medidas que podem então diminuir o estresse causado às crianças durante a mudança

Informe as crianças sobre a mudança

Assim que perceber que a mudança irá ocorrer, busque avisar a criança. Isso mostra a ela o por quê de toda a movimentação e que aquilo não é algo negociável

Drª Sarah Rasmi diz que os pais também podem tentar mostrar os aspectos positivos da mudança, mesmo que as crianças possam ficar chateadas com aquilo. Cabe aqui ressaltar que é importante os pais darem o tempo necessário para a criança digerir aquilo e se preparar para responder qualquer tipo de pergunta que advenha dela.

Envolva as crianças no processo de decisão 

É difícil achar o meio termo entre o quanto escutar e acatar as opiniões dos baixinhos, mas é necessário que eles participem do processo de mudança. Dentre o tipo de coisas que eles podem participar está: a cor do quarto que vai querer, qual layout de quarto futuro irá querer, o que irá querer levar da moradia antiga.

Cabe aqui a ressalva também que é prudente que os pais tenham um senso crítico em relação a isso, para ver o que a criança está tendo de motivação para ir morar em tal lugar e também colocar um limite para o que ela pode decidir.

Torne o processo de mudança divertido

O input da mudança para as crianças depende da atitude dos envolvidos na mudança, nesse caso, os pais ou responsáveis. O sentimento dos pais em relação à mudança pode influenciar a percepção que a criança terá. E para tornar isso mais descontraído aqui vão algumas ideias para a mudança:

  • Entretenha as crianças pedindo para elas ajudarem

  • Convide os amigos dessa criança para uma festa bem legal onde todos podem dizer adeus (no mundo pós-pandemia é claro)

  • peça para que a criança escolha as músicas enquanto empacotam as coisas e durante a mudança

  • Se a viagem de mudança for para um local distante, busque encontrar pontos legais para parar e se divertir um pouco

  • Antes de começar a se estabelecer na casa e dar os próximos passos busque levar a criança para algo legal na cidade nova.

 

Coisas que devem ser evitadas no processo

  • Parecerem estressados e gritar com as crianças ou com alguém 

  • Não pensar no que as crianças irão comer durante o processo

  • Não pedir ajuda caso seja necessária

  • Não saber onde os filhos estão durante o processo de mudança

  • Esquecer coisas que as crianças possam precisar durante a mudança, tais como brinquedos, roupas para troca e medicação

  • Esquecer de checar a segurança do local como cortinas com fios, degraus, tomadas elétricas na casa antiga e nova.

O pote de ouro da mudança

Após a mudança é necessário que as crianças recebam um apoio para se estabelecerem no novo local. 

Uma das dicas legais é manter a rotina da criança o mais próximo do que era a anterior possível, isso inclui não mudar hábitos de sono e alimentação.

Dr. Potter também recomenda:

Não desempacotar tudo num dia só, ele sugere que as coisas voltem ao normal sem demora em prol de não mudar muito a rotina da família.

 

O que achou desse texto, acredita que ele pode ajudar algumas famílias? no seu dia a dia de profissional, já vivenciou algum problema relacionado?

 


Por Yan Kubiak Canquerino - Colaborador da Academia Médica


 

Referências

How To Reduce Stress When Moving With Kids - Moving Company Reviews Blog : Moving Company Reviews Blog. Acesso em: 19/06/2021.

Pesquisa mostra que brasileiros mudam de casa pelo menos 6 vezes durante a vida | Amapá Digital (amapadigital.net). Acesso em: 19/06/2021.

Migration/Geographic Mobility (census.gov). Acesso em: 19/06/2021.

 










 


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