No Brasil, a luta contra a endometriose foi debatida em um webinário focado na conscientização e no diagnóstico precoce desta doença crônica que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva. Organizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Beneficência Portuguesa, o evento "Dor não é normal: Conscientização sobre a Endometriose" foi dirigido a profissionais da atenção primária à saúde (APS) e ao público em geral, buscando combater o estigma cultural que naturaliza a dor menstrual intensa como algo comum.
O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento significativo de atendimentos relacionados à endometriose na atenção primária, saltando de 82.693 em 2022 para 145.744 em 2024, o que representa um crescimento de aproximadamente 76,24% em apenas três anos. Esse aumento reflete a crescente demanda por serviços de saúde qualificados para lidar com essa condição, que muitas vezes é mal compreendida tanto por pacientes quanto por profissionais de saúde.
A endometriose é caracterizada pelo crescimento de células semelhantes às do endométrio (revestimento interno do útero) em outras partes do corpo, principalmente na região pélvica. Essas células são sensíveis às variações hormonais do ciclo menstrual, causando inflamação, dor e formação de tecido cicatricial, conhecido como aderências. Os sintomas mais comuns incluem cólicas menstruais intensas, dor pélvica fora do período menstrual, inchaço abdominal, dor durante relações sexuais e alterações intestinais durante a menstruação.
O diagnóstico da endometriose é complexo e pode levar em média de 6 a 7 anos após o início dos sintomas, o que ressalta a importância de eventos educativos como o promovido pelo Ministério da Saúde. A coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Mulheres, Renata de Souza Reis, destacou o papel crucial da atenção primária no combate ao estigma e na educação em saúde para uma abordagem clínica mais efetiva.
Durante o webinário, que foi transmitido ao vivo pelo canal do DATASUS, especialistas discutiram os principais sinais da doença e enfatizaram a necessidade de desmistificar a dor intensa como parte natural do ciclo menstrual. Além do webinário aberto ao público, o evento também contou com uma roda de conversa interna voltada às trabalhadoras do Ministério da Saúde, reforçando o compromisso da instituição com a saúde feminina.
A endometriose além de uma condição médica, é um desafio social que requer atenção, compreensão e ação imediata para garantir a qualidade de vida de quem convive com essa doença.
Referência:
Ministério da Saúde. (2025, março). Endometriose: Atendimentos na atenção primária do SUS crescem 76,2% em três anos e impulsionam debate. Governo do Brasil. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/marco/endometriose-atendimentos-na-atencao-primaria-do-sus-crescem-76-2-em-tres-anos-e-impulsionam-debate