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CRISPR: A biotecnologia que pode editar a humanidade

CRISPR: A biotecnologia que pode editar a humanidade
Renata Velloso
fev. 16 - 4 min de leitura
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CRISPR: A biotecnologia que pode editar a humanidade

O que é?
CRISPR é uma ferramenta de engenharia genética que permite a edição de genes.
Ele foi descoberto no final da década de 80 quando se estava pesquisando o sistema de defesa da bactéria E. Coli contra infecções por virus.

A bacteria usa o CRISPR para reconhecer o DNA viral e criar uma espécia de vacina contra novas contaminações de virus, e diferente das vacinas, essa é transmitida para as futuras gerações de bactérias.

Em 2012 duas pesquisadoras Emmanuelle Charpentier (França) & Jennifer Doudna (Berkeley) conseguiram manipular em laboratório essa tecnologia usada pelas bactérias, mas Feng Zhang do MIT e Harvard defende ter registrado a primeira patente com a tecnologia.

Basicamente o CRISPR, que tem a função de ser uma espécie de GPS genético dentro da célua é empacotado junto com uma proteína chamada cas9 que tem a função de “tesoura” e junto com um molde de RNA. Com isso. teoricamente é possível editar qualquer gene de qualquer espécie.

Qual a diferença entre o CRISPR e outras tecnologias de engenharia genética já existentes?
Ele é muito mais preciso e muito mais barato.

Podemos comparar que antes se você tinha que mudar todo o “hardware” celular para modificar o DNA e agora é como se você conseguisse consertar um problema ou criar algo novo simplesmente mudando o “software”.

É tão acessível que tem Kits sendo vendidos no Indigogo por cerca de $75-100 e se você for comprar os componentes separadamente vai gastar uns $60.

Quais as aplicações?
O CRISPR pode ter aplicações de engenharia genética na agricultura e de animais, por exemplo já está sendo criado gado leiteiro sem chifre usando essa técnica.

Cientistas do Reino Unido já receberam autorização para editarem embriões humanos para estudar formas de aumentar as taxas de sucesso de fertilização in vitro em tratamentos contra a infertilidade. Pela regra esses embriões deverão ser descartados após 7 dias de cultura.

O CRISPR também pode ser usado no tratamentos de genéticas como Fibrose Cística, Anemia Falciforme, Distrofias Musculares. Hoje existem mais de 6.000 doenças genéticas conhecidas e apenas 5% delas tem tratamento específico.

Será possível também a criação de novos tratamentos contra doenças virais que atuam no DNA das células como HIV, tratamentos contra câncer, silenciando genes de multiplicação das células tumoral e até tratamentos em caso de infarto ou outras doenças induzindo o remodelamento do órgão afetado.

Enfim, infinitas possibilidades. Os testes clínicos em humanos devem começar dentro de 2 anos e aplicações em massa em um prazo de 10 anos.

Mas a técnica abre espaço para uma série de questões éticas importantes como por exemplo: 
Como lidar com a possibilidade do "design" de embriões humanos? Seria uma forma de eugenia? O fim da diversidade humana?

Estaremos aumentando a desigualdade social através de uma desigualdade genética?
Como imperdir que grupos terroristas usem a técnica para criar uma arma biológica de destruição em massa? James Chapper (diretor da US National Intelligence classificou a edição genética com esse potencial, a única ameaça biológica entre uma lista de 6 ).

São todas questões fundamentais e que podem afetar não apenas a nossa profissão como também toda a humanidade. Portanto, vale a pena o médico se inteirar desse importante assunto.

Abaixo você encontra a animação de como funciona o CRISPR. Ela foi encomendada pela McGovern Institute for Brain Research do MIT.

Mais sobre esta tecnologia, entre em contato com Renata Velloso ou encontre as informações no Blog do Dr. Zheng, pesquisador que lidera as pesquisas sobre o CRISPR.

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