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Demografia Médica de São Paulo

Demografia Médica de São Paulo
Fernando Carbonieri
jan. 29 - 15 min de leitura
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Confira qual é o cenário da medicina no estado mais rico do país nesse infográfico organizado pelo Academia Médica.

 Demografia Médica de São Paulo

Os dados foram retirados do estudo Demografia Médica de São Paulo, promovido pelo CREMESP, que você acompanha sua análise a seguir, ou no site da instituição.

Demografia Médica no Estado de São Paulo apresenta  a seguir um Atlas inédito de cada uma das 17 Regionais de Saúde. O primeiro dos mapas é uma radiografia geral, com as características do estado. Os seguintes traçam um perfil de cada um dos Departamentos Regionais de Saúde. Traz um mapa indicando a localização e as características do Departamento, o número de municípios que integram aquela unidade, a população, o total de médicos, a razão de médicos por 1.000 habitantes e a porcentagem que representam no conjunto do estado. Indica igualmente o município-sede da Regional em questão, o número de médicos que ali residem, a razão medico por habitante na cidade e quanto esses profissionais representam no conjunto do estado. Esse dado mostra, por exemplo, a concentração de médicos nos municípios maiores.
O Atlas traz também um perfil dos médicos de cada Regional, a porcentagem de homens e mulheres, a razão masculino/feminino, a idade média dos profissionais e o tempo de formado. Mostra, da mesma forma, o histórico escolar e de formação dos médicos de cada Departamento, se foram formados em São Paulo ou outros estados, se estudaram em escola pública ou privada.
O Atlas ainda mostra o número de especialistas e generalistas em cada Regional, a porcentagem de cada grupo em relação ao estado, assim como a razão entre especialistas e generalistas.
Finalmente, o levantamento traz para cada Regional uma lista completa das 53 especialidades e o número de profissionais com registro em cada uma delas. É preciso observar que nesta fase do estudo, cada profissional foi contado como um especialista ou um generalista, mesmo que tenha registro em duas ou três especialidades. Desta forma, foram considerados 59.555 especialistas, enquanto no capítulo sobre especialidades eram 69.416, já que 9.861 deles tinham registro em mais de uma área. Essa regra vale para todos os dados do Atlas. Assim, foram considerados os 106.415 médicos com registro no Cremesp em outubro de 2011, divididos entre 59.555 especialistas e 46.898 generalistas distribuídos pelos 17 Departamentos Regionais de Saúde.

Grande São Paulo tem 1,35 especialista para cada generalista

O Estado de São Paulo conta com 1,26 médico especialista para cada generalista. No Brasil, a razão é de 1,23. A maioria das Regionais tem razão semelhante, com exceção de duas onde os especialistas são em menor número. São os Departamentos de Presidente Prudente, com razão de 0,88, e o de Registro, com 0,97 especialista para cada generalista. Piracicaba se destaca na outra ponta, com 1,81 especialista por generalista. O Departamento da Grande São Paulo, que reúne 53,20% dos médicos do estado, tem uma proporção de 1,35 especialista por generalista. Como já se constatou na Demo¬grafia Médica no Brasil, onde há menos médicos, há menos especialistas. Essa relação vai se refletir também dentro de cada Regional, e para cada especialidade.
A Pediatria, a Ginecologia-Obstetrícia, a Cirurgia Geral e a Clínica Médica, nessa ordem, são as especialidades com maior número de profissionais registrados no Estado de São Paulo, conforme se viu no capítulo 4. A Grande São Paulo, por concentrar a maior fração de médicos, também repete essa ordem. Nas demais Regionais, pelo menos três das especialidades citadas aparecem na lista daquelas com maior número de registro, com Pediatria e Ginecologia-Obstetrícia se revezando em primeiro ou segundo lugar. A Anestesiologia e a Cardiologia também têm destaque em todos os Departamentos.

A Regional de Registro, a menos servida por médicos e serviços, não tem especialistas em 21 das 53 áreas. Dos 107 especialistas residentes no Departamento, o maior grupo é de pediatras, com 22 profissionais, seguido por 11 ginecologistas-obstetras. Existem 19 cirurgiões nas dez áreas cirúrgicas, dez deles atuando em Cirurgia Geral. Embora a razão médico-habitante seja a menor do estado, Registro concentra profissionais em áreas básicas, uma tendência que já se viu nas regiões menos servidas do território paulista e no conjunto do país. Outro fato a ser lembrando é que Registro tem mais generalistas que especialistas — e que, como é muito frequente, os generalistas acabam se dedicando sobretudo às áreas básicas, reduzindo a carência numa frente que responde por pelo menos 80% das necessidades da população.

Medicina do Trabalho e Medicina de Tráfego aparecem com uma frequência relativamente alta em todas as Regionais, por conta, sobretudo, das necessidades legais nessas áreas.
As Regionais, cujas sede são centros médicos importantes, têm uma distribuição na proporção de especialistas bastante semelhante à do conjunto do estado.

Concentração se dá nas cidades maiores
O levantamento realizado para o Atlas reforça a tese de que, mesmo sendo o estado com menor desigualdade entre as regiões, São Paulo concentra os profissionais nas cidades sede dos Departamentos, que costumam ser a mais importante da área. Em decorrência, são também as que dispõem de maior número e melhores equipamentos e serviços de saúde. Os números da cidade sede aparecem em cada um dos mapas das Regionais.
A capital São Paulo, por exemplo, reúne 48.947 médicos, o equivalente a 86,40% dos profissionais na ativa na Regional da Grande São Paulo. Isso resulta numa razão de 4,34 médicos por 1.000 habitantes, contra uma razão de 2,88 para o conjunto do Departamento. Aqui a concentração se explica também pela proximidade dos municípios da Região Metropolitana, o que faz com que muitos médicos tenham residência em São Paulo e trabalhem nas cidades vizinhas.

Na maioria dos Departamentos, no entanto, a cidade sede tem uma razão médico-habitante pelo menos duas vezes maior que a do conjunto da Regional. A Baixada Santista tem 1,95 médico por 1.000 habitantes enquanto Santos, a cidade sede, tem uma razão de 6,00. Dos 3.243 médicos da Regional, 77,70% estão concentrados em Santos. O DRS de Campinas exibe uma razão médico habitante de 2,45, enquanto a sede tem razão de 5,11. A Regional de Presidente Prudente tem 1,82 médico para cada 1.000 moradores, enquanto a sede tem 4,38. A cidade de São José do Rio Preto conta com razão de 4,79, enquanto o conjunto de sua Regional tem 2,27 médicos por 1.000 habitantes. Alguns Departamentos fogem a essa regra: em Bauru, há mais médicos por 1.000 habitantes no conjunto da Regional (3,94) que na cidade sede, que tem razão de 2,31. Na Regional de Franca há quase um empate, razão de 1,43 no conjunto do Departamento contra 1,83 na sede.

Mulheres São Minoria em todas as regionais

Os homens representam 59,1% do contingente de médicos na ativa no Estado de São Paulo. As mulheres são 40,9%. A razão é de 1,44 homem para cada mulher. Para o conjunto do país, os números são muito próximos: 58,74% para os homens e 41,26% para as mulheres, razão de 1,42. A Grande São Paulo exibe a maior porcentagem de mulheres entre todas as Regionais, tendência que vem se firmando a cada ano em todo o país. Nos seus 39 municípios, as mulheres são 44,2% contra 55,8% dos homens, razão de 1,26. Entre os Departamentos que apresentam uma participação de homens acima da média nacional estão Presidente Prudente, 1,68; Ribeirão Preto, 1,66; Sorocaba, 1,61; e Taubaté, razão de 1,44 homem para cada mulher. Em sete Regionais há entre 2 e 2,5 médicos para cada mulher médica: em Araçatuba a razão é de 2,32; em Araraquara, 2,62; em Barretos, 2,50; em Franca, 2,32; em Piracicaba, 2,02; em Registro, 2,28; e em São João da Boa Vista, 2,33. Quando se compara os dois extremos, vê-se que a Grande São Paulo (razão de 1,26) tem, proporcionalmente, duas vezes mais médicas mulheres que a Regional de Araraquara (razão de 2,62). Em todos os Departamentos, as mulheres são minoria.

 

Presidente Prudente tem médicos com menor média de idade
Os 106.415 médicos em atividade no Estado de São Paulo têm média de idade de 45,1 anos (com desvio padrão de 14,0), o que indica uma profissão com faixa etária bastante concentrada, conforme foi mostrado no Capítulo 2. O contingente de médicos paulista está formado há 20,88 anos, com desvio padrão de 13,6. Para o Brasil, a média geral dos médicos é de 46,03 anos, com desvio padrão de 13,64 anos, indicando que os profissionais paulistas entram no mercado um ano mais novo que seus colegas das demais unidades da Federação.

A Regional da Grande São Paulo, como se viu em outros quesitos, é a que puxa a média dos indicadores, já que é, de longe, a mais numerosa do estado. Assim, a média de idade dos profissionais desse Departamento é de 45,0 anos (desvio padrão de 14,0), com tempo de formado de 20,7 anos (desvio de 13,7). A Regional de Registro é a que tem profissionais com média de idade mais alta, 50,2 anos (desvio de 12,3) e o tempo de formado dos médicos é de 25,1 anos. No Departamento de São João da Boa Vista os profissionais têm média de idade de 48,2 anos e no de Araçatuba a média é de 47,6 anos.

A única explicação para esse perfil etário mais alto é a precariedade dos serviços de saúde da região – como acontece com a Regional de Registro – ou a distância da Capital, como acontece com Araçatuba. Profissionais mais jovens e do sexo feminino estão mais presentes nos principais centros médicos e de ensino, ou em regiões mais próximas desses centros.

Entre as Regionais com profissionais mais jovens estão Presidente Prudente, com média de idade de 42,0 anos e 17,6 anos de tempo de formado; Ribeirão Preto e São José do Rio Preto têm média de 43,7 anos. As três cidades sede, embora distante da Capital, são polos econômicos e de ensino e com significativa participação das mulheres. Vale lembrar que no conjunto do estado, as médicas apresentam média de idade menor que a dos médicos, 41,1 anos contra 47,5. Significa dizer que onde a proporção de mulheres é menor, a idade média dos profissionais também é mais baixa.

 Em três Regionais, maioria se graduou fora do Estado.


Outro dado inédito deste levantamento é o estado onde se formaram os profissionais em atividade no território paulista – o que se considera aqui é o local da graduação, independentemente de serem especialistas ou generalistas e de terem se formado em escola pública ou privada. No conjunto do Estado de São Paulo, dos 105.415 médicos na ativa, 65.147 deles, ou 61,2%, são formados em escolas paulistas. Os outros 38,8% se graduaram em outros estados da Federação, ou mesmo em outros países.
No geral, a maioria das Regionais repete uma proporção de dois terços formados em São Paulo e um terço em outros estados. Três departamentos fogem dessa regra, apresentando mais médicos graduados fora que profissionais formados em escolas paulistas. Na regional de Registro, 35% dos médicos se formaram no Estado de São Paulo, contra 65% que vieram de fora. Na Regional de Taubaté, há 44,7% formados em escolas paulistas contra 55,3% de médicos graduados fora. Na de Franca, a porcentagem é de 47,2% a 52,8%. A proximidade com a divisa de outros estados, a dificuldade de contratação de profissionais e a inexistência de escolas médicas na região podem explicar o número mais elevado de médicos de outras unidades da Federação. Em posição oposta, estão quatro Regionais com cerca de 70% de profissionais formados em território paulista, Marília, Bauru, Presidente Prudente e São José do Rio Preto.

Na região de Santos, 70,5%, se formaram em escolas privadas

Outro indicador importante é o perfil das escolas nas quais se formaram os profissionais que residem no Estado de São Paulo. Entre todos os médicos com registro no Cremesp, 52,7% estudaram em escolas públicas e 47,3% em estabelecimentos privados. A Grande São Paulo reproduz de muito perto essa proporção, 51,4% a 48,6%.

É esperado que haja mais egressos do ensino público nas regiões e cidades sede onde estão as principais escolas médicas federais e estaduais. Assim, a Regional de Ribeirão Preto tem 72,5% de seus médicos formados em faculdades públicas, contra 27,5% em escolas privadas – Ribeirão Preto abriga a escola de Medicina da USP. No Departamento de Bauru, onde está a escola médica da Universidade Estadual (Unesp) de Botucatu, há 67,4% médicos formados em escola pública, contra 32,6% em privada.

Em quatro Regionais há mais médicos formados na rede privada que nas escolas públicas. Em Santos, são 70,5% de egressos de instituições privadas contra 29,5% de públicas. Em Presidente Prudente, são 63,0% contra 27,0%. Em Sorocaba, os médicos formados em faculdades privadas são 66,6% contra 33,4% de escolas públicas. E em São João da Boa Vista, os formados em instituições privadas ganham de 54,4% a 45,6%.

No conjunto do Estado, os médicos formados em escolas públicas ainda são maioria por uma pequena diferença. Relação que tende a se inverter com a predominância de instituições privadas entre as escolas médicas recém abertas ou em fase de abertura.

Demografia Médica do Estado de São Paulo (Suplemento da Demografia Médica no Brasil), Relatório de Pesquisa/Dezembro  de 2012. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo/Conselho Federal de Medicina. 

 


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