A prevenção de doenças cardiovasculares deve começar cedo. Estudos mostram que fatores de risco cardiovascular na infância estão vinculados a doenças cardiovasculares mais tarde na vida. Dada a crescente prevalência da síndrome metabólica entre jovens — cerca de 3% em crianças e 5% em adolescentes —, é urgente a necessidade de intervenções multissetoriais para melhorar a saúde cardiometabólica nessa população.
A Dieta Mediterrânea é reconhecida por seus benefícios à saúde. Caracteriza-se pelo uso do azeite de oliva como principal gordura dietética e alto consumo de frutas, vegetais, leguminosas, cereais integrais e nozes, com baixa ingestão de carnes vermelhas e processadas, alimentos ultraprocessados, doces e frituras. Estudos sugerem que a dieta mediterrânea reduz o risco de doenças não transmissíveis, como câncer, síndrome metabólica, hipertensão e doenças cardiovasculares.
O objetivo deste estudo, publicado em JAMA Network Open, foi analisar ensaios clínicos randomizados (RCT) que avaliaram intervenções baseadas na dieta mediterrânea entre crianças e adolescentes. A revisão sistemática e meta-análise incluiu 9 RCTs com duração mínima de 8 semanas. Os resultados indicam reduções na pressão arterial sistólica, triglicerídeos, colesterol total e LDL-C, e aumento no HDL-C. No entanto, é necessário cautela ao interpretar os resultados devido ao número limitado de estudos.
Apesar das limitações, os achados são significativos. Reduções na pressão arterial sistólica durante a infância podem reduzir substancialmente o risco de doenças cardiovasculares na vida adulta. Além disso, níveis elevados de triglicerídeos, colesterol total e LDL colesterol estão associados a um maior risco de aterosclerose e doenças cardiovasculares, enquanto níveis elevados de HDL colesterol são considerados protetores.
A dieta tem baixa ingestão de gorduras saturadas e trans, que aumentam os níveis de LDL-C, e alta ingestão de gorduras saudáveis, como as monoinsaturadas e poli-insaturadas, que diminuem o LDL-C. A dieta mediterrânea também promove uma microbiota intestinal saudável, que é importante para a prevenção de síndromes metabólicas.
Existem limitações a serem consideradas, como o risco de viés nos RCTs e a inclusão de atividades físicas em algumas intervenções, que podem influenciar os resultados observados. Além disso, a representatividade de estudos fora de países mediterrâneos é baixa, limitando a generalização dos resultados.
A pesquisa sugere que intervenções baseadas na dieta mediterrânea podem ser uma ferramenta importante para otimizar a saúde cardiometabólica na população mais jovem. Estes resultados ressaltam a importância de promover hábitos alimentares saudáveis desde cedo, podendo levar a melhorias significativas na saúde cardiometabólica.
Para mais informações e detalhes sobre a pesquisa, acesse aqui o estudo na íntegra.
Referência:
López-Gil JF, García-Hermoso A, Martínez-González MÁ, Rodríguez-Artalejo F. Mediterranean Diet and Cardiometabolic Biomarkers in Children and Adolescents: A Systematic Review and Meta-Analysis. JAMA Netw Open. 2024;7(7):e2421976. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.21976