Dificuldades inerentes à dislexia resultam em consequências comportamentais, emocionais, sociais e acadêmicas. Por isso, é importante adotar no Ensino Superior estratégias que possibilitem uma efetiva identificação e avaliação da dislexia, visando ao sucesso acadêmico, além de implementar programas que permitam identificar o perfil do aluno e quais os procedimentos educativos mais adequados.
Catarina Frade Mangas, de Portugal, e José Luis Ramos Sánchez, da Espanha, são autores do artigo A dislexia no ensino superior: características, consequências e estratégias de intervenção, publicado no periódico Revista Ibero Americana de Educação. Os dois analisaram cinco alunos disléxicos através de entrevistas e grupo de discussão, recolhendo também relatórios de observação e avaliação destes alunos.
Os participantes do estudo apresentam algumas sugestões para uma maior e melhor intervenção das instituições de Ensino Superior relacionadas a alunos com dislexia:
- Criação de instrumentos de coleta de informação acerca dos alunos;
- Aumento do número de estudos realizados na área da dislexia;
- Aumento do apoio/acompanhamento especializado através da criação de um tempo e espaço próprios e de grupos de ajuda que procurariam trabalhar as dificuldades;
- Disseminação da temática dislexia entre os alunos, apresentando o conhecimento e o respeito da comunidade acadêmica pelas dificuldades dos alunos disléxicos;
- Promoção dos serviços disponíveis para alunos visando à minimização das dificuldades.
O estudo destaca que a dislexia afeta não só a forma como um indivíduo lê, mas também um leque de outras importantes funções. De forma geral, apontam Catarina e José Luis, os efeitos da dislexia podem ser agrupados em dois grandes blocos: comportamental e escolar. No nível comportamental, que inclui aspectos do foro emocional e social, a dislexia cria ansiedade, frustração e estresse face à leitura e, frequentemente, extrema insegurança ou excessiva vaidade, falta de atenção e claros sinais de cansaço. Este cansaço pode ser tanto intelectual como físico, resultado de um forte desgaste da motivação e fracasso cotidiano, com frequentes variações de humor, gerando perdas na aprendizagem.
Catarina e José Luis defendem que não basta estudar, demonstrar e estar convencido da utilidade e da necessidade das alterações. É preciso, dizem eles, desestruturar paradigmas e redefinir todo um sistema educativo, que identifique e avalie os alunos para a construção e desenvolvimento de concepções aplicadas ao ensino.
Fonte
https://rieoei.org/RIE/article/view/1700#:~:text=Os%20resultados%20da%20nossa%20investiga%C3%A7%C3%A3o,%2C%20emocionais%2C%20sociais%20e%20acad%C3%A9micas.