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Elevados níveis de gordura estão relacionados com maiores chances depressão

Elevados níveis de gordura estão relacionados com maiores chances depressão
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ago. 12 - 6 min de leitura
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A presença de uma elevada taxa adiposidade é um fator de risco estabelecido para muitas doenças psiquiátricas, incluindo depressão e ansiedade. Há ampla evidência que liga o índice de massa corporal (IMC) mais elevado a maiores chances de depressão e ansiedade na população adulta, especialmente em mulheres. Compreender as relações complexas entre a adiposidade e os resultados de saúde mental é crucial para facilitar o planejamento da saúde pública e da intervenção médica. Foi pensando nisso que um grupo de pesquisadores realizou uma pesquisa genética em aproximadamente 145,668 pacientes europeus para estabelecer a relação causal entre a presença de gordura e as taxas de depressão nessa população.

Como foi realizada a pesquisa?

Para isso eles realizaram testes de forma abrangente da relação entre IMC elevado e medidas bem validadas de depressão e ansiedade usando dados do questionário de saúde mental (MHQ) em até 145.668 indivíduos de ascendência europeia do Biobank do Reino Unido.

Em primeiro lugar, foram utilizados três conjuntos de instrumentos genéticos em análises de randomização Mendeliana: 1

  1. 72 variantes genéticas de IMC,
  2. um conjunto de 36 variantes de adiposidade favoráveis que se associam com adiposidade mais alta, mas um perfil metabólico mais favorável (caracterizado por triglicerídeos mais baixos, HDL mais alto e menor risco de diabetes tipo 2) e
  3. um conjunto de 38 variantes de adiposidade desfavoráveis que se associam com maior adiposidade e um perfil metabólico menos favorável (triglicerídeos mais altos, HDL mais baixo e maior risco de diabetes tipo 2).

Os efeitos em homens e mulheres foram testados separadamente e foram exploradas as relações não lineares entre o IMC e os resultados de saúde mental. Para estudar como esses dados genéticos podem influenciar na saúde mental dos pacientes, os pesquisadores utilizaram a randomização mendeliana (RM) que é uma abordagem genética que fornece algumas evidências de que o IMC mais alto e o percentual de gordura corporal mais alto causam depressão.

E quais foram os resultados deste estudo?

Usando a randomização Mendeliana e medidas de saúde mental bem validadas do UK Biobank, os autores sugerem que o estudo fornece mais evidências de que um IMC mais alto e, portanto, obesidade, leva a maiores chances de depressão, maior gravidade da depressão e diminui o bem-estar do indivíduo. Houve evidências de que tanto o IMC alto (> 32,5 kg / m2) quanto o baixo (<21,8 kg / m2) podem levar a um menor bem-estar em homens e mulheres. Além disso, foi estudado qual componente da maior taxa de adiposidade (efeito psicológico / social adverso do excesso de peso ou vias metabólicas) causa o maior risco de desfechos de saúde mental.

Usando essa abordagem, foi evidenciado que a maior adiposidade, na ausência de um perfil metabólico adverso de saúde, causa depressão e diminui o bem-estar. Em contraste, foram obtidas poucas evidências de que a maior adiposidade na presença ou ausência de consequências metabólicas adversas cause transtorno de ansiedade generalizada.

As relações entre o IMC com a saúde mental podem ser biológicos ou sociais

As vias biológicas incluem o papel do IMC como fator de risco para outros resultados negativos à saúde, como diabetes e doenças cardiovasculares. Em contraste, influências sociais, percepções e estigma podem fazer com que os indivíduos associem consequências negativas para a saúde com IMC mais elevado e, consequentemente, relatem pior saúde mental.

Para explorar isso mais detalhadamente, os pesquisadores utilizaram dois conjuntos de variantes genéticas - um que se associa com maior adiposidade, mas melhor saúde metabólica (adiposidade favorável) e o segundo que se associa com maior adiposidade, mas pior saúde metabólica (adiposidade desfavorável). As estimativas de efeito para depressão e bem-estar foram consistentes para ambos os conjuntos de variantes genéticas, sugerindo que os pacientes com IMC mais elevado possuem resultados mais adversos em relação a saúde (não é puramente metabólico) e, em certa medida, pode ser conduzido por outros fatores (por exemplo, fatores psicossociais). Isso pode ser parcialmente explicado pela relação entre maior IMC e menor posição socioeconômica (PES) e contato social.

No entanto, as associações entre IMC e PES podem ser predominantemente impulsionadas por efeitos familiares. Em combinação com as evidências nas populações do Reino Unido que reduzem o PES associado à depressão, isso pode significar que nossos resultados refletem um caminho causal de maior adiposidade para menor PES e maior depressão.

E quais foram as conclusões dos autores?

Em resumo, usando medidas de saúde mental bem validadas em até 145.668 participantes do UK Biobank, os autores defendem que forneceram evidências de que a maior adiposidade na presença e ausência de efeitos metabólicos adversos, conforme estimado pela genética, é causa de maiores chances de depressão e menores escores de bem-estar. Esses resultados se somam à base de evidências para apoiar a necessidade de reduzir a obesidade por causa das consequências adversas sobre a depressão e o bem-estar, além dos inúmeros efeitos adversos para a saúde do indivíduo.


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Referências

  1. Casanova F, O’Loughlin J, Martin S, Beaumont RN, Wood AR, Watkins E, et al. Higher adiposity and mental health: Causal inference using Mendelian randomisation. Human Molecular Genetics [Internet]. 2021 Jul 16 [cited 2021 Aug 11]; Available from: https://academic.oup.com/hmg/advance-article/doi/10.1093/hmg/ddab204/6322471

Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral


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