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Especialidades Médicas - Infectologia

Especialidades Médicas - Infectologia
ANA CAROLINA AZEVEDO SALEM
jul. 22 - 7 min de leitura
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Dando continuidade à nossa série de textos sobre as especialidades médicas, hoje é dia de falar da Infectologia.

A infectologia é a especialidade responsável por estudar, diagnosticar e tratar as doenças infecciosas e parasitárias. Desde as doenças causadas por vírus, bactérias, até fungos, protozoários ou outros microorganismos.

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A infectologia é uma área de conhecimento muito abrangente e complexa, pois não se ocupa em estudar apenas um órgão, um método diagnóstico, um tipo específico de paciente ou de tratamento, mas, é uma especialidade mais "generalista". Não é por acaso, que a infectologia costuma ser um dos estágios mais temidos pelos estudantes de medicina durante o internato.

De maneira especial, o especialista nessa área também é um profissional que tem uma ampla gama de conhecimento. Isso vai além da clínica médica, pois contempla aspectos da epidemiologia, imunologia, cirurgia, pediatria, psicologia médica e as várias interfaces relacionadas aos processos infecciosos.

Não precisamos nem comentar então, que, quem pensa seguir essa área, deve estar disposto a estudar e se dedicar muito para ser um bom profissional. É claro que, deve ser assim também em qualquer outra área da medicina, mas, em especial a infectologia, por se tratar de uma especialidade tão complexa e abrangente, acaba dessa forma, exigindo muita dedicação do futuro especialista. Além disso, para manter-se especialista é preciso manter-se atualizado.

A partir de 2005, foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceria com as sociedades de cada especialidade, uma nova regulamentação que especifica as regras para que o profissional possa manter-se especialista, ou seja, a cada 5 anos o especialista deve comprovar que manteve-se atualizado. Para isso, foram criados o Certificado de Atualização Profissional e a Comissão Nacional de Acreditação (sistema ainda válido para a Sociedade Brasileira de Infectologia).

A cada 5 anos, o especialista deve ter acumulado 100 créditos. Caso isso não aconteça, haverá a opção de prova para obtenção do certificado de atualização profissional, que permite a revalidação do Título de Especialista. Os créditos poderão ser obtidos com congressos nacionais, jornadas regionais e estaduais ou programas de educação continuada, publicações científicas e títulos acadêmicos, sendo que, cada participação tem uma pontuação em créditos específica.

Para conferir a pontuação de cada atividade, e saber mais sobre o sistema de créditos e revalidação de título para o infectologista, clique aqui.

Programa de Residência Médica em Infectologia:

A residência médica em infectologia tem acesso direto e duração de 3 anos, sendo o primeiro ano na clínica médica, e os outros 2 na especialidade. O programa de residência médica deve ser desenvolvido em instituições que possuam, pelo menos, um programa na área clínica e/ou na área cirúrgica. Além disso, após o término da residência há a opção de se subespecializar em uma área de atuação específica, como infecção hospitalar, por exemplo, sendo necessário para isso, acrescentar mais um ano de especialização.

Os programas de residência médica estão estruturados em atividades de treinamento em serviço (80 a 90% da carga horária) e atividades teórico-complementares (10-20% da carga horária), como: sessões anátomo-clínicas;  discussão de artigos científicos; sessões clínico-radiológicas e clínico-laboratoriais; cursos, palestras e seminários.

Nas atividades teórico-complementares devem constar, obrigatoriamente, temas relacionados com Bioética, Ética Médica, Metodologia Científica, Epidemiologia e Bioestatística. Recomenda-se a participação do Médico Residente em atividades relacionadas ao controle das infecções hospitalares.

De acordo com a Resolução da Comissão Nacional de Residência Médica de 2006, os requisitos mínimos para um Programa de Residência Médica em Infectologia são:

Tabela Infecto

Infra-estrutura mínima da Instituição para oferecer treinamento na especialidade:

- Laboratório de análises clínicas com microbiologia e imunologia

- Serviço de Patologia, preferencialmente com necropsia

- Setor de diagnóstico por imagem

Existem hoje no Brasil, 52 programas credenciados pela CNRM. No site da Sociedade Brasileira de Infectologia é possível encontrar a relação de todos eles, divididos por região, além de várias outras informações a respeito da especialidade.

Em relação às áreas de atuação, a infectologia é uma especialidade que possibilita também uma grande diversidade de campos, como: atendimento hospitalar, ambulatorial, gestão em saúde, vigilância epidemiológica, diagnóstico e enfrentamento de epidemias, estudo das doenças emergentes e reemergentes, entre outras.

No consultório, o infectologista se depara com as mais variadas situações, mas sem dúvida, a maior demanda por atendimento hoje são as infecções por HIV e a evolução para a síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS). São pacientes complexos e que serão acompanhados pelo infectologista pelo resto da vida.

Além disso, também é frequente no consultório doenças como hepatites virais, outras DSTs, tuberculose, doenças tropicais endêmicas, bem como doenças endêmicas trazidas por viajantes, de outros países.

Outra importante área de atuação do infectologista é a infectologia hospitalar e a atividade de controle de infecção hospitalar.

Ainda nesse âmbito, as interconsultas em infectologia também são uma das atividades mais frequentes dentro do hospital. O infectologista é solicitado a fazer desde interpretação de exames, como os testes de sensibilidade aos antimicrobianos, até sanar dúvidas sobre como conduzir um diagnóstico de infecção ou sobre qual a melhor terapêutica para um caso específico. Assim, o infectologista precisa saber atender um grupo bem diversificado de pacientes, ou seja, pelo infectologista passa desde neonatos até idosos, desde pacientes cirúrgicos, internados em UTI, unidade de queimados até cuidados paliativos.

De maneira geral, a infectologia tem ganhado cada vez mais espaço na medicina. Devido à importância que tem se dado ao controle das infecções hospitalares, à super resistência bacteriana, ao maior controle do uso de antibióticos, ao desenvolvimento de novas terapêuticas para as hepatites virais e à maior expectativa de vida e avanço das terapias para tratamento de pacientes com HIV-AIDS.

Enfim, finalizo o texto com as considerações do infectologista Diego Oliveira Teixeira no livro Como Escolher a Sua Residência Médica:

"Eu poderia parar por aqui e dizer que paixão não se explica, mas o fato é que você deve ter percebido que não deve ser fácil ser infectologista. É uma especialidade complexa, de natureza puramente clínica, onde as pessoas são o objeto fundamental, com todas as suas nuances. Portanto,  há que se exercitar o lado humano de modo muito profundo e isso será testado incessantemente durante a residência e durante a sua carreira. Dessa forma, o que posso dizer sobre a paixão é que infectologistas são frequentemente apaixonados pelo que fazem e é essa paixão que faz o complexo parecer simples. E se você é um apaixonado pela medicina e pelas pessoas, é versátil e é tolerante, seja bem-vindo. Você já é um infectologista de espírito."

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Fontes:

-Livro: Como Escolher a Sua Residência Médica

-CNRM

-Sociedade Brasileira de Infectologia

 


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