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Adoçante Popular Relacionado a Danos Cerebrais e Maior Risco de AVC

Adoçante Popular Relacionado a Danos Cerebrais e Maior Risco de AVC
Comunidade Academia Médica
jul. 23 - 3 min de leitura
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Um estudo publicado na Journal of Applied Physiology trouxe evidências importantes sobre a segurança do eritritol, um dos adoçantes mais utilizados atualmente em produtos voltados ao público diabético, pessoas com obesidade e adeptos de dietas low-carb e cetogênica. Presente em bebidas, alimentos industrializados e produtos “zero açúcar”, o eritritol foi, por muitos anos, considerado seguro devido ao seu baixo impacto glicêmico e valor calórico quase nulo. No entanto, evidências emergentes sugerem que essa percepção pode estar equivocada.

O grupo liderado pelo professor Christopher DeSouza, diretor do Integrative Vascular Biology Lab, buscou entender os mecanismos celulares que podem estar relacionados ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, já sinalizado por pesquisas epidemiológicas recentes. Um desses estudos, conduzido com mais de 4.000 pessoas nos EUA e Europa, demonstrou que indivíduos com níveis circulantes mais elevados de eritritol apresentaram risco significativamente maior de infarto e AVC nos três anos subsequentes.

Para investigar essa associação, DeSouza e a pesquisadora Auburn Berry expuseram células endoteliais humanas – que revestem os vasos sanguíneos do cérebro – a quantidades de eritritol equivalentes às encontradas em uma única bebida dietética. Os resultados foram contundentes:

  • Redução do Óxido Nítrico: As células tratadas produziram significativamente menos óxido nítrico, substância essencial para o relaxamento e a dilatação dos vasos sanguíneos.

  • Aumento de Endotelina-1: Houve aumento da expressão de endotelina-1, uma proteína potente que contrai os vasos sanguíneos, dificultando o fluxo sanguíneo adequado.

  • Maior Estresse Oxidativo: As células expostas ao eritritol apresentaram elevação na produção de espécies reativas de oxigênio (radicais livres), que promovem envelhecimento celular, inflamação e dano tecidual.

  • Comprometimento da Fibrinólise: A resposta das células à trombina – que normalmente estimula a produção do ativador tecidual do plasminogênio (t-PA), fundamental para dissolução de coágulos – foi significativamente prejudicada, aumentando o risco de formação e manutenção de trombos.

O Que Isso Significa na Prática?

Segundo Berry, “se seus vasos estão mais contraídos e sua capacidade de dissolver coágulos está reduzida, seu risco de AVC aumenta”. O estudo sugere que até mesmo o consumo moderado de eritritol pode comprometer a saúde vascular cerebral, especialmente para quem faz uso frequente desse adoçante.

Os autores destacam que, apesar dos resultados, este é um estudo realizado em laboratório, com células humanas cultivadas. Ainda são necessários ensaios clínicos de larga escala para quantificar o risco real em populações diversas, embora os dados reforcem a necessidade de cautela.

DeSouza recomenda que consumidores fiquem atentos à presença de eritritol ou “álcool de açúcar” nos rótulos dos alimentos e bebidas industrializados, especialmente aqueles consumidos de forma regular. Ele destaca que, considerando o cenário epidemiológico e os achados celulares, “seria prudente monitorar o consumo de adoçantes não nutritivos como este”.

A pesquisa abre caminho para novas investigações sobre segurança metabólica, vascular e neurológica de adoçantes considerados seguros, alertando profissionais de saúde e consumidores sobre riscos até então subestimados.


Referência:

University of Colorado at Boulder. "Popular sugar substitute linked to brain cell damage and stroke risk." ScienceDaily. ScienceDaily, 19 July 2025. <www.sciencedaily.com/releases/2025/07/250718035156.htm>.


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