Por Yan Kubiak Canquerino- colaborador da Academia Médica
Nesse artigo serão mostrados efeitos da razão entre pacientes e número de enfermeiros no que diz respeito à mortalidade de pacientes, readmissões e tempo de estadia.
Um estudo prospectivo buscou analisar se há relação entre o número de pacientes para cada enfermeiro nos serviços de saúde e o impacto que isso pode trazer em relação ao bem-estar do paciente e consequentemente sua evolução positiva em suas patologias.
Dia da enfermagem
Hoje, dia 12 de maio é o dia mundial da enfermagem, e com isso a Academia Médica quer deixar o seu reconhecimento e respeito por esses bravos(as) profissionais que fazem parte essencial da saúde e do cuidado com os(as) pacientes.
No ano de 2021 é comemorado o ducentésimo aniversário de Florence Nightingale, a mãe da enfermagem moderna, a qual, com análise e estatística observou que os soldados ingleses durante a guerra da Crimeia mais morriam por condições insalubres nos hospitais do que pelos ferimentos em batalha propriamente ditos. Com isso, ela treinou enfermeiras e com os cuidados mais próximos dos pacientes conseguiu diminuir as mortes nos centros de cuidado.
Graças a ela, a enfermagem é o que conhecemos hoje, servindo tão bem os(as) pacientes e atuando de maneira fundamental para a recuperação de cada enfermo(a).
A quantidade de paciente para cada profissional faz diferença
Um estudo publicado no Lancet em 2014 mostrou que o risco de os pacientes morrerem após a cirurgia variava de acordo com o número de pacientes pelos quais cada profissional da enfermagem tinha que cuidar. Estudos recentes feitos com quase meio milhão de pacientes em nove países europeus mostraram que a cada paciente adicional dado a um profissional da enfermagem aumentava em 7% a probabilidade do paciente vir a falecer 30 dias após a admissão.
Um outro estudo publicado no Lancet buscou analisar se mudanças nos níveis da equipe da enfermagem era diferente entre os hospitais com intervenção (com uma razão mínima de pacientes/enfermeiro) comparado aos hospitais sem intervenção, além disso também buscou analisar se mudanças nos resultados eram diferentes entre cada modelo de hospital e por último se as mudanças na equipe trouxeram avanços positivos no que diz respeito à recuperação dos pacientes, buscando comparar hospitais mais iguais possíveis e pacientes com o quadro mais similar possível, para evitar vieses.
Os resultados
Os resultados desse grande e importante estudo mostrou que nos hospitais com intervenção (onde a legislação exigiu um número mínimo de pacientes por profissional) conseguiram ao longo dos dois anos de acompanhamento baixar o número de pacientes por profissional enquanto que os hospitais comparação (como chamado no estudo), nos quais não houve uma política de razão enfermeiro/paciente mínima esse número subiu ao longo dos dois anos de estudo.
Em relação à mortalidade do paciente em 30 dias, houve uma diminuição nos casos de mortalidade após os 2 anos de implementação da política mencionada, no entanto, é importante salientar que o número de comparação o n de pacientes são diferentes em relação aos dois hospitais, o que pode prejudicar os resultados nesse caso.
Não houve diferença significativa em relação à readmissão, no entanto o tempo de estadia das pessoas no hospital intervenção foi menor e diminui ao longo do tempo.
A partir disso vários insights podem ser tomados em relação ao custo/benefício de manter uma boa equipe de enfermagem, até porque estamos falando de uma tendência bissecular no que diz respeito ao número de profissionais e as melhoras que isso pode trazer.
E a sua visão sobre isso, tem algo a contribuir? A comunidade e o conhecimento se espalham pelas discussões, isso é a alma da ciência, se quiser debater sobre, aproveite o espaço dedicado a isso no fim da página e vamos criar e compartilhar conhecimento!
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