Um estudo, publicado na revista Nature Medicine, em 26 de agosto de 2024, traz descobertas significativas sobre os fatores que aceleram o envelhecimento do cérebro. Este trabalho aponta para a influência de fatores socioeconômicos e ambientais no envelhecimento cerebral, e oferece uma perspectiva global, com dados coletados de 15 países diferentes, abrangendo tanto a América Latina, Caribe, quanto nações na Ásia, Europa e América do Norte.
O estudo utilizou técnicas avançadas de imagem cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI) e a eletroencefalografia (EEG), para avaliar a conectividade funcional do cérebro — uma medida de como diferentes regiões cerebrais interagem. Essa conectividade tende a diminuir com a idade, mas o estudo descobriu que esse declínio pode ser acelerado por fatores externos significativos.
Os resultados indicam que pessoas que vivem em países com altas taxas de desigualdade socioeconômica, especialmente na América Latina e Caribe, apresentam maiores discrepâncias entre a idade cronológica e a idade cerebral estimada — um fenômeno que os pesquisadores denominaram "lacuna de idade cerebral". Essa lacuna foi particularmente ampla entre as mulheres que vivem em países com alta desigualdade de gênero, sugerindo que as condições sociais e ambientais desempenham um papel crucial no envelhecimento cerebral.
O neurocientista Vladimir Hachinski, da Western University, que não esteve envolvido no estudo, elogiou a abrangência da pesquisa, destacando a importância de considerar diversas medidas de saúde cerebral, além da conectividade funcional, como a saúde mental e condições neurológicas como depressão e ansiedade.
O estudo também explorou a possibilidade de que diferenças na qualidade dos equipamentos usados para as imagens cerebrais entre países de alta e baixa renda pudessem afetar os resultados. No entanto, não foi encontrada uma correlação direta entre a qualidade dos dados e o tamanho da lacuna de idade cerebral, nem com o nível de desigualdade estrutural.
Os pesquisadores estão expandindo suas pesquisas para incluir dados de relógios epigenéticos, que avaliam a idade biológica por meio de modificações químicas no DNA. Essa abordagem poderá contribuir para o desenvolvimento de tratamentos personalizados que considerem a diversidade biológica dos cérebros ao redor do mundo, enfatizando a necessidade de uma ciência global de demência que reconheça e aborde essas diversidades.
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Referência:
Nowogrodzki, J. (2024, August 26). What accelerates brain ageing? This AI ‘brain clock’ points to answers. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-024-02770-2