Conceito
Trata-se de um tumor localizado na medula da glândula adrenal, que surge especificamente nas células cromafins, responsáveis por secretar catecolaminas como: dopamina, adrenalina (epinefrina) e noradrenalina (norepinefrina) principalmente.
Alguns pacientes também podem apresentar paragangliomas, que são tumores presentes nos gânglios simpáticos. Como as manifestações clínicas e o tratamento de ambos os tumores são semelhantes, muitos médicos usam o termo "feocromocitoma" para se referir a ambos os tumores.
Fisiopatologia e ações no organismo
Esses hormônios agem principalmente nos receptores da musculatura lisa dos vasos e do miocárdio.
Musculatura lisa dos vasos:
Nos receptores alfa-1 os hormônios (noradrenalina e adrenalina) aumentam a resistência periférica, levando a vasoconstrição e grande aumento da pressão diastólica. Esses receptores estão presentes na pele, rins, mucosas, tecido conectivo e esplâncnico e músculo esquelético.
Já nos receptores beta-2 os hormônios (dopamina e adrenalina) são responsáveis pela vasodilatação, reduzindo a resistência vascular periférica e diminuindo a pressão diastólica. Receptores presentes no músculo esquelético
Miocárdio
No miocárdio temos o receptor beta-1 sendo estimulado pela noradrenalina e adrenalina, resultando no aumento do débito cardíaco e na pressão sistólica.
Com isso podemos concluir que o paciente com feocromocitoma em geral pode apresentar uma pressão diastólica alta, baixa ou até mesmo normal e uma pressão sistólica alta.
Quadro Clínico
Esses tumores não ficam o tempo todo realizando a produção das catecolaminas. Eles tem picos de produção seguidos de uma parada.
Diante disso, o paciente pode apresentar paroxismo, uma das principais características associadas a essa patologia.
O paroxismo está associado a grande concentração de catecolaminas na circulação e resulta em:
- Ansiedade e tremores
- Cefaleia
- Dor torácica
- Hipertensão
- Náuseas e vômitos: por conta do estímulo de receptores alfa do intestino, diminuindo sua irrigação.
- Palidez
- Palpitação
- Sudorese
Existe também a possibilidade de ocorrer uma hipotensão postural, e isso pode ter duas explicações:
- Devido ao forte estímulo das catecolaminas, temos um Feedback fisiológico dos receptores, ou seja, o próprio organismo reduz a quantidade de receptores disponíveis. Juntamente com a queda da secreção de catecolaminas (devido a sua secreção ocorrer em picos) o paciente pode sofrer essa hipotensão ao se levantar por exemplo. Esse processo é resultado dessas duas ocorrências, já que, as catecolaminas poderão ser liberadas em altas quantidades, mas não terão receptores suficientes para que haja ligação.
- Outra explicação pode ser feita com base nos feocromocitomas produtores de dopamina. A vasodilatação mediada por essa catecolamina pode levar à hipotensão postural.
Finalizando, gostaria de falar sobre os 3 principais sintomas que se destacam e formam a tríade do feocromocitoma (com uma sensibilidade de 89% e especificidade de 67%). São eles:
- Sudorese
- Cefaleia
- Palpitações
Referências
VILLAR, Lucio. Endocrinologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
PEREIRA, Maria Adelaide A. et al. Pheochromocytoma. Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia, [s. l.], v. 48, n. 5, p. 751–775, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0004-27302004000500022. Acesso em: 6 jul. 2021.
GROSSMAN, Ashley B. Feocromocitoma - Distúrbios endócrinos e metabólicos - Manuais MSD edição para profissionais. [S. l.], [s. d.]. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/distúrbios-endócrinos-e-metabólicos/distúrbios-adrenais/feocromocitoma. Acesso em: 6 jul. 2021.