Sou o Fabio Brugnara, médico formado pela UFJF e R3 de Oftalmologia do IAMSPE.
Descobri a existência do HackMED Health Hackathon por um feliz acaso, após envio do link por um amigo. Apesar do nome estranho, me interessei pela parceria com o MIT e a palestra do Jorge Paulo Lemann. Me inscrevi para a Conferência e, sem muitas pretensões, também para o Hackathon.
Mal sabia que esse simples ato seria transformador.
Durante o evento, fui bombardeado por informações sobre inovação e tecnologia. Me vi em uma oportunidade única de conversar com pessoas de outras áreas e em muitos momentos de networking inesperado. Total quebra de paradigmas. Nós, médicos e estudantes de medicina, acostumados a conversar somente sobre pacientes e doenças, esquecemos que existe um mundo além disso tudo.
Finalmente, o tal Hackathon. Me inscrevi com uma ideia na cabeça, mas após discutir com mentores e participantes, reconheci que o ensino online de facoemulsificação talvez não fosse um problema de tanta magnitude assim. De canto de orelha ouço pessoas discutindo sobre o cancelamento de cirurgias, o famoso “gancho”. Não há nada que irrite mais um oftalmologista faqueiro do que ter uma cirurgia de catarata cancelada por motivos bobos. Me ajuntei ao grupo: cientistas de dados, engenheiro, médicos formados e em formação. 8 integrantes, formando o Gancho Zero.
Segundo dia do evento, grupo ainda se conhecendo, contato intenso com pessoas de estilos e áreas profissionais completamente diferentes. Mentores fantásticos. O foco da manhã era destrinchar o problema, e as causas de cancelamento cirúrgico são inúmeras: transporte público, excesso de consultas, exames redundantes, anestesia. Meio dia, totalmente perdidos. Café. Começa aquela sensação de desespero. Dividimos em 2 grupos, dois de nós a entrevistar pessoas no hospital, o restante raciocinando sobre o problema.
Coincidência ou não, ao nos juntarmos novamente, os insights estavam em sincronia. O foco do problema seria o pré operatório, mais especificamente a jornada do paciente. Injeção de motivação. Ao trabalho! Brainstorm, logomarca, protótipo, criação do pitch. Café. Uma montanha russa. Cansaço bateu, cabeça fritou, melhor ir para casa e voltar cedo.
Terceiro dia, o grande dia. Mentoria firme e forte, pitch quase lá. Problema validado, solução factível, mas ainda faltam dados. 1h para a apresentação. Novamente o desespero. Mais café. Mais pesquisa. Time unido, correria e enfim tudo pronto. Adrenalina total, jurados chegando. Apresentação do Pitch emocionante.
Que sorte a minha de fazer parte de um time tão espetacular. União se deu de forma orgânica e sem dúvidas, com muita coesão.
Bruno, monstro da oratória e do raciocínio rápido.
Djinane, criadora de nossa ideia, de coração incrível e de competência louvável.
Ana, mulher incansável, dona de muito foco e determinação.
Lucas, engenheiro com pensamento lógico e excelente design técnico.
Julia, especialista em storytelling e organização das ideias.
Luis Gustavo, mente brilhante de estilo introspectivo.
Leonardo, nosso integrante mais jovem e de sacadas geniais.
Na hora do resultado, que loucura... Nem em meu maior sonho. Gancho Zero anunciado dentre todos os mais de 30 grupos como o escolhido para aceleração pela AstraZeneca. Parte de um projeto de grandes proporções para melhoria do tratamento de pessoas com câncer. O que isso meu amigo!
Gostaria de parabenizar a organização e mentores pelo evento. Um agradecimento especial aos envolvidos em nosso projeto, entre eles, Fernando, Flaviane e Victor.
Impressionante mesmo como o evento foi capaz de abrir minha cabeça e mostrar a importância do trabalho em equipe. E quanto mais diversificada melhor. A metodologia do Hackathon fornece todo ecossistema para surgimento orgânico de times, problemas e soluções. A construção da ideia, desde sua descoberta, caminhando através da magnitude e solução, é um fenômeno fantástico. Cada contribuição, breve comentário, anotação ou pergunta gera um tijolo. E em cima deste, outros tijolos vão sendo empilhados. Cada dica dos mentores abre um leque de possibilidades. No fim das contas, percebo que ideias simplesmente são organismos vivos, que literalmente precisam de humanos para materializarem-se.
Obrigado por esse fim de semana. Parafrasendo Flavio Augusto, sem dúvidas foi um ponto de inflexão.
Fabio Brugnara