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Highligths do XX Congresso Paulista de Medicina do Sono: Sono, saúde e bem-estar

Highligths do XX Congresso Paulista de Medicina do Sono: Sono, saúde e bem-estar
GEPRAPS - GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA RESPIRATÓRIAS NA APS
mai. 17 - 8 min de leitura
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Durante os dias 5 e 6 de maio de 2023, aconteceu em São Paulo o XX Congresso Paulista de Medicina do Sono, e o GEPRAPS esteve presente com dois de seus membros do subcomitê sobre sono, buscando atualizações, guidelines e novidades sobre o tema, e vamos aqui nos próximos parágrafos trazer um pouco sobre o que de mais importante foi falado nesse importante evento.

O Congresso teve como eixo central a discussão sobre saúde e bem-estar aliado ao sono, passando por distúrbios primários do sono, comportamento, patologias subjacentes e concomitantes, bem como diversos aspectos fisiológicos de acordo com a faixa etária.

Iniciando esse resumo dos Highlitghs, o sono na infância foi tema central de uma parte dos eixos de palestras que contou com a presença de Letícia Soster, Danilo Sguillar e Sandra Xavier. Destaca-se nesse eixo dados epidemiológicos que demonstraram que cerca de 30-40% dos pais têm queixas sobre sono do seu filho; 50% das crianças têm problemas de sono; cerca de 86% das crianças neuroatípicas tem distúrbios do sono e 1-3% das crianças apresentam Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). Destaque importante nesse eixo são os resultados em estudos que demonstraram a necessidade de sono saudável na infância: 09 horas/dia (sendo que estudos demonstraram que tempos menores levam a alterações estruturais, correlaciona-se com aumento de hiperatividade, impulsividade, menor desenvolvimento e aumento de sintomas negativos). E como construir um sono adequado para nossas crianças? Educação continuada de pais, professores e crianças, bem como um trabalho multiprofissional colocando o sono como prioridade, adequando-o à rotina de agenda da criança (mesmo em fins de semana, feriados e férias)



Imagem 01 – Gráfico da recomendação de sono pela National Sleep Foundation, extensamente trabalhado no XX Congresso de Medicina do Sono.


Quem gosta de futebol e acompanha campeonatos no exterior deve-se lembrar que no último mês de abril, o técnico do Barcelona, Xavi, após derrota para o Getafe FC pela La Liga Espanhola, criticou o fato do time jogar no Sol, durante o dia. A crítica do treinador era com relação às condições do gramado, comparando a superfície do futebol (gramado) com o de outros esportes, e falou que os jogadores estão mais acostumados a jogarem a noite. O treinador foi duramente criticado, porém, ele está certo com relação a observação feita pelo rendimento dos seus jogadores em períodos diferentes do dia, e isso acontece devido a diferentes cronotipos biológicos de cada atleta e seu rendimento de acordo com o período do dia. Esse foi o tema central do eixo apresentado pela Sara Giampa, mostrando que o entendimento do cronotipo para estabelecer o treino e rendimento do atleta é fundamental. Os estudos mostram que variações circadianas – manhã (motricidade fina e coordenação motora) e tarde/noite (força muscular, cardiorrespiratório e habilidade motoras mais grosseiras) são importantes para o tipo de rendimento do atleta de alto rendimento.

Mais um destaque do congresso vai para uma ferramenta importante em distúrbios do sono, a Actigrafia. Esse recurso diagnóstico foi explicado por Alan Eckeli, que mostrou os benefícios do uso do actograma (representação gráfica do ciclo sono-vigília) para o diagnóstico correto de insônias, hipersônias, transtornos do ritmo e esclarecimento diagnóstico em outras patologias.

Imagem 02 – A esquerda um actígrafo, dispositivo utilizado para mensurar os movimentos do punho não dominante, temperatura, percepção de luz (através de sensores); e a direita uma actograma, representação gráfica de tais variáveis para análise do ciclo circadiano.




A Síndrome da Hipoventilação da Obesidade (SHO) também foi tema do congresso, alguns dados nos mostram que a prevalência nos EUA é de 0,15% a 0,3% da população adulta e existem cerca de 8% a 20% de obesos em investigação para Distúrbios Respiratórios do Sono.

A relação entre SHO e SAOS é de 90%, 70% dos pacientes têm SAOS grave e 10% apresentam hipoventilação não obstrutiva do sono, Paulo Mariano nos trouxe uma reflexão importante nas consequências que a SHO pode trazer, como por exemplo:



- Aumento do trabalho ventilatório;

- Diminuição dos volumes pulmonares;

- Aumento da resistência pulmonar;

- Diminuição da complacência pulmonar;

- Diminuição central à hipercapnia e hipoxemia;

- Aumento da ação da leptina;

- Aumento da resistência de vias aéreas superiores.


Como mensagem final desse assunto, é importante destacar o tratamento utilizando pressão positiva e o tratamento multimodal, objetivando também a perda de peso.

O pneumologista Franco Martins abordou um assunto muito importante sobre a relação muito íntima entre Asma e SAOS e falou também sobre as multimorbidades além das comorbidades, como a relação entre Asma X SAOS X Rinite X Refluxo X Obesidade, estudos mostram 2 a 3 vezes mais chance de SAOS entre os asmáticos do que os não asmáticos.

O assunto Higiene do Sono também foi debatido no congresso, com a palestra da Ana Paula Cecilio, que destacou a importância de abordagens e formas individualizadas para cada paciente, de compreender os conceitos regulatórios do processo circadiano e de entender os principais tópicos como ambiente de sono, alimentação, rotina, ritual de sono e preocupações, além de diagnosticar de forma adequada os distúrbios do sono existentes com questionários, diário de sono, actigrafia, polissonografia, etc.

Um assunto muito bem explanado pela Daniela Santoro Rosa foi “Sono e a interface com o sistema Imune”. Estudos realizados em animais induzidos a restrição e privação do sono apresentaram piora da reposta imune como, por exemplo, desenvolvimento de forma grave de doença inflamatória, menor reposta imune às vacinas e aumento da susceptilidade a infecções.

Em resumo, alguns desfechos dos estudos foram observados em relação ao aumento de infiltrados de neutrófilos e Interleucinas 6 e 17 e TNF α, diminuição de anticorpos, além de mostrar que a privação do sono pode levar, inclusive, a morte mais precoce por infecção pelos mesmos motivos mencionados acima, além de aumentar a síntese de cortisol.

E por fim, voltando ao tema central do congresso, “Sono, Saúde e Bem-Estar”, a palestra brilhante do Dr Fernando Vieira trazendo “A medicina do estilo de vida concentra-se em 6 áreas para melhorar a saúde”, são elas: Alimentação saudável, atividade física, gerenciamento do estresse, cuidar dos relacionamentos, dormir e evitar o tabagismo, onde é preciso mudar bruscamente o estilo de vida para atingir o equilíbrio entre os 6 pilares para alcançar um estilo de vida saudável de fato.

Esses foram os aspectos que permearam o XX Congresso Paulista de Medicina do Sono, mostrando a importância de aliar sono, saúde e bem-estar no planejamento terapêuticos de todos os pacientes, de forma individualizada e multiprofissional.



5 e 6 de maio de 2023

Participação do Subcomitê sobre Sono do GEPRAPS

Por: Renan Iegoroff e Nadine C. Machado






GEPRAPS é um grupo interdisciplinar e multidisciplinar de profissionais da saúde, que desenvolvem trabalhos e reflexões sobre as situações relacionadas às Doenças Respiratórias Crônicas – DRCs no Brasil .O principal objetivo do grupo é apoiar as boas práticas assistenciais, a educação permanente, o desenvolvimento multiprofissional continuado e a pesquisa respiratória na Atenção Primária a Saúde, com enfoque nas linhas de cuidado das Doenças Respiratórias Crônicas e Tabagismo.

Para mais informações, clique aqui. Ou acesse @gepraps




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