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Implicações da infecção pela COVID-19 no atleta

Implicações da infecção pela COVID-19 no atleta
Joao Hollanda
jun. 30 - 4 min de leitura
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Os atletas não são considerados grupo de risco para o novo coronavírus. Isso significa que, uma vez infectados, podem até desenvolver a forma grave da doença e precisarem de internação em unidades de terapia intensiva, mas dificilmente apresentarão desfecho fatal. Não significa, porém, que a doença seja pouco preocupante para eles.

Devemos ter duas considerações no atleta que se recuperou da infecção pela COVID-19, que são: as condições para o retorno seguro ao esporte e as possíveis sequelas a longo prazo que possam impactar na vida esportiva. Discutiremos estes dois pontos aqui.

Retorno esportivo após a infecção pelo novo coronavírus

Ainda que a infecção pelo novo coronavírus seja principalmente um problema respiratório, hoje está claro que a doença apresenta diversas outras manifestações. O retorno esportivo pode envolver risco para o atleta principalmente devido à possibilidade de acometimento cardíaco. Em um estudo com 1527 pacientes com COVID-19, 8,0% sofreram algum tipo de lesão cardíaca aguda, incluindo a miocardite, arritmias e insuficiência cardíaca de início rápido.

Atletas com histórico de doença cardíaca prévia ou casos graves da infecção pela COVID-19 apresentam maior risco, mas, em alguns casos, o acometimento cardíaco ocorreu mesmo em pacientes assintomáticos.

Atletas aparentemente recuperados clinicamente de uma infecção comprovada (mesmo naqueles com doença leve) podem eventualmente apresentar lesão subclínica da musculatura cardíaca, o que pode ser perigoso no caso de retorno esportivo.

A miocardite é uma inflamação da musculatura do coração decorrente de processos infecciosos e que está entre as principais causas de morte súbita de origem cardíaca no esporte entre atletas com menos de 35 anos.

O risco de morte súbita aumenta quando o atleta mantém a prática esportiva mesmo na vigência da miocardite. Assim, a investigação cardiológica deve ser recomendada antes do retorno esportivo de todo paciente que tenha sido infectado pelo novo coronavírus.

O retorno esportivo após uma infecção por COVID-19 deve ser baseado no risco de complicações cardiológicas, de acordo com a tabela abaixo:

Implicações futuras na prática esportiva

Se o coração é quem vai guiar o retorno seguro do atleta ao esporte, o pulmão é que preocupa em relação ao futuro da prática esportiva. Existem evidências crescentes de que podem ocorrer sequelas prejudiciais à saúde de pacientes que sobrevivem aos quadros mais graves da doença, e a possibilidade de isso acontecer até mesmo em atletas que desenvolvem as formas leves ou mesmo assintomática da covid-19 ainda é incerto.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 20% dos pacientes diagnosticados com Covid-19 desenvolvem pneumonia, sendo que 14% destes (inclusive atletas) desenvolvem uma pneumonia grave. A pneumonia pode provocar uma fibrose pulmonar, uma espécie de “tecido de reparo”, o que pode limitar de forma definitiva na função pulmonar. A capacidade de exercício, nestes casos, pode se tornar limitada.

Além do pulmão, o sistema cardiovascular, o sistema nervoso central e periférico, o músculo esquelético, fígado e rins também podem ser afetados pela Covid-19. Estas manifestações se baseiam em parte devido a uma reação inflamatória sistêmica.

 


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Dr. João Hollanda

O Dr. João Hollanda é médico ortopedista especialista em joelho e lesões no esporte e médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino.


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