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Medicina e Arte - A icterícia de Baco (deus do Vinho)

Medicina e Arte - A icterícia de Baco (deus do Vinho)
Fernando Carbonieri
mai. 11 - 2 min de leitura
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por José Vitor Martins Lago* com autorização de Cecília Vasconcelos Krebs**

“Pequeno Baco Doente” é um autorretrato de Michelangelo Merisi Caravaggio, realizado em 1594, após adoecer em Roma dois anos antes.

O que percebe-se no quadro de Baco (isto é, Caravaggio) é a icterícia, como pode ser visto a partir dos tons de pele, que correspondem aos dos pêssegos na mesa a sua frente.

Em 1956, totalmente curado, o artista retratou-se em "Jovem Baco". Percebe-se, nesse quadro, a coloração normal da pele e até mesmo da esclera, primeiro local acometido pela icterícia, branca.

Baco, deus Romano, corresponde a Dionísio na Mitologia Grega. Conhecido como deus do vinho, da ebriedade e dos excessos, especialmente sexuais.

Então, por que Caravaggio, durante a síndrome ictérica, teria escolhido Baco como autorretrato?

Não se sabe ao certo o que ele queria expressar com a obra, contudo há duas possíveis vertentes.

Caravaggio era considerado um “farrista” inconsequente e um grande apreciador de bebidas alcoólicas. Sempre estava envolvido em brigas, as quais procurava nos “pulgueiros” da cidade.

Além disso, o pintor inspirava-se em pessoas excluídas da sociedade como moradores de rua, prostitutas e alcoólatras crônicos. Portanto, o italiano já teria presenciado várias mortes de pessoas ictéricas com doenças hepáticas.

Contudo, segundo uma publicação na revista Clinical Infectious Diseases, a icterícia teria sido causada pela malária, umas das diversas causas de anemia hemolítica.

Em outra publicação, Aronson e Ramachandran atribuem a provável causa da icterícia à hepatite infecciosa, consequente a uma zoonose, como brucelose ou febre Q (Coxiella burnetti).

Analisando a característica do amarelo do quadro, parece mesmo uma icterícia pré-hepática, sugerindo malária. Isso pelo amarelo-palha apresentado e não um amarelo alaranjado sugestivo de uma causa hepática.

*José Vitor Martins Lago, na data da publicação era acadêmico do 8º período de medicina da Faculdade Evangélica do Paraná e monitor da disciplina de Semiologia - II.

**Agradecimentos a Dra. Cecília Vasconcelos Krebs que autorizou a republicação da matéria originalmente veiculada no blog dos monitores do GESEP - Grupo de Estudos em Semiologia e Propedêutica. A Dra. Cecília é professora das disciplinas de Hematologia, Propedêutica e Semiologia da Faculdade Evangélica do Paraná, além de preceptora das Residências Médicas de Clinica Médica e Hematologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba.

Nota do editor: as observações acima foram feitas na data da publicação original (16/04/2013).

 


 


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