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Medicina e lucro: um casamento perfeito?

Medicina e lucro: um casamento perfeito?
Fernando Antônio Ramos Schramm Neto
mar. 18 - 3 min de leitura
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Prezados leitores, gostaria de deixar bem claro que fiz esse texto apenas para abordar a relação e a influência existente do capitalismo e sua visão lucrativa sobre a profissão médica, e o quanto isso abrange também as decisões que os profissionais e estudantes tomam acerca de suas vidas dentro do campo profissional, mas não me mantenho oposto ao capitalismo:

O Juramento de Hipócrates prevê, sem reservas, os fundamentos éticos do médico durante o exercício da profissão. Partindo dessa premissa, com o crescente advento da ótica capitalista contemporânea que busca o lucro, o cumprimento de tal código torna-se imprescindível para a manutenção das normas morais.

No entanto, a prática de condutas contratuais imersas ao campo trabalhista que agem adversamente aos preceitos éticos básicos deixam a Medicina e um descomunal lucro num “casamento perfeito”. A conclusão, portanto, é imediata: a objetificação do paciente, por um espírito econômico contemporâneo visando assegurar o lucro.

Parafraseando o físico teórico Albert Einstein, é espantosamente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade. Para os materialistas tal fato não é pertinente, já para os antropocentristas deve-se considerar tamanha relação, mas há quem pense diferente: o médico humanizado, ao passo que sua análise terapêutica não se limita em tratar apenas a enfermidade, e sim o paciente que a possui, delimitando assim uma Medicina ética não objetivando os fins, e sim os meios. Todavia, a mentalidade capitalista que almeja o lucro altera a gênese moral e ética de certos profissionais de saúde, que ignoram sua missão única de salvar vidas em prol de interesses particulares. 

É evidente que se chegou num derradeiro ponto da história humana no qual até o próprio corpo vivo do indivíduo é materializado pela ótica capitalista, visando-se garantir um lucro futuro. Para tal ideologia, o ganho é fundamental, e se a Medicina abraça tal mentalidade, abrindo mão dos valores humanos, a visão holística desaparece, dando lugar ao livre mercado. Os médicos que antes atuavam como essenciais agentes de transformação social passam a ser meros serviçais da complexa rede de globalização capitalista. 

O “pai da Medicina”, Hipócrates, afirma que as forças naturais que se encontram dentro de nós são as que de fato curam as enfermidades. A necessidade intrínseca aos profissionais da Medicina de relacionar-se o ato da profissão ao objeto transformador da mesma, que seriam ao enfermos, é o que realmente os faz superar seus interesses lucrativos particulares.

É imprescindível, que instituições formadoras de futuros profissionais, a exemplo de faculdades públicas e privadas, incentivem a conscientização de seus estudantes a respeito da ótica e da influência do capitalismo em tal profissão, por meio de debates e palestras, visando formar doutores compromissados e determinados em salvar vidas.

 


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