Médico empreendedor: Como impactar 1 bilhão de pessoas?
*por Tadeu Ludwig
Essa é a pergunta feita aos candidatos da Singularity, uma parceria entre as gigantes Google e NASA. Apenas os que, aos olhos dessas duas empresas, tenham a capacidade de responder a essa pergunta estão aptos a passar dez semanas formando-se como "lideranças do futuro".
Obviamente, um processo seletivo menos desafiador não estaria de acordo com a grandeza destas empresas.
Se pararmos para pensar, a capacidade de impactar pessoas é uma característica corriqueira na prática médica. Somos desafiados diariamente a mudar a vida do paciente através de informações provenientes de uma conversa, acrescida de exames para formar um diagnóstico - que não raramente continua incerto mesmo com tantas informações - e, a partir deste, propor um tratamento. Essa é a regra na prática médica.
Agora, pare para pensar novamente... O que faz um empreendedor? Empreender, em uma definição bastante simplória, é fazer uma análise de mercado, aceitar o desafio e, através de um produto/serviço ofertado, impactar aquele bilhão de pessoas que a Singularity tanto busca. É fazer uma análise das próprias capacidades e também do mercado-alvo. "Do diagnóstico ao tratamento". Talvez nem todos empreendedores tenham a ambição de impactar 1/7 do planeta; porém, poucos negariam tal desejo.
Infelizmente, a prática empreendedora continua sendo um tabu dentro da área médica. Muitos ainda enxergam o médico como um profissional que deve estar disponível para a melhorar os panoramas em saúde na sociedade. E realmente é!
Porém, qual é a real barreira que impede que essa mudança seja feita a partir do empreendedorismo?
O contexto atual da saúde no Brasil deixa muito a desejar. Um sistema e a forma de governo atual na qual se gasta mais do que se arrecada, deixa uma margem interessante para que os pequenos, médios e até os gigantes do empreendimento possam oferecer serviços e produtos que levem uma saúde de maior qualidade para um maior número de pessoas. Em teoria (e também na prática), a base para a prosperidade de uma empresa é fechar o caixa com saldo positivo no final do mês. Essa lógica primordial, porém, não acontece no sistema público.
Como exemplo de inovação que, se bem implementada e gerenciada, pode impactar na vida de milhões de pessoas, deixo o exemplo de um jovem estudante de engenharia que incorporou dois dispositivos já existentes e uma estratégia de funcionamento em um projeto genial. Esse “simples” estudante de engenharia incorporou um desfibrilador a um drone. Em sua estratégia de funcionamento, a utilização desse dispositivo, que pode ser controlado à distância, pode reduzir em até 10 vezes o tempo para a chegada de um desfibrilador a um paciente em qualquer ponto de alcance.
Veja o vídeo:
Em suma, se um médico possui todas as características empreendedoras e a genialidade humana ainda não atingiu o seu limite, por que não utilizá-las para "impactar um bilhão de pessoas"?
Tadeu Ludwig do Nascimento – Presidente do Núcleo Acadêmico SIMERS (NAS), aluno do 6º ano da UFRGS.