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Mundo BANI e Saúde Corporativa – como ajudar as empresas a enfrentar a pandemia e seus desdobramentos

Mundo BANI e Saúde Corporativa – como ajudar as empresas a enfrentar a pandemia e seus desdobramentos
Amilton Cabral Jr.
mai. 28 - 6 min de leitura
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O mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) faz parte do passado. Desde abril de 2020, a pandemia (e o Jamais Cascio) cunharam o termo mundo BANI (Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível). Com uma mudança tão agressiva quanto às restrições de convívio social e das relações de trabalho desde março de 2020, é difícil não parar para pensar em soluções para melhorar a vida de todos.

Em um pensamento simples, segundo o autor, os componentes da sigla podem até sugerir oportunidades de resposta: a fragilidade pode ser enfrentada com resiliência e folga; a ansiedade pode ser aliviada por empatia e atenção plena; a não linearidade necessitaria de contexto e flexibilidade; a incompreensibilidade pede transparência e intuição. Essas podem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de que respostas possam ser encontradas. Mas sabemos que soluções para problemas complexos não são tão simples e as respostas sugeridas pelo autor trazem mudanças comportamentais não só para as pessoas, mas para as instituições.

"B" is for Brittle (fragilidade)

Pensando corporativamente na fragilidade e nas soluções propostas (resiliência e folga), uma depende de desenvolvimento do colaborador, mas a folga (“slack”) depende muito mais da empresa; hoje sabemos que o “Burnout” é um dos efeitos do mundo pós-COVID-19. Precisamos ter horas determinadas de trabalho, horas dedicadas à família e ao lazer. Não dá para, como li em uma publicação da Paula Braga, colocar que “Cheguei ao meu limite. Não dá mais para ter essa vida louca, com trabalho infinito. Eu também sou um ser humano! Por isso, tomei uma decisão: Faça chuva, ou faça sol, às 11 da noite eu vou desligar meu computador” não é um limite razoável. Não podemos transformar o home office em trabalho infinito. Saúde mental é fundamental, pausa para reenergizar é parte do processo de entrega do trabalho, dormir é indispensável.

"A" is for Anxiety (Ansiedade)

A ansiedade é o grande mal da pandemia. Ansiedade é a resposta natural ao estresse. Ficar cronicamente em um estado de lutar ou fugir, com o corpo inundado de cortisol, com açúcar alto no sangue, supressão do sistema digestório, reprodutivo e processo de crescimento, além de alterar o sistema imunológico (tão necessário em uma pandemia viral). Além disso, alterações no cérebro nas partes que coordenam o humor, o medo e as motivações. Para piorar, ganho de peso (que é um fator de risco para o COVID-19). A falta de adaptação ao “novo normal” que, como diz aquela rádio, “em 20 minutos, tudo pode mudar”, mostra nossa inadequação. Somos seres sociais, precisamos de contato, atenção, ver, ouvir e tocar. Empatia e atenção plena podem ajudar sim a reduzir a ansiedade, mas um psicólogo e um psiquiatra podem ajudar a encontrar um equilíbrio dentro de toda essa incerteza.

"N" is for Non-linear (Não linear)

A não linearidade é a parte em que a empresa é mais demandada que o colaborador. A falta de contexto e flexibilidade dependem muito mais do que a empresa está disposta a abrir mão do que o empregado está em condição de fazer. Como vimos, impor um limite de entrega até as 23 horas não faz sentido se você começa às 5 da manhã, mas quem sabe para aquelas pessoas notívagas possa ser uma mudança de paradigma? Entender o que está se passando na cabeça da liderança da empresa com transparência (olha mais uma interseção aí) e com contextualização é necessário. Empregos estão deixando de existir, novos empregos não estão sendo criados na mesma velocidade – e isso é mais uma incerteza na vida de quem não sabe como seu líder pensa.

"I" is for Incomprehensive (Incompreensível)

Fechando a quarta letra do nosso novo mundo, a incompreensibilidade é uma das grandes vilãs desse planeta. Não compreender a gravidade do que está acontecendo, menosprezar a ciência, os fatos e os dados colocados a todo o tempo, chamar de gripezinha, falar mal de vacinas e achar que usar medicamentos sabidamente ineficazes faz parte de autonomia médica (que é definida no Código de Ética Médica como podendo ser usada para tratamentos cientificamente reconhecidos) são pontos que mostram a incompreensão do que está a nossa volta. Como outra interpretação, podemos ver que as pessoas não compreendem as outras pessoas com quem convivem – o que gera estresse, cortisol e ansiedade. Como dissemos, a transparência é um papel das empresas, mas também é um papel do colaborador. Não existem super-humanos. Precisamos ser transparentes quanto aos nossos limites, por mais que nos doa e nos amedronte. A nossa intuição, que é a habilidade de aprender sem usar o raciocínio consciente, é necessária nesse mundo de racionalizações que causam estresse. E, mais uma vez, a psicologia e a psiquiatria podem nos ajudar.

Tudo em nossas vidas, em nossos sistemas, desde a forma como trabalhamos, compramos e as conexões que temos com amigos, famílias e colegas, todos esses sistemas sofreram mudanças radicais e deverão sofrer mais ainda. Fundamentalmente, completamente e até dolorosamente, como o Jamais bem colocou. BANI é o novo VUCA? Não temos como saber ainda, mas podemos afirmar que “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”.

*texto originalmente publicado no LinkedIn e trazido para a Academia Médica.

 

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