No crescente desafio do envelhecimento populacional, a abordagem ao cuidado dos idosos precisa ser constantemente aprimorada. Dentre as estratégias disponíveis, destaca-se a implementação de práticas que já demonstraram eficácia em outros sistemas de saúde.
Neste sentido, chamamos atenção para o guia "Six Steps to Better Care for Older People" (Seis Etapas para um Melhor Cuidado para Idosos), produzido pela parceria entre o projeto Getting It Right First Time (GIRFT) e a British Geriatrics Society (BGS) do Reino Unido.
O guia propõe seis etapas críticas para otimizar o cuidado dos idosos, desde a detecção da fragilidade até a integração com a atenção primária e cuidados comunitários.
No entanto, sua aplicabilidade no contexto brasileiro exige reflexão e adaptações. Convidamos, então, os profissionais de saúde, diretores técnicos hospitalares e times de qualidade do cuidado a conhecerem e refletirem sobre esse documento, disponível na íntegra neste link.
- A primeira etapa proposta pelo guia é a avaliação da fragilidade em todos os contextos, utilizando a Escala de Fragilidade Clínica (CFS, na sigla em inglês).
- Esta medida é um desafio em nosso sistema de saúde, que ainda enfrenta dificuldades na identificação sistemática da fragilidade, mas abre espaço para a criação de estratégias que permitam essa identificação de maneira mais eficiente e precoce.
- A segunda etapa envolve a prevenção de complicações, como delirium e descondicionamento físico hospitalar.
- O guia destaca a importância de políticas hospitalares claras para mitigar esses problemas. Como estamos lidando com essas questões nos hospitais brasileiros? Será que as nossas políticas são claras e efetivas?
- A terceira etapa baseia-se no princípio "Home First" (Casa Primeiro), indicando a necessidade de iniciar o planejamento de alta o mais rápido possível após a admissão.
- Este ponto é particularmente desafiador em nosso contexto, onde os obstáculos para o desfecho da alta são frequentemente inúmeros e complexos.
- A quarta etapa propõe a criação de um serviço de ligação cirúrgica baseado em evidências, focado em melhorar os resultados para idosos.
- A quinta etapa enfatiza a necessidade de efetiva reabilitação recuperativa para idosos em todos os setores hospitalares e serviços comunitários vinculados. Por fim;
- a sexta etapa realça o papel da atenção primária e dos cuidados comunitários no suporte à permanência dos idosos em suas residências habituais.
Vemos que muitos desses pontos requerem ajustes e transformações em nosso sistema de saúde. Porém, o debate sobre essa adequação é fundamental para proporcionar um cuidado cada vez melhor aos nossos idosos.
Após os resultados do senso de 2023, fica evidente o caminho do Brasil em se tornar uma nação mais idosa, entretanto, a formação dos profissionais (ainda criamos mais pediatras do que geriatras, por exemplo) e a conturbada transição econômica e cultural dos modelos de negócio de saúde, clamam por um outro olhar, buscando qualidade em saúde para todos, principalemnte para os idosos.
Uma das abordagens para criar as soluções é o Service design e capacidade que o design thinking tem de entregar soluções inovadoras, não dispendiosas e desejáveis por todos. Muito legal promover essa inteligência e legados para o sistema de saúde, como, nós da Academia Médica estamos constantemente fazendo pelo projeto Legados ou pelos projetos de consultoria e educação corporativa.
Mais do que isso, essa transição, para se tornar menos caótica, precisa de pessoas engajadas e com vontade de criar soluções efitivas. Nesse caso, esse caminho começa a ser trilhado com a apreciação desse documento que o NHS lançou e que você pode discutir aqui conosco. Aproveite!
Para saber um pouco mais da atividade da Academia Médica em nível corporativo, acesse:
Leia também:
Referência:
Getting It Right First Time. (2023). Six Steps to Better Care for Older People. https://gettingitrightfirsttime.co.uk/wp-content/uploads/2023/06/GIRFT-BGS-Six-Steps-to-Better-Care-for-Older-People-FINAL-V1-June-2023-1.pdf