Olhamos deveras e nos preocupamos com a posição do médico e da medicina no cenário atual. É importante? – Sim. Mas é a coisa mais importante? – Penso que não. Acredito que o direcionamento seja mais importante que o posicionamento. Falando de outra forma: direção é mais importante que velocidade.
Começarei compartilhando uma pequena história real e pessoal omitindo nomes, para ilustrar minha angústia atual.
No ano de 1993 ainda na faculdade de Medicina em Pernambuco, em conversa com dois outros colegas de classe, um deles me revelou algo novo: "– Está acontecendo uma coisa fantástica aqui no LIKA (Laboratório de Pesquisa Básica Multiárea na UFPE). Através dos computadores conseguimos conversar com outros colegas, de outras universidades através de mensagens de texto como se fossem cartas, e o pessoal está chamando de e-mail. Me falaram que é uma coisa que vai avançar muito no futuro, essa troca de informações pelos computadores em rede mundial". Um terceiro colega que estava junto sancionou: "– Isto não vai colar!"
Do que estávamos tratando? Do início da internet...
Conclusão por analogia. É melhor para nós, como médicos, olharmos para diante, pensando no futuro da medicina, em como esta será executada, como será aprendida, na inserção do médico e da tecnologia médica neste novo cenário. Um assunto bem atual em que muitos se detêm é a incorporação pela área médica de toda tecnologia disponível (em equipamentos e em software).
Estamos na era da internet industrial. Ela une máquinas inteligentes, análise computacional avançada e trabalho colaborativo conectado entre as pessoas, que tem como filha a medicina. Não conseguiremos impedir que a evolução avance. Ou evoluímos juntos ou seremos individualmente extintos por um novo médico e por uma nova medicina “sapiens”.
Atenção para revolução tecnológica que nasce, a tal medicina 4.0
Do editor: As ideias presentes nesse texto podem ser aprofundadas no livro Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, escrito por Yuval Noah Harari.