O QUE FAZER EM UM ACIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS
por Fernando Carbonieri
No dia 02 de abril de 2013 um ônibus despencou de um elevado na Avenida Brasil no Rio de Janeiro. O resultado de um acidente desse tamanho foram 7 mortes e 11 feridos.
Um acidente dessas proporções exige ação rápida e extremamente coordenada das equipes pré-hospitalares que devem ser preparadas para prestar socorro a um Acidente com Múltiplas Vidas - AMUV. Atitudes e decisões rápidas devem ser tomadas. O protocolo do ATLS para AMUV é muito claro quanto a triagem, estratificação de riscos, áreas de atendimento, prioridades de remoção e medidas de ação.
Infelizmente não vemos esse tipo de preparação em grande parte dos grandes acidentes. No caso desse último do Rio de Janeiro, não foi possível visualizar nas fotos consultadas a presença de uma equipe para cada estratificação de risco. Os helicópteros estavam lá, os bombeiros estavam lá, médicos e socorristas estavam lá, mas não enxerguei a organização necessária para atender o Caos gerado pelo acidente. Se alguém presenciou ou viu o contrário, por favor me corrijam. Acredito que nas cidades menos organizadas, tal situação deva se repetir.
Em Curitiba ( cidade onde morova) tivemos em 2010 um acidente envolvendo um ônibus. Na época, tive a felicidade de verificar como um AMUV funciona. A ação envolveu 12 ambulâncias, 2 helicóptero, corpo de bombeiros (SIATE) e SAMU. No local do acidente, enquanto bombeiros traziam os pacientes para os locais designados para cada paciente pelo médico do trauma, o médico e sua equipe de cada local manejava, liberava, escalonava ou descalonava o risco de cada um que ali entrava. Nessa ocasião também não observei as lonas coloridas que identificam qual o risco e prioridade dos pacientes que ali estão. Os três hospitais de Trauma da cidade receberam esses feridos e davam seguimento ao tratamento. O resultado foi uma morte e 15 feridos. O ônibus em questão carregava em torno de 70 pessoas.
Possivelmente os acidentes em si não possam ser comparados, porém as ações por parte das equipes de resgate devem ser as mesmas. Não sei se depois de 3 anos, Curitiba está preparada para uma ação desse tipo. Aqui, como no Rio, teremos Copa do Mundo. Seria prudente preparar os que estarão de plantão nesse grande evento para ocasiões como essa para não fazer feio se algo ruim acontecer.
Algumas iniciativas governamentais e acadêmicas tem tido sucesso em instruir a enorme gama de profissionais necessários para gerir e garantir uma maior possibilidade de vida para aqueles que sofreram tais agravos. Nesse ponto gostaria de saber o porque não foi seguido a risca o protocolo que é ensinado no AMUV. Apesar disso, acho que as iniciativas para deixar claro o que fazer na hora de um acontecido como esse para os profissionais envolvidos são de extrema importância. É o casso da LATE-UFRJ, uma liga acadêmica da federal do Rio de Janeiro que promove discussões e AMUV simulados para seus ligantes. Confira o texto abaixo, enviado por um dos integrantes da liga, Lucas Goes.
Em situações extremas, ter o conhecimento sobre como proceder é o que faz a diferença para salvar vidas
por LATE - UFRJ
A cena de um acidente de múltiplas vítimas caracteriza-se por uma oferta de recursos para o socorro abaixo da necessidade de todas as vítimas. Nesse momento, é fundamental contar com pessoas munidas não só de gazes e talas, mas de conhecimento.
Nessa perspectiva, as vítimas têm seu futuro pré-determinado por aqueles que, chegando ao local do acidente, prestarão os primeiros atendimentos e chamarão a emergência. Dessa forma, esses conhecimentos básicos não devem ser propriedade exclusiva de acadêmicos, porém, de todas as pessoas.
Pensando nessas questões, a Liga Acadêmica de Trauma e Emergência (LATE-UFRJ) visa tanto o ensino acadêmico como a prática e a extensão à sociedade. Objetivando, assim, formar profissionais aptos tanto a atender a população como, também, multiplicar conhecimento com a mesma.
Nesse sentido, em um país como o Brasil, no qual a violência urbana e os acidentes de transito matam mais do que as doenças coronarianas, é fundamental incentivar a transmissão de aprendizado sobre primeiros socorros para a população e atendimento especializado entre os acadêmicos da área de saúde.
Fica claro, portanto, que o atendimento a múltiplas vítimas é de fundamental importância enquanto houver pessoas morando em áreas de risco, indivíduos dirigindo de forma irresponsável e todos os problemas oriundos de uma urbanização mal planejada. Assim, também deve-se conscientizar a população de que medidas preventivas salvam vidas. Com isso, conseguiremos mudar nosso presente em prol de um futuro com a saúde atingindo todas as áreas do indivíduo.
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