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O trabalho de um médico é difícil e sagrado

O trabalho de um médico é difícil e sagrado
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ago. 21 - 4 min de leitura
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O texto a seguir é um belo relato de uma experiência que um clínico estadunidense teve com um de seus pacientes em seu momento de morte. Esta história emocionante nos faz relembrar o motivo de nos dedicarmos tão vigorosamente para a profissão que escolhemos. Confira o texto a seguir:

No mundo cada vez mais tecnológico, orientado por dados e despersonalizado dos cuidados de saúde de hoje, eu me pergunto se o conceito de "uma boa morte" é mesmo possível. A pandemia COVID-19, em particular, me fez refletir sobre isso. Com o que se parece? Como você define isso? Quando o fiz, um paciente me veio à mente. Ele era um ministro aposentado em seus 80 anos. Também cuidei de sua esposa até ela morrer alguns anos antes. Ele sentia muita falta dela e ansiava por estar com ela novamente.

Ele tinha seus próprios problemas de saúde significativos - cardiomiopatia isquêmica grave com fração de ejeção do ventrículo esquerdo inferior a 10% e aneurisma da aorta abdominal de 10 cm. Qualquer um dos dois o mataria, e ele vivia sabendo que poderia morrer a qualquer momento. A cirurgia não era mais uma opção. Apesar disso, ele viveu cada dia em sua plenitude e sempre cheio de alegria. Frequentemente conversamos sobre como seria sua morte. Uma coisa era certa; ele estava em paz com isso porque sabia que estaria com Deus e com sua amada esposa.

Lembro-me vividamente de receber o recado do departamento de emergência quando estava fazendo as visitas de rotina em uma manhã: “O reverendo X acabou de ser trazido pelo serviço de emergência. Seu aneurisma rompeu, mas ele ainda está alerta e quer ver você.”

Fui imediatamente ao departamento de emergências e o encontrei deitado na cama, surpreendentemente alerta e orientado. Ele nunca reclamou de dor. Quando fiquei ao lado dele, segurei sua mão e olhei em seus olhos, vi uma calma, uma paz que nunca tinha visto em outra pessoa. Ele falou em não ter medo. Em vez disso, ele disse que estava pronto para ver seu Deus e sua amada esposa. Como sua pressão arterial continuou a cair, ele me agradeceu por meus anos de cuidado e por meu "coração ouvinte". Em lágrimas, oramos juntos e, minutos depois de terminar, ele perdeu a consciência e morreu em paz.

Foi “uma boa morte”. Enquanto me afastava, minha mente tentava processar o que acabara de vivenciar, lembrei-me de como fui privilegiado por ter feito parte da vida desse homem e agora de sua morte e apenas por causa do "relacionamento sagrado" entre um médico (ou outros profissionais da saúde) e seu paciente. Temos permissão para entrar no lugar mais sagrado de todos - aquele tempo entre a vida e a morte, quando “a respiração se torna ar” e nada mais importa. Talvez momentos como este o lembre a diferença que você faz na vida de seus pacientes.

           Seu trabalho é árduo, mas é sagrado.

Ao nos depararmos com um relato tão belo e gratificante, podemos cada vez mais nos relembrar do porquê escolhemos a profissão na qual seguimos. Nem toda a tecnologia do mundo fará desnecessária o calor de uma relação humana, principalmente uma boa relação médico paciente.

 

Gostou desse depoimento? Conte para a gente situações similares e exponha suas considerações nos comentários.

 

Andy Lamb é Diretor Médico na Oak Street Health, Burlington, Carolina do Norte. Seu artigo original pode ser acessado clicando aqui, ou acessando o site:  https://www.kevinmd.com/blog/2020/08/a-physicians-work-is-hard-and-it-is-sacred.html

 


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Tradução livre realizada por Diego Arthur Castro Cabral


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