A pandemia desencadeada pela COVID-19 forçou o mundo inteiro a diversas medidas de distanciamento social, e com a pesquisa científica e clínica não foi diferente. Nos primeiros meses da pandemia, a pesquisa médica foi radicalmente interrompida por razões de biossegurança. Desta forma, a pesquisa como um todo teve que se remodelar e criar alternativas para manutenção dos estudos, bem como a manutenção da assistência aos doentes, um exemplo disso é o telemonitoramento.
O monitoramento remoto de pacientes ou telemonitoramento visa melhorar o atendimento ao paciente por meio de dados relacionados à saúde transmitidos digitalmente. Isso permite a detecção precoce da descompensação e intervenção da doença, educação do paciente e melhora da relação médico-paciente.
A pandemia acelerou a pesquisa científica com metodologia on-line
A pandemia acelerou uma mudança em direção aos métodos de pesquisa digital e remota que tornam a participação dos pacientes mais fácil e a coleta de dados mais eficiente para os cientistas. Em diversas disciplinas, os projetos de estudo estão sendo reformulados para levar o estudo ao paciente, e não vice-versa. Os pesquisadores também esperam mostrar que os processos lentos, que há muito desencorajam as pessoas de participarem de pesquisas de ponta, podem ser otimizados com segurança para uma era pós-pandêmica.
José Baselga, chefe de pesquisa oncológica da empresa farmacêutica AstraZeneca, vê a COVID-19 como um catalisador para mudanças de longo alcance na pesquisa do câncer.
Os estudos costumam exigir visitas e exames supérfluos ao hospital, diz ele.
Baselga acredita que confiar mais no monitoramento remoto da frequência cardíaca, respiração e outras sinais vitais, junto com relatórios transmitidos diariamente pelos pacientes sobre sua dor, apetite e sintomas, será não apenas mais conveniente, mas mais seguro.
“Em vez de esperar que eles apareçam no pronto-socorro descompensados e com dor, podemos intervir antes disso”
O incentivo a adoção de ensaios clínicos remotos não só se apresenta como uma alternativa válida de captação e utilização de dados no contexto atual da pandemia, como se mostra uma forma mais segura tendo em vista a possibilidade de se obter informação sem um contato direto com o paciente. Além disso, podemos otimizar a dinâmica de coleta de dados através de uma ferramenta muito comum hoje em dia que é o smartphone.
Levando em consideração esses aspectos é possível abranger e incentivar um maior grupo de participantes a aderir às pesquisas científicas, aumentando sua validade científica e os seus benefícios para a população estudada.
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Referências
- FARIAS, Frederico Arriaga Criscuoli de et al. Remote patient monitoring: a systematic review. Telemedicine and e-Health, v. 26, n. 5, p. 576-583, 2020.
- GAUDINO, Mario et al. Effects of the COVID-19 Pandemic on Active Non-COVID Clinical Trials. Journal of the American College of Cardiology, v. 76, n. 13, p. 1605-1606, 2020.
- Wallis, Claudia. “COVID Has Pushed Medical Research into Remote Trials, Benefiting Patients and Scientists”. Scientific American, doi:10.1038/scientificamerican0521-24. Acessado 28 de maio de 2021.
Conteúdo elaborado por Diego Arthur Castro Cabral.