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Cold War da produção científica na medicina

Cold War da produção científica na medicina
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jul. 10 - 4 min de leitura
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Cold War da produção científica na medicina

por Jose Eduardo Carvalho Teixeira

Após alguns meses afastado da escrita, dou continuidade às críticas aos métodos que permeiam o ensino médico atual. Quando comecei o curso de medicina, pairava sobre minha mente uma visão orgânica-singular do homem, ou melhor, das doenças. Entrei na medicina para tratar doenças e não pessoas doentes. Contudo, rapidamente fui introduzido ao caráter biopsicossocial dessa ciência (graças a deus!!!), o qual claramente disputa lugar com o inflexível método de medicina baseada em evidência.

Inicialmente tentei ignorar esse fato (da medicina biopsicossocial) e focar no processo de saúde-doença descrito nas extensas páginas dos livros; até que um colega meu, formado em economia, disse uma frase que jamais irei esquecer: “eu não me considero um economista, mas sim um crítico da economia, porque apesar de conhecer a dinâmica dessa área da ciência, existe um fator imprevisível e que pode alterar tudo em qualquer momento: o homem”. Fiquei refletindo sobre isso durante um bom tempo, e vi que a palavra economia poderia ser facilmente substituída pela medicina, de forma que conhecer o homem é uma condição sine qua non para a boa prática do ato médico.

Paralelamente fui “gentilmente” apresentado à medicina baseada em evidência, um método interessante, mas que funciona como um álibi para a testilha dos lattes (o que não deveria ocorrer). Sim… testilha, batalha, duelo, formula 1, competição, contest ou sei lá como queira chamar, o importante pra essa “galera” é publicar.  Daí você abre o pubmed com um “mundo de evidências”; evidências de quanto o ser humano pode ser energúmino a fim de alimentar seu ego, no caso o seu lattes. E o pior, isso tudo faz parte do que é “exigido” pela comunidade científica para ser um “bom” médico.

Na realidade, atualmente cada vez mais, o lattes virou um parâmetro para avaliar se o sujeito é bom o ruím, o que é muito triste porque o ato médico está reduzido ao ISI web, etc…Para piorar a situação, os estudantes são praticamente compelidos, cada vez mais, a publicar, publicar, publicar, publicar… não importa se existem 987654321 trabalhos já realizados sobre o tema, o importante é PUBLICAR.

Destarte esse contexto, aparecem os insidiosos organogramas que ostentam cada vez mais o médico robô. Ora, para seguir organogramas basta um computador; não são necessários 6 anos de faculdade.. Cadê a visão crítica minha gente?

Voltando ao início do texto, me sinto hoje em um cabo de guerra acadêmico ou uma espécime de guerra fria: de um lado a “galera” do lattes e do outro a medicina biopsicossocial, de forma que o ESSENCIAL é saber conciliar ambos para o avançado da medicina humana e cada vez mais aliada a tecnologia, contudo isso parece tããão dificíl atualmente, principalmente mediante a adoção do fordismo, por parte do nosso governo, para abertura das faculdades de medicina.

Desejo sorte aos meus colegas que batalham árduamente para compreender e apreender as facetas da medicina, integrando-as em busca de tratar seres humanos… Cansei de críticas por hoje (isso porque eu nem comecei falar dos médicos do insta, rsrsrs…).

Abraços e boa semana,

Jose Eduardo Carvalho Teixeira graduou-se no ensino-médio na Wichita East High School, onde foi convidado a participar do programa Youth Court desenvolvido pelo Wichita Crime Commission, figurando como conselheiro durante um ano. Atualmente cursa medicina na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora. É membro diretor da Liga de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular.


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